Um verdadeiro amigo é aquele que ignora suas falhas e comemora com você seu sucesso!
Ruby esbofeteia Regina Mills diante de todos os conhecidos. A maçã direita do rosto da prefeita de Storybrooke ficou corada.Um misto de ardor e frieza invadiu a face da primeira dama. A morena demorou alguns segundos para erguer sua cabeça, respirou ofegante. Seu peito parecia estar sendo amolgado. Parecia que suas narinas não captavam o oxigênio, sentiu agrura ao ver que Emma apenas afastou a amiga. Parecia que estava de acordo com aquela ação, que se a morena de mechas vermelhas não o fizesse, ela o teria feito. Sua melhor amiga parecia mais importante.
E ela? Quem era ela afinal? Uma mãe incapaz de proteger a filha. Uma intrusa na vida de Emma? Jamais conseguiria ser algo mais que sua genitora?
Mills mantinha uma briga interna consigo mesma. Aqueles pensamentos a estavam dominando. Sentiu seu coração pequenininho. Uma vontade absurda de chorar. De sumir e até de fazer despejar sua raiva. Aquelas emoções negativas a dominaram. Maltratava-se enquanto caminhava a passos rápidos até a saída daquele ambiente burlesco, caso contrário não responderia por seus atos.
Manteve sua cabeça erguida mesmo com uma imensa vontade de desabar. Olhos faiscantes. Muita classe e orgulho diante do público plebeu. Tudo fachada. Uma vez do lado de fora, sentira o ar gélido estremecer todo o seu corpo.
A garoa escondia aquele ordinário "cisco" no olho que insistia em incomodá-la, a fazendo chorar.
—Regina? –Bradou aquela voz que honestamente, preferiria não ter que escutar nos próximos séculos.
—Se quer a outra face, veio pedir a pessoa equivocada, Swan. -Falou magoada, porém de cabeça erguida, antes que ela dissesse qualquer coisa. É claro que lá vinha uma bronca da Salvadora e um "Você tem que pedir desculpas por toda essa cena!".
—Sabe, não tinha o direito de dizer tudo aquilo. Ok, talvez, eu tenha sido muito fraca ao não ter ficado com o Henry, mas eu era muito nova e o pai dele tinha acabado de me abandonar. EU sozinha paguei por todos os nossos erros. Ele (Neal) era a pessoa que eu mais confiava... Que eu amei. –Parou ao ver que a mulher estava cabisbaixa. Ainda que estivesse decepcionada e com raiva queria colocar os pingos nos "is". O sangue parecia falar mais alto e sentia que devia dar uma brecha a mulher. A sua mãe. Precisava respirar e focar.
—Olha para mim, Regina. –Contrariada a mais velha levantou um pouco a cabeça, não sem antes virar de lado e espertamente passar o dedo no olho que soltava mais uma daquelas atrevidas lágrimas.
—Você estava chorando? –Inquiriu a loira petrificada. Swan reconhecia que havia sido irresponsável quanto às crianças e não iria brigar por isso, conhecia o gênio de sua mãe. Sabia que seu estado atual falava da sua tentativa de fuga. Conhecia a si mesma. Ambas estavam em conflito e queriam o melhor uma pra outra.—Mas é claro que não. Não choro por bagatelas, Emma. –Replicou menos descaroável e esnobe.
Ela conhecia bem àquela mulher com traços latinos, com a pele macia e tão brilhosa quanto suas adoradas maçãs Fuji. Aquelas bochechas que Henry adorava apertar quando estavam brincando.
Os lábios da rainha já haviam perdido o "vermelho paixão" do batom que ela sempre usava e que lhe cai tão bem. Diga-se de passagem.
Certamente seu pai e ela haviam se encontrado e tido uma daquelas maratonas "muy cursi" e apaixonada, "detestável" para a imaginação de qualquer filha. Era estranho ver seus pais se beijarem e se amassarem diante de você. -Pensava a loura, absorta em seus devaneios. Passava um filme na mente dela, entre um segundo e outro sem notar: sorria e fazia cara de aversão. Coisa que deixou a outra mulher confusa. Intrigada.
