Fight for us

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24 horas desde a prisão


POV. Lauren

Eu me mantinha de olhos fechados, lutava para manter minha mente em silêncio, mas o gotejar de algum cano danificado fazia com que minha cabeça latejasse no mesmo ritmo.

A luz falhou outra vez e então se apagou por definitivo, não ousei reclamar ou resmungar, no fundo era bom que aquilo acontecesse, agora eu finalmente poderia dormir em paz e esperar pela minha morte.

Dentro de mim eu sabia que deveria lutar, sabia que precisava fazer algo e tentar salvar Camila, mas meu corpo estava derrotado, eu estava derrotada e não conseguiria sair dali. As celas do conselho eram feitas basicamente como as do castelo das sombras, as portas eram feitas de paládio puro e maciço.

Demônios e anjos eram seres invencíveis, imbatíveis, absolutamente nada nos abatia, exceto uma coisa, Paládio. Um elemento químico comum, entretanto o único jeito de matar um ser celestial era com uma bala de paládio no peito, uma flecha no coração ou decapitação com uma espada do mesmo material, estas eram chamadas de matadoras celestial. O material era enfraquecedor, quando posto puro, em contato com nossa pele, nos queimava; quando misturado, apenas nos enfraquecia e era por isso que eu não tinha força para sair dali.

Um feixe de luz branca forte, direcionado a mim, me fez rosnar antes de eu reagir, abrindo os olhos e me sentando na cama lentamente, sentindo dores pelo meu corpo. A porta se abriu em um estrondo alto, então eu vi algumas silhuetas adentrando em minha cela, todos em silêncio, apenas com o barulho das correntes, provavelmente eles haviam vindo me buscar.

Estava na hora.

-Srta. Jauregui?! -a voz soou pelo cômodo e eu ate mesmo soltei um riso.

Mesmo depois de eu ter sido condenada, todos ainda acreditavam na minha força, todos ainda temiam a mim e sabiam o quão imprevisível eu era, era incrível o respeito que ainda existia nos atos dirigidos a mim, mesmo eu sendo uma condenada, eles ainda me respeitavam.

Eu gostava disso.

Eu não respondi, apenas me levantei e dei meus punhos para o soldado, sem abaixar a cabeça. Senti quando as algemas de Paládio foram presas aos meus pulsos, o material ardeu em minha pele quando entrou em contato, mas eu não demonstrei, apenas apertei meus dedos em punho; as correntes desceram e foram presas aos meus pés, para que eu não pudesse fugir; por fim, o colar em meu peito foi arrancado, então tudo passou a ser cinza e sem vida.

Eu não era mais um demônio, minhas habilidades haviam sido tiradas de mim, entretanto ali, na centro do conselho, todos nós éramos criaturas celestiais, o que me tornava sensível ao paládio e todas as merdas que vinham junto com a graça de ser um demônio.

Nós seguimos pelos corredores, tudo em silêncio, o único som que ocupava o vácuo que nos encontrávamos era o som de gritos, lamúrias e o som das correntes que eu arrastava comigo.

Eu não usava mais os meus sapatos de salto, ainda vestida meu vestido do baile e ainda haviam resquícios de capricho em mim, apesar de marcas de luta.

Assim que entramos no grande salão, eu pude ver Peter sentado em um enorme trono no altar, ao seu lado mais duas mulheres, uma morena, Caroline Mussoy, e uma ruiva, Agnes Mussoy.

As irmãs Mussoy eram uma lenda, conhecidas por sua beleza estonteante, eram também marcadas pelas mortes que tinham em seu currículo. Eram elas as responsáveis pelas torturas dos pecadores, mortes e condenações, elas eram as queridinhas de Peter e agora, aparentemente, elas também faziam parte do julgamento.

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