Capítulo 7 - Carry On

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"Procuremos infinitamente, lutemos até que sejamos livres"

Título por: Avenged Sevenfold

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Stella

A atmosfera de Roma era diferente de qualquer coisa que eu já experimentara. Havia algo de mágico no fato de se estar na cidade que fora sede do maior império da história, e eu tinha certeza de que o sentimento não tinha como causa a minha inexperiência com relação a viagens. Lucian, com o impressionante número de carimbos de entrada e saída de países que colecionava em seu passaporte, também parecia reagir à magia da capital italiana.

Ficamos parados do lado de fora da estação por alguns minutos, simplesmente olhando ao nosso redor. Surpreendentemente, fui eu a quebrar o silêncio. “E agora, Lucian? Para onde vamos?”

Ele mordeu o lábio, pensando. “Não tenho certeza. Eu escolhi Roma porque um amigo meu veio morar aqui há um mês. Eu só esqueci que ele também pertence à Ordem, e veio morar na sede italiana. Todos os chefes locais já devem ter sido avisados para não permitir que eu entre nas sedes com você. Vamos ter que encontrar um hotel que não peça os nossos documentos.”

Suspirei, e estava prestes a fazer-lhe uma crítica quando vi algo que me fez sorrir. Enviarei sinais. Procure por eles em sua jornada e saberá que está no caminho certo. Não podia ser coincidência. “Lucian?” Ele olhou para baixo, encontrando meu olhar. “Eu falei que teríamos que seguir sinais, certo?” Ele assentiu, e eu apontei para a parede às suas costas. Mais precisamente, para a rosa negra pintada sobre ela. “Acho que temos o primeiro. Seria coincidência demais.”

Lucian fixou o olhar sobre a rosa, ponderando nossas opções. “Acho que você está certa. Só espero que não seja uma armadilha da Ordem, mas vamos ter que correr o risco.”

Sorri. “Um pouco mais de confiança lhe faria bem, Lucian. A Ordem não faz ideia de que eu sei qualquer coisa a seu respeito. Não acho que eles tentariam algo assim, até porque a lógica diz que você deveria fugir de qualquer coisa que lembrasse vagamente quem você é.”

Ele franziu a testa para mim. “Você vê coisas demais, Stella Costello. Cuidado, isso pode colocá-la em perigo. Não que eu vá deixar qualquer coisa lhe acontecer, de qualquer jeito. Vamos.”

Ele tinha razão, é claro. Eu realmente via coisas demais. Um exemplo claro disso era o fato de eu ter visto o nosso futuro. Aquele sonho com certeza me colocara em perigo, pois fizera com que eu me ligasse a ele, mas eu não o lembraria disso. Sentia-me segura ao lado do meu garoto-guerreiro, e não havia Ordem que pudesse mudar isso.

Quando nos aproximamos da rosa, uma ilusão de ótica ficou clara. O que parecia ser uma parede sólida e contínua na verdade escondia um beco estreito que fervilhava com pessoas em vestimentas coloridas e tendas em que se vendia toda sorte de objetos. Eu não podia acreditar no que via. Ali, no coração de Roma, nós havíamos encontrado um acampamento cigano.

Caminhamos em um silêncio abismado beco, tentando compreender como era possível que aquele lugar existisse. De repente, fomos obrigados a parar. Isso porque, à nossa frente, irrompeu uma briga.

Os longos cabelos negros enfeitados por uma rosa vermelha e a ainda mais longa saia, igualmente escura, eram tudo o que se podia ver da cigana que gritava em um italiano muito rápido com um homem. Outros dois homens apareceram rapidamente a seu lado, claramente agindo como seguranças.

Depois de algo que pareceu muito ser uma ofensa, o homem virou-lhe as costas e seguiu para a saída do beco. Confusa, olhei para Lucian, que tinha uma expressão surpresa. Vendo que eu nada compreendera, ele se inclinou para sussurrar em meu ouvido. “Ela é a chefe do acampamento. Aparentemente, ele roubou algo aqui dentro, o que ela não aceita. Ele foi expulso.”

Mesmo que eu quase não conseguisse ouvir o que ele falava com o ruído incessante de dezenas de pessoas, a cigana parecia ter uma capacidade auditiva muito melhor. Sua beleza me espantou quando ela se virou para encarar-nos, um sorriso nos lábios. Seus olhos negros como a maquiagem que os envolvia faiscaram com uma emoção irreconhecível ao nos ver. “Ah, sim. Sou eu a responsável por essas pessoas, assim como sou eu quem a polícia procura se uma delas comete um crime. É por isso que eu não permito condutas ilegais. Agora, amati, venham comigo. Eu estive esperando por vocês.”

