Marcado

Capítulo 11 - Esperança

Dedicado à pessoa irritante ^^^^ que passou quase uma semana me pressionando pra postar esse capítulo :P

"Sonhar, viver e todo dia agradecer, e rezar pra você ser a última a morrer, Esperança"

Título por: Aliados

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Stella

“J-Jesse?”

A risada que encheu a sala em que estávamos apagou qualquer traço de dúvida que ainda houvesse em minha mente. O som era tão primal e selvagem, tão canino, que o absurdo daquela ideia transformou-se em obviedade. Não interessava como, mas aquele homem realmente fora um cachorro até poucas horas antes. “Devo admitir que gosto mais do nome que você me deu que do verdadeiro, então... Sim, Stella. Jesse.”

Lucian passou um braço ao redor de minha cintura, e eu me senti como se aquilo fosse a única coisa me impedindo de enlouquecer de vez. O fato de que eu passara os últimos dez anos vivendo com um homem foi suficiente para me deixar sem palavras. Meu namorado parecia não ter o mesmo problema. “Como isso é possível?”

Aqueles olhos que me deram a confirmação de quem ele era se voltaram para Lucian, e Jesse inclinou a cabeça para o lado em um gesto tão familiar que me assustou. “É possível porque sou eu Agnus. Gonen, o Custos, a seu dispor. Mas podem continuar me chamando de Jesse. Minha missão aqui é proteger a Spes a qualquer preço e garantir que a missão de vocês seja cumprida. Sou eu o último homem da profecia.”

Foi só então que eu me recuperei do choque o suficiente para voltar a participar da conversa. “Sua missão é me proteger?! Eu... sinceramente, eu não estou entendendo mais nada.” Meus olhos se fecharam sem meu consentimento.

De repente, nem a presença de Lucian ao meu lado era capaz de me manter calma. Eu sentia o controle sobre mim mesma desaparecer aos poucos, até que uma mão diferente tocou meu braço, e a lucidez voltou. Abri os olhos para ver Jesse muito mais perto do que eu esperara; suas mãos em meus ombros impedindo que eu desabasse. “Há um motivo para eu ser um cão, Spes. Eu sou o seu protetor. Você já sabia disso, Stella. Não deixe que minha forma humana mude seu pensamento. Não posso mantê-la por muito tempo, de qualquer modo.”

Lucian franziu a testa, confuso. “Como assim, não pode mantê-la? Jesse... o que está acontecendo aqui?” Sua voz deixava claro que ele tinha sua teoria de resposta para aquela pergunta, mas não estava disposto a admiti-la... ainda.

Meu Protetor deu um sorriso assustadoramente canino ao responder. “Ah, Agnus, eu acho que você sabe o que está acontecendo aqui. Você já ouviu lendas sobre o ritual o suficiente para saber o que a espada significa. Mas, para o benefício da nossa protegida, eu vou explicar.”

Lucian assentiu, tenso. Eu não reagi. Não achava mais ser capaz de qualquer reação. “O ritual de quebra do Ciclo não é fácil, e muito menos indolor. O sangue do Agnus e da Spes deve ser unido e derramado em um local sagrado, e...”

Não deixei que ele continuasse. A menção de derramamento de sangue me fez voltar ao controle de minhas funções motoras. “Nosso sangue deve ser derramado?! Que loucura é essa, Jesse? Eu achei que tudo isso fosse para manter Lucian vivo, e não para achar um jeito diferente de matá-lo!”

Jesse negou com a cabeça. “Nunca disse que vocês teriam que morrer, Stella. Falei que devem derramar seu sangue em local sagrado. Um corte na mão seria mais que suficiente.” Suspirei de alívio, mas sua expressão fez com que aquele sentimento me abandonasse em questão de segundos. “Como eu ia dizendo...” Ele apoiou a mão sobre o punho da espada às suas costas – aquela para a qual eu estava evitando olhar, já que ela me causava arrepios. “Esta é Gladio Anima, a Espada das Almas. É a única arma que pode ser usada pelos Enviados para tirar vidas. A única lâmina que não matará o Agnus quando ele tentar usá-la. É a única chance de vocês.”