Capítulo 7

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Alguns dias se passaram, desde aquela noite em que Ana se derramou em lágrimas no meu peito. Ainda sinto seu suspirar e tremor, quando se desfazia em lágrimas. Suas mãos frias em meu peito, roubava o calor que existia em meu corpo.
Após as aulas , resolvi conhecer a escola. Comecei pelos andares superiores do prédio 2. Lá em cima, me deparo com um grande hall, que deveria ser local de lazer, pois algumas máquinas de bebidas e comidas estavam tampadas com panos pretos. Mais adiante, duas de porte médio estavam vazias, dois banheiros comuns estavam abertos mas a muito tempo ninguém os utilizava.
Não tendo mais o que conhecer naquele lugar, resolvi ir para casa.
Chegando em casa, falei com minha mãe costumeiramente e fui para meu quarto. Subi ate o telhado, pela janela e fiquei pensando na minha noite com Ana.
Não tive mais notícias dela, nem a vi na escola. Perguntei a Douglas se ele tinha alguma notícia dela , ele me disse q não. Mas me deu o endereço da casa de onde ela morava. Esperei o findar da tarde, me arrumei e segui o caminho até achar a casa de Ana. Ela nao morava tão distante de mim, aproximadamente três quadras após minha casa, resolvi ir apê. A luz da lua iluminava meu caminho, a cada passo, um frio subia em minha espinha. Não entendia o que estava havendo comigo, mas continua a prosseguir. Chegando no endereço, um condomínio de apartamento estava em minha frente, um portão de ferro enorme guardava a entrada. Os feiches de luz dos postes da rua, reluziam naquele colosso de metal. Adentrei pela porta de pedestres, um segurança na guarita me parou peguntando o que eu desejava.
- Estou procurando uma menina que se chama Ana, ela mora neste local, como mostra o bilhete.
Ele permitiu minha entrada e indicou que o apartamento dela era o 404, do bloco 22.

Seguindo o caminho, o bloco que ela morava era um dos últimos. Entrei no predio, uma escadaria enorme me aguardava . Subi toda aquela fileira gigante e cheguei no meu destino. Com o nó dos dedos, bati na porta, porém não teve resposta. Novamente bati na porta mas nenhuma resposta recebi. Quando resolvi que nao tinha ninguém em casa, pude escutar a tranca da porta se abrindo.
- Boa noite- respondi
- Boa noite. o que deseja rapaz - uma senhora de meia idade pergunta, me olhando fixamente.
- Eu estou procurando...- antes que terminasse, uma voz me interrompe.
- Pode deixar vó... - era ana. - Dante, o que faz aqui? -
- Você não deu notícias desde a última vez que nos vimos... como se está ?- perguntei preocupado.
Ela dá de ombros e abaixa a cabeça.
- Quer sair daqui ? - Perguntei tocando em seu braço.
Ela responde com a cabeça dizendo que sim. Saímos daquele prédio e começamos a andar em silêncio, sua silhueta era iluminada pelas luzes.
Nos sentamos num banco, em frente à um jardim.
- O que está havendo? - pergunto a ela.
- Não sei o que pensar...- Ana responde olhando para ae flores.
- É sobre seus pais? -
- Não . Eles sempre brigam, já é normal. -
-O que foi Ana ?-
-Nada...- ela se levanta e da alguns passos e segura um braço.
- Me sinto preocupado com você Ana -respondo me levantando e chegando perto dela.
- Desde a última vez que estávamos juntos, você foi diferente comigo. Ninguém nunca me tratou daquela maneira. - Ela me olha dizendo aquelas palavras. Seu olhar me constrange, um frio enorme congela meu abdômen.
- Não sei o que dizer.... Você só precisava de alguém para estar contigo - respondo olhando para seu rosto.
- Ae é que ta. Você foi o único que se preocupou comigo. Eu me sentia sozinha, estava com meus amigos, mas nao me sentia bem. Não estava num bom relacionamento com meus pais, principalmente com minha mãe e você me escutou sem pestanejar. Você é diferente pra mim.... - após dizer aquelas palavras, Ana abaixou o rosto se retraindo.
Seu corpo se encolheu, como se estivesse com medo. Dentro de mim, algo queimava como uma fornalha. Me sentia dentro de uma fornalha.
Com a mão, levantei seu queixo. Seus olhos fixaram nos meus, suas pupilas dilataram-se , suas mãos trêmulas escostaram em meu peitos. Nossos labios se encontraram naquela noite de segunda- feira, nunca tivera provado labios tao doces e macios como o dela.
Aquela noite, poderia não ter fim...

O olhar para o novoOnde histórias criam vida. Descubra agora