Capítulo 8 - Somebody to Die For

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"Eu não preciso dessa vida, eu só preciso de alguém por quem morrer"

Título por: Hurts

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Stella

Aparentemente, Hadia tinha razão quanto a Lucian ter entendido a estranha profecia. Isso porque ele me levara do acampamento cigano diretamente ao aeroporto de Roma, assim que nos despedimos da cigana. Nosso destino me deixara completamente desnorteada, no entanto. E com frio. "Lucian... o que é que nós viemos fazer nos Himalaias?"

Para minha enorme surpresa, ele riu. "Cumprindo o destino que uma cigana previu para nós, Stella. Nós estamos... Buscando a chave da liberdade com aqueles que prendem e... subindo até o topo para conseguir chegar às profundezas." Ele suspirou, todos os traços de humor desaparecidos. "É loucura, se quer saber. Nunca imaginei voltar a esse lugar, o que provavelmente quer dizer que a Ordem também não imaginou isso. Mas nós estamos indo para o mosteiro em que eu passei os últimos três anos da minha vida, Stella."

Fiquei em silêncio por um tempo, chocada demais para responder. "Onde você esteve pelos últimos três anos?!" Ele assentiu, aumentando minha confusão. "Mas então... Ir até esse mosteiro seria o mesmo que desistir de tudo! Você vai se entregar a eles?!"

Em um movimento rápido demais para que eu compreendesse, Lucian me puxou para perto. Por mais que não quisesse, minha reação natural foi relaxar em seus braços. "Confie em mim, Stella. Esses monges... eles não são como os outros. Eles pertencem a uma divisão da Ordem que não responde a ninguém. O trabalho deles é proteger o Agnus e fazer a preparação final para o ritual. Eles não dão a menor importância para o que o resto da Ordem pensa sobre mim. E o Mestre que mora lá... tenho quase certeza de que ele é um dos dois homens que vão nos guiar."

Mil coisas passaram pela minha cabeça, mil hipóteses de como aquele plano poderia dar errado. Mas Lucian me pedira para confiar nele. Não havia pensamento racional que fosse capaz de fazer com que eu não aceitasse seu pedido. "Eu confio em você, Lucian." Confiaria em você mesmo que estivesse me levando para a morte certa. Guardei o complemento da frase para mim, contentando-me em segui-lo pela trilha estreita que começava ao pé de uma daquelas enormes montanhas.

Acompanhamos a subida íngreme da trilha por mais de uma hora, em um silêncio confortável. Eu estava prestes a pedir que fizéssemos uma parada para descansar quando percebi, pelo rosnado baixo de Jesse, que não estávamos sozinhos. Sentado sobre uma pedra alguns metros mais à frente, um homem vestido com os trajes que, eu sabia, eram tradicionais aos monges tibetanos nos observava atentamente.

Lucian sorriu ao perceber nossa companhia, mas pude perceber que o gesto foi forçado. "Dewei. Faz algum tempo desde a última vez que nos vimos, não?"

O monge inclinou a cabeça em um sinal de respeito, mas não sorriu. "Lucian Agnus. Antes de chegar até aqui eu ouvi os rumores de que você quebrara as regras, mas não achei que pudesse realmente ser ingênuo a ponto de se envolver com uma mulher." Senti a tensão que Lucian tentava disfarçar pelo tremor sutil da mão que ele colocara em minha cintura. "Mas pelo visto o Mestre não vê problemas, então... Bem vindo de volta."

O alívio tomou conta de mim, mas aparentemente o sentimento não foi compartilhado por meus companheiros. Jesse não parara de rosnar desde que percebera a presença de Dewei, e a postura de Lucian parecia cada vez mais tensa enquanto ele me guiava adiante.

O monge olhava fixamente para mim, mas era claro que se dirigia ao homem ao meu lado. "Um aviso, Agnus: os monges daqui podem ser mais complacentes com você, mas eu não vou, em hipótese alguma, permitir que você estrague o destino. Nem você, e nem a garota."

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