IV - Atração

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Você é magnético, ele costumava dizer. Um toque diferente, um movimento suave e firme ao mesmo tempo. Deitar-se com você era uma das coisas que ele mais amava fazer. Só deitar, que o fosse, e senti-lo aconchegado, porque você se virava de um jeito mágico na direção dele pra beijá-lo, e ele amava isso, amava como você vinha sútil, como você se impulsionava arrastando seu corpo todo pelos lençóis e logo em seguida se movia todo tocando-o num gesto simples, só subindo em sua direção pra roubar um beijo inesperado, mas que ele já esperava devido ao ritual minimalista.

Ele gostava do seu gosto, e ele fazia de dizer isso também, dizia que você tinha um sabor doce na boca e o sal espalhado pelo corpo. É suor, você zombava, mas não!, ele explicava que não, que era outra coisa, e que não sabia ao certo como dizer.

E tinha também a forma como você o cumprimentava. Ele sempre acordava depois de você, então você o esperava na cozinha, quase sempre cozinhando, já que era uma das poucas coisas que você fazia com gosto em casa. Daí ele vinha, descia devagar as escadas e então surgia perfeito com o cabelo bagunçado, mas não amassado, o pijama torto no corpo, eu um pouco de areia nos olhos. Você caminhava na direção dele, e ele na sua, assim em silêncio, só com o vento lá fora ou o passarinha vermelho dele cantando na gaiola, mas não era nada, porque parecia que um piano tocava e embalava aquele caminhar. Você se achegava nele, erguia os braços e pegava o rosto dele como quem colhe uma flor delicada, entre as duas mãos fechadas em concha. Os braços dele desciam por sua cintura e o prendiam num abraço puxando-o para mais perto dele. Você sempre sorria quando seus rostos se tocavam, quando a respiração e o mau hálito se misturavam, você olhava pra ele com amor e ele olhava pra você de volta, com os olhos alinhados, um riso tímido na boca, mas sem soltar o rosto dele, porque parecia que se soltasse-o ele cairia no chão e se quebraria, então você o acolhia com delicadeza e amor, acariciando-o e afagando.

Ele gostava disso em você, do seu carinho, do seu afeto, da forma como você sempre encontrava um jeito de chamar a atenção dele e o fazer se deitar em seu colo pra acariciá-lo de qualquer forma. E vocês eram tão iguais, em tudo, nas necessidades, nas prioridades, você transbordava amor, e ele se enchia do seu carinho.

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Menino-JúpiterWhere stories live. Discover now