The storm -parte 1

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POV. Lauren Jauregui


Estaciono meu Audi em frente ao prédio pacato de um bairro calmo de Nova York, eram 20hrs certo. Meus dedos batucaram no volante e eu me olhei no retrovisor arrumando a sombra escura em meus olhos antes de pegar meu iPhone e digitar seu número e aguardar ela atender, depois do 4 toque ela atende com a voz ofegante.

-Srta. Jauregui -ela diz como em um susto e eu levanto a sobrancelha confusa.

-Esta tudo bem? -pergunto notavelmente confusa com o estado da sua voz- esqueceu que iríamos sair né?! -solto uma risadinha sem graça.

-Não, eu só...-um barulho alto e um resmungo doloroso lhe escapa e eu me alerto com aquilo- ...estou com problemas no meu zíper -ela suspira e eu solto uma risada aliviada- já estou descendo

-Tudo bem -solto uma risadinha e desligo voltando a batucar os dedos no volante de forma distraída.

O tempo estava se fechando, raios e trovões faziam do céu um espetáculo. Era um grande espetáculo tenebroso! As pessoas corriam de um lado para o outro, casais se abraçavam e sorriam juntos o que me fez rir. Ainda assim o céu, que tinha coloração em tons de rosa, vermelho, laranja, azul escuro e preto, continuava belo. Olhei para a porta do prédio que se abriu e Camila saiu de dentro do mesmo ao mesmo tempo que um raio rasgou o céu e iluminou tudo com um estrondo ensurdecedor. Os cabelos longos com ondas dela se agitaram, ela usava um vestido azul safira com rendas que era coberto por um sobretudo preto pesado que combinava com um laço no cabelo e com as sapatilhas, eu estava extasiada com a imagem dela. Abro a porta rapidamente para ela sorrindo enquanto observo ela entrar.

-Me desculpa a demora -ela diz assim que fecha a porta e me olha me dando visão da leve maquiagem que cobria seu rosto. Um delineado delicado feito acima dos cílios longos marcados por rímel, um sombreado marrom rosado leve dava a ela um olhar marcante e nos lábios, um leve gloss rosado também.

-Ah, tudo bem -digo sorrindo ligando o carro a olhando rapidamente a tempo de notar suas bochechas ganharem um tom rosado natural- esta com vergonha Camila? -então o corpo dela da um pulo quando um estrondo oriundo de um raio soa alto.

-Estou com um pouco de medo também -ela diz rindo enquanto coloca o cinto e me olha com seu lábio inferior preso entre os dentes- esse tempo, ficou feio tão repentinamente -ela diz enquanto eu dirijo de frente para a tempestade que ficava cada vez pior.

-São as nossas forças espirituais que fecharam o tempo -brinco com ela rindo de forma irônica e ela me olha risonha- não acredita? -a olho rapidamente levantando a sobrancelha.

-Eu...não muito -ela diz rindo envergonhada voltando a corar seu rosto me fazendo sorrir e então outra trovoada rompe o céu fazendo com que até mesmo eu me assustasse.

Apenas sorrio e volto a atenção para a frente saindo com o carro dali dirigindo na direção da tempestade que ficava pior a cada segundo. Eu não sabia o porque daquilo tudo, de fato uma guerra parecia ter se iniciado e eu só havia ouvido falar em um fenômeno desses em livros, quando uma das nossas Ninfas havia se apaixonado por um redentor, os livros de lendas contam essa história, era clássica. Ambos destruíram as vidas deles e foram mortos, condenados a morrer, mas ainda assim nunca deixaram de se amar. Segundo essa lenda foi a partir dai que ninguém, de ambos os mundos, jamais voltaram a desrespeitar as leis. Eu sabia que se tratava apenas de uma lenda, eu costumava ser bem sádica quanto a isso, mas de fato a tempestade que chegava era como as figuras dos livros mostravam, ainda assim, era extraordinário. Outro raio rasgou o céu em uma rachadura brilhosa e linda me fazendo sorrir. Não demorei muito para chegar ao restaurante, as ruas estavam um caos, mas eu era uma boa motorista e meu gps me deu alguns atalhos que me ajudaram bastante. Assim que entramos no restaurante eu recebo alguns olhares e, como eu já esperava, dois ou três pessoas vieram falar comigo, já era de costume isso. Havia reservado uma área do restaurante apenas para mim e Camila, no terceiro andar.

