O início

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Queria deixar claro que eu acredito que todos nós temos apenas um amor para a vida toda. Um amor que vai te tirar o fôlego só de pensar, um amor que te deixe com frio na barriga toda vez que você o for ver, um amor que nunca perde a graça, um amor que faz o silêncio ser importante, um amor que transforme a vida, a rotina. Não importa se você o teve na adolescência ou na juventude, ou até mesmo depois dos 40. Ele vai ser único e ninguém, nunca, vai conseguir superar o que aquele amor significou para você.

Acredito também que ele foi esse meu amor. Aliás, eu pensei nele essa manhã, e isso é um pouco estranho considerando o fato de eu não pensar mais nele há meses, mesmo o vendo toda manhã de segunda à sexta. O engraçado da história é que eu sempre acreditei que esse amor seria correspondido, que seria lindo, engraçado, inteligente e sensível mesmo que acabasse no final. Acontece que não foi assim. Não foi gentil, nem engraçado e muito menos sensível.

Já fazem cerca de 8 meses desde o dia que ele me deixou e ele ainda mexe comigo de uma forma que eu nunca vou conseguir explicar. Às vezes me pergunto se ele reage da mesma forma que eu reajo, mas acho que eu já sei a resposta.

13 de junho de 2014

Ainda me lembro de tudo direitinho. Cada detalhe, cada frio na barriga, cada aperto do coração. Eu não queria terminar com ele. Ele esteve comigo quando ninguém mais esteve.

"Seria correto terminar? Sim, lógico que sim. Ele já não era mais o mesmo comigo há um tempo e isso estava claro até para a Chloe, chef de cozinha do colégio que sempre achou que formávamos um belo casal. Mas e se eu me arrependesse e ele não quisesse mais voltar? Não importa. Ou ele melhora, ou nós terminamos."

Estava decidido. Lá fui eu, em plena sexta-feira 13, após o sexto horário, falar com o Christian. Ele estava com a galera do time de futebol, conversando sobre algum jogo que teriam no sábado. Não importava. Ele estava no pátio só com o time dele. Fora eles, o local estava deserto - talvez por ser o último horário. A tarefa seria fácil, era só falar; a parte mais complicada seria dispensar os meninos. Ou seria dizer a verdade?

Coração na mão, borboletas no estômago, pés formigando, suor frio. A combinação perfeita para o desastre que estava prestes a vir:

- Christian, queria falar com você.

- O.k., o que foi? - Ele continuou a escutar, os meninos entenderam que algo similar a uma D.R. ia acontecer e saíram do pátio; mas ele, Christian, não me olhou nos olhos nem por um segundo. Achei que por medo do que estivesse por vir.

Eu sei que enfrentamos os seus e os meus pais para eles permitirem o nosso namoro. Sei que se esforçou para ser o cara que pensava que eu merecia. Sei que o sentimento que você nutre por mim é algo maior que amizade. Mas você não tem demonstrado mais isso. Tem me tratado como se eu fosse sua amiga, mais uma na sua lista, como uma qualquer. - Falei assim, sem pausas para ver se eu conseguiria falar sem pestanejar, sem fraquejar. É uma pena que na hora mais importante a minha voz tenha falhado e eu tenha encurtado a fala para evitar constrangimentos e sofrimentos. Eu realmente me importava com ele, gostava da sua companhia - Por isso, estou terminando com você. Não vou te esperar até os meus 15 anos se for para ser um namoro onde eu me sinta como segunda opção... A não ser...

Tá, tudo bem - As únicas palavras dele. 3 únicas palavras. Ele nem me deixou oferecer uma solução para que pudéssemos ficar juntos. Eu não acreditei de início. Esse não era o meu Christian.

Foi então que eu percebi que era eu quem não queria ter contato visual. Eu não queria fazer aquilo. Mas também percebi que ele não parava de olhar para o celular. Talvez ele estivesse me tratando como segunda opção por que talvez eu realmente fosse. Então todo o meu mundo pareceu ter tido um fim. O coração, uma vez em minha mão, caiu no chão, assim como a minha autoestima.

Ele nem sequer olhou nos meus olhos.

Tudo o que eu sentia antes deu lugar a um sentimento quente que vinha tomando conta do meu corpo e, quando eu não consegui guardá-lo para mim, ele transbordou. Lacrimejei. Não havia nada para fazer. certamente ele não pediria desculpas e muito menos procuraria melhorar. O melhor a se fazer foi feito. Bastava agora juntar os pedaços do meu coração que ficaram espalhados pelo chão do pátio e por cada lugar do colégio que me levasse à um flashback do meu último ano com o Christian.

Busquei a saída mais discreta do colégio. Não queria que ninguém me visse assim, chorando. Mas assim que saí, um colega de classe parecia me esperar. Ou esperar qualquer outra pessoa.

Adam me viu e veio checar se eu estava bem. Como qualquer pessoa que é TÃO solidária com quem está chorando, ele insistiu em saber o motivo de tanta tristeza. Então eu lhe disse qualquer coisa para conseguir me livrar dele e ir para casa. Mas quando eu pensei que conseguiria finalmente ir para casa, o nerd da sala, Adam, me chamou e perguntou se o número que ele citou era o meu ainda. Neguei, mas assim que ele ligou, meu celular - que estava na minha mochila e no modo geral - tocou.

Então contei à ele toda a história. A verdadeira. Ele ficou abismado com a tudo o que aconteceu e se ofereceu para me ajudar a passar o tempo. Confesso que o meu sim foi mais por educação. Eu precisava de um tempo para pensar sobre tudo o que acabara de acontecer. Eu tinha uma festa de 15 anos em 2 semanas e precisava arranjar um novo príncipe.

Sua mensagem chegou as 7:37 p.m. daquela sexta-feira 13:

"Olá, senhorita com o coração partido :)"

Não sabia se responderia. Nunca tinha tido contato com ele e ele foi a primeira pessoa a saber sobre esse rompimento. Não sabia se queria uma amizade masculina assim, para praticamente substituir a falta que o Christian faria. Mas, qual seria o problema em criar uma nova amizade, em ter mais um confidente?

14 de junho de 2014

"Olá, consolador das mocinhas indefesas/com o coração partido"

CLEAN [Projeto 1989]Onde histórias criam vida. Descubra agora