"Onde está você? E eu sinto muito."
Título por: Blink-182
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Lucian
Sua história não podia ser real. Aquilo não podia ser mais que um sonho. E, no entanto, eu sentia o sangue deixar meu rosto lentamente enquanto ela falava. Algo em mim tinha certeza de que ela realmente vira o futuro, mesmo que fosse impossível. Eu só tinha uma opção de futuro. Sempre soubera disso. A sugestão de esperança que ela me dava não podia existir. Então eu fiz a única coisa que achei que podia. Fugi da pergunta escondida em sua narrativa. Mantive a esperança longe de mim. Fiz o que fora treinado para fazer.
Suspirei ao me levantar da cama, estendendo-lhe a mão com um sorriso hesitante. "Venha. Já fiquei com você tempo demais... logo vão começar a achar que a sequestrei ou algo assim. Vamos; eu deixo você em casa." Percebi que ela se entristeceu com minhas palavras, mas preferiu fazer o que eu dissera. Queria poder fazê-la sorrir novamente, mas não podia. Eu não podia deixar que ela se aproximasse de mim. Eu não podia ter amigos, não tinha o direito de me apaixonar. Sabendo o destino que me aguardava, seria injusto com ela. Eu tinha que me afastar.
Stella
Paramos à porta do meu prédio. Eu não queria que ele fosse. Tinha um pressentimento de que se eu permitisse que ele me deixasse, mesmo que por um momento, algo terrível aconteceria. Sentia que nunca o veria outra vez. A ideia fez meu coração se apertar, e antes que me desse conta as palavras que eu hesitava em dizer deixaram meus lábios. "Você não quer subir?" senti o sangue subir ao meu rosto quando percebi o possível significado de minhas palavras. "Quer dizer... você me levou para a sua casa. O mínimo que eu posso fazer é lhe mostrar a minha."
Emoções conflitantes passaram por seu rosto por um momento, e então seus olhos endureceram, esvaziando-se de emoção. Um arrepio passou por meu corpo àquela expressão. Ele balançou a cabeça devagar, e eu tive certeza de que o Lucian frio, o Lucian dos outros, estava de volta. Tremi. "Não posso. Foi um prazer, Stella, mas tenho que ir."
Com aquelas palavras que me causaram tanta dor, ele virou-me as costas e começou a andar, a me deixar para trás. O desespero tomou conta de mim, e mais uma vez não pude me controlar. "Espere... Lucian!" ele se virou, uma dor que espelhava a minha clara em seus olhos. "Nós vamos nos ver de novo... não é?"
Todas as paredes que ele erguera para impedir que eu visse o que sentia caíram, e ele pareceu vulnerável. Aquilo foi para mim a gota d'água. De repente, as lágrimas que eu não conseguia mais conter rolaram pelo meu rosto. Por um momento, achei que ele fosse estender a mão para secá-las, mas então a dor em seus olhos ficou ainda mais intensa. Ele balançou a cabeça, tentando esconder a lágrima solitária que escapara de seus olhos. "Eu não sei. Eu... Adeus, Stella." Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele me deixara. Antes que eu pudesse reagir, o perdera de vista.
Sentei no primeiro degrau das escadas que levavam ao pequeno apartamento que eu chamava de minha casa, escondendo meus soluços nas mãos enquanto sentia meu coração se partir mais uma vez. Jesse era o único ao meu lado enquanto eu enfrentava a pior dor que já sentira. Eu já estava acostumada com aquilo, mas o fato de que fora Lucian a me fazer chorar fazia tudo parecer pior. Eu não conseguia entender porque aquele estranho mexia tanto comigo.
Lucian
Deixar Stella para trás causou-me a pior dor que eu já sentira. Era como se eu estivesse deixando com ela metade de mim. Enfrentei todos os meus instintos de autoproteção e desejos ao virar-lhe as costas, agarrando-me à tênue crença de que, sendo o melhor para o mundo, aquilo seria também o melhor para aquela garota que me fizera sentir pela primeira vez.