Eu e Lucian nos entreolhamos, incertos. A cigana não esperou que tomássemos uma decisão, dirigindo-se para uma das tendas. Suspirei. “Não sei, Lucian... mas o sinal nos trouxe aqui. Acho que devíamos dar a ela pelo menos o benefício da dúvida.” Ele me olhou por mais alguns segundos, e depois assentiu.

Seguimos aquela mulher incomum para dentro da tenda, onde ela se sentou a uma mesa sobre a qual descansava uma bola de cristal. Aquela situação ficava cada vez mais estranha. “Signor e signora Agnus, imagino. Sejam bem vindos. Hadia é o nome.”

Eu e Lucian respondemos ao mesmo tempo. “Como sabe quem somos?” “Não somos... casados.” Fiquei vermelha ao pensar na possibilidade, e mais ainda ao perceber que tinha realmente falado aquilo.

Ela sorriu à nossa confusão. “Ah, eu sei que não são casados ainda, Speranza. E como eu disse, meu querido Agnus, estava esperando por vocês.” Ela puxou para cima a manga do vestido, expondo uma tatuagem de duas rosas, negra e vermelha, entrelaçadas.

Naquele momento, eu soube quem era Hadia. “Você é a mulher.” Seu sorriso alargou-se, e ela assentiu. Olhei para Lucian outra vez. “Eu falei que teríamos três pessoas para nos guiar. São dois homens e uma mulher. Hadia é a mulher.”

Mais uma vez, ela assentiu. “Sim, sim, signorita Castello. Como vocês podem ver, eu ganho a vida contando às pessoas um pouco de seu destino, mas na verdade há pouco que eu realmente sei. Isso porque o futuro só se mostra para aqueles em quem Ele confia, e só as partes que Ele julga necessário mostrar. O destino de vocês é claro, não só para mim, mas para dois outros também. Eu posso guiá-los somente à primeira fase de sua jornada.”

Lucian pousou o braço sobre meus ombros, fazendo com que eu me sentisse aquecida por dentro. “Hadia... quer dizer que sabe o que devemos fazer agora? Como podemos saber que tem certeza disso?”

Ela riu, um som tão extraordinário que removeu qualquer dúvida de mim. Hadia era quase tão fora do comum quanto Lucian e eu. “Acho que não podem, Lucian Agnus. Você deve confiar em mim como confia nos sonhos de sua nova companheira. Sua missão não poderá ser cumprida se você precisar ver para crer.”

Ele suspirou. “Fui criado pela Ordem, Hadia. Fui treinado desde que nasci para acreditar cegamente em uma única coisa, e duvidar de tudo o mais. Peço que me perdoe se não consigo confiar em alguém que acabei de conhecer.”

A cigana bateu levemente com a ponta dos dedos na bola de cristal sobre a mesa, e ela se acendeu, mostrando a imagem do que parecia um castelo. Senti o corpo de Lucian ficar tenso ao meu lado, até que a imagem sumiu. “Eu sei exatamente como você chegou aqui, Agnus, não se engane. Ouçam seu destino agora. É com aqueles que prendem que está a chave da liberdade. As profundezas só podem ser alcançadas por aqueles que chegam até o topo, e é quando se chega ao fundo do poço que a resposta de todos os problemas se mostra.” Ela olhava fixamente para Jesse, que eu esquecera que estava nos seguindo o tempo todo, enquanto falava.

Franzi a testa ao fim daquele discurso. “Eu não entendi... o que isso quer dizer?” Meu cachorro latiu baixinho, e aquilo quase pareceu um som de deboche. Com certeza, eu estava ficando louca.

Hadia estalou a língua, negando com a cabeça. “Desculpe-me, cara, mas não posso explicar. Cabe a vocês descobrir qual é seu próximo destino. No entanto, creio que Lucian já compreendeu o enigma. Já sabe aonde ir, Príncipe dos Monges, não sabe?”

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Oiii!!!!!

Milhões de desculpas pelo tempo longo demais que levei para postar esse capítulo! Com os vestibulares e um leve caso de writers' block eu realmente não consegui escrever antes...

Prometo fazer o possível para demorar menos com o próximo, e espero que tenham gostado!! :)

Lembrem de deixar votos, comentários....

XOXO

Mel

MarcadoOnde histórias criam vida. Descubra agora