O príncipe

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Depois daquela primeira mensagem, eu e Adam passamos a conversar 24 horas por dia. Em menos de uma semana ele sabia tudo sobre mim e eu sabia tudo sobre ele. Nada demais. Duas pessoas se conhecendo sem o intuito de ter algo mais compromissado. O que poderia dar errado, não é mesmo?

Além do mais, Adam sempre foi um amor de pessoa comigo. Seja em um trabalho escolar, em um bom dia ou um boa tarde e, depois, nas trocas de olhares. Juro que, no início, eu não sabia que isso tudo se tornaria em algo tão grande como foi.

Depois de terminar com o Christian, eu precisava arranjar um novo príncipe para os meus 15 anos. Eu não podia simplesmente mudar toda a coreografia há 2 semanas da festa. Seria bem trabalhoso e algo que eu não estava disposta a enfrentar.

Falei com o Adam e ele, imediatamente, aceitou ser o meu novo príncipe. Até que a rapidez dele não me surpreendeu. Éramos como irmãos agora. O que me espantou foi o que eu senti quando ele disse sim.

19 de junho de 2014

Era uma quarta e, milagrosamente, não tínhamos retorno. Era dia de ensaio para a minha festa que seria em 9 dias. Lembro-me bem de ficar nervosa pensando qual seria a resposta que o Adam me daria. Se ele dissesse não, eu não saberia o que fazer. Pensei até em cancelar a dança, mas as meninas já tinham comprado o vestido. Estava muito em cima para simplesmente jogar tudo pro ar por causa do Christian.

- Oi, Adam - ri um pouco demais pelo nervosismo - tudo bom? Como você tá? Tá um tempo estranho hoje né?

- Fala o que você quer, maluquinha - é, ele me chamava de maluquinha às vezes por que eu simplesmente agia como tal.

- Então, sabe o lance do príncipe da minha festa? Quando eu terminei com o Christian, nem tava lembrando que ele era o meu príncipe. Agora eu tô sem - ele começou a me olhar com um entusiasmo e eu fiquei mais nervosa ainda - será que tem alguma possibilidade de você ser o meu príncipe agora? Ou tá muito em cima pra você? É que a gente se aproximou tanto que eu achei que seria bem melhor ter um príncipe amigo do que um namorado pra não me arrepender das fotos daqui há 10 anos.

Era inexplicável a feição que ele fazia, como se ele fosse uma criança e eu fosse a dona de uma loja de doces. O brilho de realização nos seus olhos me deixaram suando frio e eu não soube explicar o motivo certo de estar sentindo o que eu senti. Aliás, eu nem deveria estar sentindo nada. Há 1 semana terminei com o Christian e estava escolhendo o Adam como meu príncipe por ele ser um ótimo amigo.

Cheguei à conclusão de que o meu nervosismo era por conta da incerteza da minha dança. Somente isso. Eu, definitivamente, teria que evitar qualquer sentimento agora.

- Lógico que sim. Quando tem ensaio? - e por incrível que pareça, ele respondeu mais calmo que eu. Talvez por não pensar em tudo o que eu acabara de pensar.

- Segundas e quartas das 16 às 18 eu te passo o endereço do salão por mensagem - assim mesmo, sem vírgulas, nem pontos, eu falei como se minha boca fosse uma metralhadora.
Ele só sorriu e se despediu. Não importava o que ele tinha dito, ou a rapidez dele, ou o meu nervosismo. Eu NÃO ia sentir nada por ninguém. Naquele mesmo dia, tivemos ensaio.

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Marquei com o Adam mais cedo para adiantar o que já tinha passado para o Christian. Nossa música seria Love Story, da Taylor Swift, minha grande paixão musical.

Dois passos pra cá, dois pra lá e um giro. Mão na mão, coluna reta, cabeça erguida. Não adiantava, Adam era muito duro pra dançar. Christian era bem mais solto, mas não sabia medir as coisas e rebolava demais em uma valsa (algo que eu achava impossível). Mas a dificuldade dele não nos atrapalhou em nada. Nos divertimos muito com o jeito desengonçado dele. Era bem estranha a forma como ele me fazia rir e esquecer sobre o Chris. Adam me fazia muito bem.

- Não... Eu não... Não consigo - ele disse em meio à risos

- Consegue sim, vamos! Temos uma semana para aperfeiçoar - ele me olhou com uma cara séria e disse:

- UMA SEMANA? SEU ANIVERSÁRIO É SEMANA QUE VEM?

- Aham, dia 28 de junho, tá no convite que eu te entreguei. Você não leu?
Até esse momento eu não tinha percebido que a sua feição era realmente séria. Ele realmente estava preocupado

- Calma, Adam. A gente vai conseguir. Lá na hora vai ser tão rápido que você não vai nem perceber. Só mantenha seus olhos nos meus.
Ele riu, e brincou, mais uma vez:

- Se eu ficar olhando nos seus olhos, não vou conseguir parar de rir. Você é meio vesga, sabia? Mas só quando olha fixamente pra algo - me deu língua e voltou para a posição inicial da nossa coreografia.

- Sabe, se você não aprender, eu vou assumir a dança e você vai ficar de mãos vazias - eu disse e ele riu, mais uma vez

- A festa é sua, se quiser deixar o seu lindo príncipe para trás e se lembrar com arrependimento daqui há 10 anos, a decisão é sua.

Esse foi o fim. Demos altas gargalhadas e passamos tudo até onde ele tinha aprendido mais uma vez e as meninas chegaram para o ensaio.

Ele ficou assistindo o ensaio e rindo de como eu ensinava. Incrivelmente os deboches dele não me atingiam. Eu ria junto com ele, debochava de volta e tudo ficava bem de novo. Lily e Abigail vieram me perguntar depois se Adam era o novo príncipe e eu respondi, com uma alegria surpreendente, quase que com orgulho, que sim, ele era o meu novo príncipe.

CLEAN [Projeto 1989]Onde histórias criam vida. Descubra agora