Quase mudei de ideia quando, automaticamente, virei-me ao ouvi-la chamar meu nome. Percebi, naquele momento, que ela também estava incompleta, que, ao ir, eu levaria comigo uma parte dela também. Minha dor multiplicou-se por mil ao perceber que ela também sofreria com nossa separação.
Tudo o que eu queria quando vi suas lágrimas era tomá-la nos braços e impedi-las de continuar rolando. Com minha própria lágrima escorrendo, forcei-me a fazer o que era certo. "Eu não sei. Eu..." Engoli as palavras que realmente queria dizer. "Adeus Stella." Aquelas foram as palavras mais difíceis e sofridas de minha vida. Antes que o gosto amargo do que eu dissera pudesse vencer minha força de vontade, deixei-a. corri, fugindo da única pessoa que poderia me fazer feliz. Fugindo da única pessoa que poderia impedir minha morte.
Stella - 1 semana depois
Mais uma vez, segui com a minha vida depois de perder alguém importante. De algum modo, a perda de Lucian me afetou mais profundamente que a morte de meus pais. Talvez porque eu soubesse que ele estava vivo e bem, e que ele me deixara por escolha própria. De qualquer maneira, voltei à minha rotina como se nada tivesse acontecido. Por dentro, no entanto, eu estava vazia. Nada mais me animava. Faltava um pedaço de mim. Um pedaço que eu perdera nas profundezas dos olhos escuros do homem que me abandonara.
Eu andava sem rumo à luz fraca do anoitecer, como se tornara hábito na semana mais longa e solitária por que eu já passara, quando meu único amigo me avisou de que havia algo diferente. No meu estado de indiferença, nem levantei os olhos. Nada me afetava, eu não via nada à minha volta. Sem ele, eu desistira.
A única coisa que podia me alcançar era aquela voz. A voz que eu reconheceria em qualquer lugar, a qualquer hora. A voz dele. "Se você continuar encarando o chão com tanta convicção, acho que realmente nunca nos veremos de novo."
Minha reação foi impensada e instantânea. Em menos de um segundo, meus braços estavam ao redor de seu pescoço, enquanto ele hesitantemente passava os dele por minha cintura. "Lucian!"
Lucian
Uma semana. Foi esse o tempo que minha convicção resistiu. Foi esse o tempo que eu aguentei ficar longe daquela garota. Depois disso, a dor e a falta se tornaram grandes demais, e eu fiz algo que nunca me passara pela cabeça. Eu desisti. Rendi-me ao que meu coração me implorava, e fui procurá-la.
Arrependi-me de ter seguido o que os monges me haviam ensinado assim que vi a expressão de desesperança e derrota no rosto dela. Eu nunca devia ter colocado meu suposto destino antes dos sentimentos dela. A indiferença dela aos latidos de seu fiel companheiro partiu meu coração.
Eu não tinha intenção de realmente falar com ela, mas vendo o que eu fizera fez essa decisão virar pó. Tentei fazer piada, aliviar o clima, mas não consegui colocar a quantidade certa de humor nas palavras. O alívio que senti ao estar com ela novamente era grande demais.
Meu choque foi muito menor que minha felicidade quando ela pulou em meus braços. Meu corpo se arrepiou quando ela disse meu nome com tanto alívio, e eu não pude conter um suspiro de contentamento. "Stella."
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Desculpem a demora para postar esse capítulo... faz algum tempo que eu não entro no Watty. Se esse capítulo conseguir um voto, as postagens vão provavelmente ficar mais frequentes.
Por favor, não esqueçam de me dizer o que vocês acharam :)
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Marcado
RomanceLucian é frio, treinado para não demonstrar emoção. Seu destino foi traçado para ele desde o seu nascimento, por monges de uma sociedade secreta que acredita nos deuses antigos. Ele aceita o seu futuro como algo inevitável, o sacrifício de um pelo b...