-Esse lugar é lindo -ela disse sorrindo enquanto eu puxava a cadeira para ela o que fez com que eu recebesse dela um olhar misto de admiração, surpresa e, até mesmo, pavor.

-Não esperava que eu fosse cavalheira? -pergunto sorrindo enquanto ela se senta e então eu me sento a sua frente. Seu olhar estava preso em mim e o meu...bom, não estava muito diferente, a beleza e inocência dela gritava por atenção mesmo que ela fosse discreta.

-Na verdade não -ela diz risonha com suas bochechas corando automaticamente- não parece muito o seu tipo puxar a cadeira, abrir a porta, deixar passar primeiro -em um movimento discreto, ela da de ombros ainda mantendo seu foco em mim.

-Tem razão, não sou esse tipo -concordo chamando o garçom- aceita vinho? -digo sorrindo amigável para ela que agora se distraía com o guardanapo sobre a mesa.

-Eu não sou de beber, mas vou aceitar -ela diz sorridente e, como acredito que ela já esperava de mim, peço a garrafa de vinho mais cara que tinham para me servir- mas então, srta. Jauregui -ela começa com uma voz incrivelmente doce, mas sexy também- se não é do tipo cavalheira, porque ganhei tratamento exclusivo?

Antes de responde-la eu solto um riso, limpo a garganta em uma pigarreada seca, umedeço os lábios e passo a montar uma resposta para ela sem que eu me parecesse arrogante demais ou mimada ao extremo, porque...eu não era.

-Primeiramente, me chame apenas de Lauren -sorrio levemente e nos sirvo o vinho quando o mesmo me é entregue- depois, eu tenho pessoas que abram a porta para mim, puxem a cadeira e me deixem passar primeiro, as pessoas são pagas para fazer isso -ela levanta uma sobrancelha e eu suspiro sorrindo brevemente- mas com algumas garotas faço questão de as colocar acima de meus próprios luxos -ela sorri novamente e eu tomo outro gole no vinho enquanto ela parte para sua primeira degustação.

-Sei que você tem uma...uma reputação nada boa -delicadamente ela larga sua taça na mesa como se a mesma fosse algo extremamente sensível.

-Esta sugerindo que sou uma Cafajeste, Camila? -minha pergunta se acompanha de humor e até mesmo ironia, mas no fundo eu sabia que de fato eu era uma Cafajeste de marca maior e que, no pouco tempo que estive na terra, já tinha conseguido uma reputação nada boa.

-Não, não quero ofende-la, mas...ouvi falar que você tem todas as meninas que quer -ela da de ombros graciosamente e eu solto um riso acompanhando ela que sorri mostrando os dentes, mas suas maçãs do rosto entregam sua vergonha.

-E o que te faz pensar que não é digna da minha mudança? -pergunto com meu tom de voz manso e sorrateiro o que até me faz questionar a mim mesma sobre se ela tinha sido capaz de me ouvir, já que o ambiente também contava com o som do piano que era tocado para nós, mas tenho minha dúvida abafada quando um riso rompe seus lábios e ela toma outro gole do seu vinho como que na intenção de afogar sua gargalhada na pequena quantia de vinho que existia em sua taça.

-Srta...hãn...Lauren -ela se corrige e eu dou uma risadinha afirmando com a cabeça- com toda o respeito, mas uma mudança destas não é feita assim -ela explica cruzando as mãos graciosamente em cima da mesa me deixando ver os detalhes em francesinha de suas unhas e o delicado anel, minúsculo e quase imperceptível, que ornava sua mão esquerda.

-Tem razão minha querida, mas depende do impacto que você veio a causar em mim -minha fala é abafada por um relâmpago que ressoa forte e faz ela saltar levemente me fazendo levantar uma sobrancelha pegando minha taça.
-E qual impacto causei? -ela perguntou baixinho apertando os lábios encarando o céu através das janelas do restaurante que estávamos, parecia não só assustada, mas também apavorada.

-Algo semelhante ao que a tempestade causa no céu -digo sorrindo de lado tomando mais de meu vinho vendo seu olhar confuso pairar sobre mim a procura de respostas.

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