Tapete Vermelho

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O vento frio penetrava cada brecha do meu casaco e fazia meu corpo estremecer enquanto eu andava pela calçada na direção do apartamento de Zoe, assim que me aproximei do edifício peguei o celular no bolso e digitei o numero dela enquanto meus olhos se acostumavam com o brilho forte da tela de discagem do aparelho.

- Atende, Atende - falo agitando o corpo para me manter aquecida. Não demora muito e ela atende mas só consigo ouvir fragmentos de sua voz.

- Socorr... - Ela tenta dizer mas sua voz trava e ouço barulhos de engasgo como se tivessem enforcando-a, barulhos de vozes e objetos caindo ecoam pela janela do terceiro andar do prédio onde fica o apartamento de Zoe.

- Alex... Alex - Ouço os gritos pelo telefone e olho para cima vendo movimentação na janela de seu apartamento, corro em disparada entrando no edifício e subindo as escadas pulando alguns degraus ate chegar no terceiro andar que nunca tinha sido tão longe pra mim, meu sangue fervilhava e eu sentia raiva, desespero e medo, tudo o que eu nao precisava naquele momento.
A porta do apartamento esta trancada, bato desesperadamente mas aparentemente ninguém vem atender é claro, olho através do olho mágico e me deparo com olhos negros como a noite, tão frios e duros que minhas pernas chegam a tremer, me afasto da porta pouco a pouco e olho para o corredor vendo a câmera de vigilância do prédio piscar na minha direção.

- As nossas câmeras - falo tão baixo que parecia mais um pensamento do que uma fala. Confusa e agoniada, so consigo agir e procurar entender o que estava acontecendo, mas algo dentro de mim me falava que aquilo não estava certo. Corro ate o apartamento de David, um amigo nosso que mora no andar de cima, bato na porta mas para o meu azar ele não está em casa, olho para o corredor na direção das câmeras e vejo elas desativadas, David odiava a sensação de estar sendo vigiando então obviamente o nerd pervertido havia desativado todas as câmera do quarto andar pra cima.

- Vamos Alex, você consegue - Falo a mim mesma flexionando os joelhos e ajeitando o ombro, corro na direção da porta batendo meu ombro contra a mesma, repito a ação uma três vezes ate que o trinco não aguente e a porta abra ferozmente arrancando tinta da parede atrás dela, comemoro internamente e encosto a porta para não cair, sorte a minha que esse prédio só tem velhos, e a maioria deles são surdos ou devem estar mortos dentro de sua cama de gatos fedorentos o restante é um bando de drogados que só aparecem aqui de noite.

Corro ate o quarto de David e me sento na cadeira na frente do monitor ja ligado, rapidamente acesso as câmeras no quarto de Alex, colocamos elas ali para que eu pudesse manter meus olhos nela durante o dia, Zoe tem asma e também possui vários outros problemas graves e constantemente acaba desmaiando ou coisa do tipo e sou a única disposta a ajudar ela continuarei fazendo isso, sempre.

- Cade você Zoe - Falo movendo o mouse e olhando cada tela pequena que mostra um comodo de sua casa, clico sobre a tela que mostra a sala ampliando a mesma, meu sangue gela e sinto cada artéria minha se fechar, arranho a cadeira ao ver Zoe pressionada contra em sofá e um homem alto e corpulento está sobre ela, impedindo que eu à veja.

Viro o rosto procurando outra coisa para manter o foco mas não consigo, o burburinho que vem dos auto falantes me irrita e volto minha atenção para a tela sentindo as lagrimas descerem, uma mistura de ódio e frustração toma conta de mim e acabo rasgando o braço da cadeira sentindo o acolchoado cair no chão, não sei o porque aquilo esta acontecendo, mas seu muito bem o que estão fazendo e como iria acabar, e a única coisa que me resta e observar aquela brutalidade.

- Por favor pare, por favor - Zoe consegue dizer entre lágrimas depois de se sacudir. O homem levanta e vejo suas calças abaixadas e o vestido dela rasgado e então a única coisa que me resta é sentir ódio e acumular aquilo dentro de mim mesmo, sinto gosto de sangue na boca e percebo ter mordido o lábio inferior, o sangue pinga sobre a bancada onde em bato furiosamente sobre a madeira que emite um barulho alto.
Ele suspende Zoe e joga ela novamente no sofá como se fosse um brinquedo, todos eles olham pra ela e conto quantos são olhando a tela com um olhar perdido tentando evitar olhar para Zoe, fico desesperada ao contar dez pessoas, todos de touca e roupas grossas, a maioria ja com a mão dentro das calças.

TOXIC - EM HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora