Capítulo 9 - The Climb

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"Não é sobre o quão rápido chegarei lá, não é sobre o que me espera do outro lado, é a escalada"

Título por: Miley Cyrus

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 Lucian

Como estratégia para que Dewei não desconfiasse do que planejávamos, Stella, Mestre Cheng e eu, sempre com a companhia inescapável de Jesse, deixamos o mosteiro em absoluto silêncio, às duas e meia da madrugada. Não havia um só monge que não estivesse dormindo profundamente, o que nos garantiu que não seríamos seguidos. Levamos conosco as roupas que havíamos trazido do Brasil e alguns quilos do preparado especial dos monges, que deveria ser suficiente para nos manter alimentados por no máximo três meses, com economia e um pouco de sorte. O grande problema era o fato de eu desconfiar que talvez nossa viagem fosse um pouco mais longa.

Mesmo sentindo que estávamos aceitando uma missão suicida, procurei parecer esperançoso. Eu não podia deixar que Stella percebesse o medo profundo que eu tinha daquela jornada, não quando ela estava disposta a arriscar qualquer coisa para fazer aquela loucura dar certo.

O Mestre nos levou do acampamento ao sopé de uma das montanhas mais altas, onde começava uma trilha estreita e íngreme que conduzia encosta acima. Era aquele o nosso caminho. Com um suspiro que passou despercebido, encoberto pelo latido animado de Jesse, iniciei a subida.

Stella

Em minha opinião, a velocidade de nossa subida, pelo menos naquela parte inicial, foi impressionante. Mantivemos um ritmo constante que nos cansava pouco, mas tinha um bom rendimento. Fiquei surpresa, quando a luz do dia finalmente foi suficiente para que víssemos mais que nossas próprias silhuetas e o caminho a nossos pés, ao ver que a pequena vila que ficava em volta do mosteiro se reduzira ao tamanho de uma maquete, e que não era mais possível distinguir as formas dos monges que começavam a acordar. Em apenas algumas horas, subíramos muito mais alto do que eu poderia esperar.

Minha esperança de que conseguiríamos encontrar rapidamente a tal Porta da Rosa aumentou com a constatação da distância que já havíamos percorrido. Olhando para Lucian, no entanto, suspeitei de que talvez estivesse subestimando a jornada que tínhamos pela frente. Desde que deixáramos o mosteiro, ele estivera fingindo animação, provavelmente para me poupar, mas era claro para mim que ele estava muito preocupado. Na verdade, ele parecia estar com medo, e aquilo era suficiente para me deixar um pouco temerosa também. Ele provavelmente sabia muito mais que eu sobre o que nos aguardava.

Cheng

As emoções do casal que caminhava ao meu lado montanha acima não poderiam ser mais opostas. Enquanto a garota, ingênua, parecia ficar mais esperançosa a cada metro percorrido, o homem que eu estava feliz em não ter que matar tentava sem sucesso esconder o medo. Eu, contudo, estava somente calmo, como sempre.

Eu sabia que o caminho que aqueles dois teriam que percorrer seria muito difícil, mas minha fé era grande o suficiente para ter a certeza de que eles conseguiriam. Afinal, se eu mesmo um dia chegara a encontrar a Porta da Rosa, embora não pudesse abri-la; com certeza aqueles que haviam sido escolhidos pelo Grande Mestre seriam capazes de atravessar os corredores além dela com segurança.

Lucian

Durante a primeira semana daquele trajeto que me assustava, comecei a encontrar motivos para manter pelo menos um pouco de esperança. Isso foi uma consequência da diminuição de uma das minhas preocupações. Conforme subíamos, eu percebi que na muralha de pedra sempre ao nosso lado corriam vários cursos de água, quase como calhas esculpidas naturalmente. A frequência desses cursos d’água parecia aumentar com a altitude, então eu imaginava que não teríamos que nos preocupar com a possibilidade de morrer de sede, pelo menos até entrarmos pela Porta.

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