—O que fazer quando a vida te dá cebolas? -Perguntou enigmática e sarcástica.
—Hã? –sussurrou a morena com uma careta de incompreensão. Agora com a testa franzida. Sua fúria havia diminuído. Precisava se manter indiferente. Cautelosa. Se ela não a via como mãe, então não iria insistir. Devia estar muito ébria mesmo.
—Bom, tiramos camada por camada da cebola. Eu também sou uma "Mills", sei que seu jeito de lidar com o medo, a insegurança e a tristeza é ficar enfurnada no trabalho ou soltar sua fera pra intimidar todos que tentam se aproximar.
—Não sabe o que está dizendo. Você tem a mania de erguer muros e fugir quando se sente acuada. -Afirmou a encarando, revirando os olhos em forma de protesto e sorrindo de lado. Seu sarcasmo era sua melhor arma.
—Eu só queria que você se mostrasse como é. Que baixasse a guarda de vez em quando. É difícil competir com você. Você é a mãe perfeita. A filha pródiga. A esposa ideal. A avó dedicada. A mulher mais profissional que existe. -Confessou a princesa gesticulando com as mãos.
—Não, eu não sou perfeita e você sabe. Você sentiu isso. Eu só quero que entenda que precisa cuidar da sua família e estar o máximo de tempo que puder com ela. Nunca sabemos o que será do amanhã. Preciso que faça e viva isso agora, por que a felicidade costuma ser efêmera, Emma. –Disse a antiga Evil Queen de maneira honesta e sutil.
—Regina, você não sabe virar a página, ou melhor, não quer. A Branca se foi. O Rumplestilstiskin também. Então, qual o problema de se divertir e aproveitar um pouco? Você...Nós podemos viver tranquilos e felizes, embora sempre tenhamos altos e baixos. –Falou tentando compreender toda aquela insistência da morena em manter o controle de tudo. De sempre ficar na defensiva.
—Eu já perdi muito e não quero perder mais nada nem ninguém, Swan. –Revela com olhar melancólico. Confissão que tocou a primogênita.
—Mas você ganhou muito também. A vida é cheia de perdas e ganhos, de ilusões, lutas e enganos. Você tem a mim. Têm o Henry. O meu pai e sua neta. Onde eu for eu vou levar vocês comigo. Nunca mais vamos nos separar. Eu te prometo! –Confessou essa última parte quando a abraçou forte e alisou seus cabelos negros e molhados pela leve chuva que caía.
Aquele abraço forte, apertado iluminou um raio de 2 (dois) km. Ruby assistiu a cena emocionada e feliz pela amiga. Finalmente elas estavam se entendendo.
Elas não sabiam, mas estavam vencendo uma escuridão que há tempos se escondia naquele lugar. Regina se permitiu chorar assim como Emma, mas era de alegria por uma ter a outra. Pelo amor que agora ambas dividam sem medo e que se unificava.Aquela Órfã que passou por vários lares, por vários pais postiços que só a aceitara para poder ganhar do governo alguns dólares mensalmente. Os mesmos que lhes dava uma roupa para poder ficar bonitinha quando lá fosse a assistente social, mas que não queriam saber sobre o seu dia a dia. A princesa estava inteiramente ali, por incrível que pareça dessa vez não estava sendo humilhada ou rechaçada. Pela primeira vez, alguém se importava com o estado da sua alma. Do seu coração. Era sua mãe que a abraçava como se nunca fosse soltá-la. O céu da cidade estava repleto de cores que pareciam desprender da aura de mãe e filha, era algo miraculoso. Lindo e inesperado. Mágico.
PS: Não sei se estão gostando dessa nova história e das mudanças que tenho feito para melhorar. 🫣🩷
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A Outra Face
FanficTodos conhecem Snow White (Mary Margareth), ou pelo menos, acham que conhecem a princesa que quase teve sua vida ceifada pela Evil Queen (Regina Mills). Mas será que tudo é como contam? E se a realidade fosse outra? Já pensou que você passa a vida...