Capítulo 8

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Era dez horas da manhã quando Logan, massageando a testa, finalmente criou coragem para ligar para o delegado. Respirou fundo algumas vezes e esperou os toques do telefone. No segundo, o homem atendeu com a voz ameaçadora:

- É proibido ligar aparelhos eletrônicos na hora da decolagem. – ele falou, o tom ácido e esperto. – Se você está me ligando, Strauss, só pode ter duas explicações. A primeira, e que me deixaria muito nervoso, é que você perdeu o vôo. A segunda é que você está tentando derrubar a porra do avião.

- Eu... – o detetive começou, um tanto engasgado. – Não estou no avião.

Doakes ficou alguns segundos em silêncio do outro lado da linha. O que era um mal sinal, um péssimo sinal. Com aquele silêncio, o rapaz pôde visualisar o chefe sentado em sua cadeira na sede da Scotland Yard, com os dentes trincados e a careca cheia de veias proeminentes.

- Você perdeu a porra do vôo! – ele deduziu em meio a um rugido.

- Não. – Logan respondeu. – Eu troquei a passagem.

- O quê? Por quê?

- Porque o vôo de nove e cinquenta estava cheio... E eu precisava de mais uma cadeira.

Doakes deu uma risada de escárnio.

- Para repousar seus pés de princesa?

Logan abriu um sorriso seco, antes de responder:

- Para acompanhar Madame Viviette.

Mais uma vez, o outro lado da linha ficou completamente mudo. O detetive esperou a reação explosiva de James Doakes, que não veio imediatamente, então desviou a atenção para a garota que estava deitada na sua cama, na Pousada Beija-Flor.

Siberia usava um short jeans, uma blusa de frio e jogava a boneca de porcelana – que tinha os olhos furados – para cima. Ao observá-la, o rapaz fechou completamente sua expressão.

Megera filha da puta! Ele não acreditava que tinha passado todos os dias procurando pela médium para descobrir que ela sempre esteve diante dele. Que ela sabia que ele estava a sua procura e tinha brincado com a sua cabeça e o feito de bobo.

Siberia Lindell era mesmo uma cretina. Gostosa e fenomenal, com certeza, mas Logan era incapaz de pensar em seus atributos físicos com a raiva que estava. A menina o tinha seduzido, encantado e enganado apenas por diversão. Só porque ela acharia divertido ver a cara dele de idiota – que ele, de fato, tinha feito – quando ela revelasse toda a verdade.

E a garota não podia ter escolhido momento melhor para falar que era Viviette, era o que ele pensava com sarcasmo. Quando os dois estavam na cama em um instante maravilhoso, quando o detetive não se aguentava mais de tesão, ela soltou a bomba.

"Bacana, Lindell, brilhante, você é realmente uma vaca."

Depois disso, ele passou um bom tempo rindo. Um bom tempo gargalhando da sua imbecilidade. Sempre soube que havia algo de errado com ela. Sempre soube que aquela garota, de uma forma ou de outra, não era como as outras. Seus olhos tinham um tom diferente, ela falava com se sempre soubesse mais do que deveria e estava sempre rodeada de eventos estranhos.

Primeiro, o grito e o choro que ele escutou no cemitério. Logan era um cético, acreditava que tinha sido puramente obra da sua cabeça, mas não poderia negar que isso tinha sido esquisito pra cacete. Segundo, os sonhos assustadores que persisitiam mesmo quando ele não estava chegando a lugar algum com as suas buscas. E depois... A bolinha do jogo de sinuca. Alguém tinha empurrado até encaçapá-la, mas ele não voltou a pensar sobre isso porque estava feliz demais por ter ganhado a aposta.

Caçadora de CorposOnde histórias criam vida. Descubra agora