Capítulo 3

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Lily

— Eu vou castrar aquele filho da puta!– Henry diz irritado, depois de eu ter contado sobre o que acontecera na noite passada em que Richard me abordara.

— Deixa pra lá, Henry. Agora vamos trabalhar antes que Carmen apareça aqui.

Observo uma mesa cheia de universitários.

Meu sonho era fazer uma faculdade, mas depois que meu pai morreu, minha prioridade agora era trabalhar e sustentar minha casa.

Quem sabe num futuro próximo não consiga fazer minha tão sonhada faculdade de direito?

Sorrio com o pensamento.

Minha mãe insiste para que eu esqueça um pouco meu trabalho e comece a me preocupar com o eu futuro. Claro que me preocupo, só não estou em condições disso ainda.

(...)

Faltavam cerca de trinta minutos para acabar meu horário de trabalho, e eu já estava quase implorando para que o tempo corresse mais rápido.

Tiro o avental e limpo a bancada de mármore. A cafeteria já estava praticamente vazia, haviam apenas algumas pessoas que terminavam seus cafés.

— Quero fazer um pedido.– a voz prepotente penetra meus ouvidos e levanto os olhos para o dono dela. Seus olhos verdes e gélidos se fixam nos meus e eu mordo o lábios. Ele me olha com aparente tédio e eu suspiro.

— Sim, senhor, o que deseja?

— Um café expresso.– senta em uma das banquetas.

Preparo seu café rapidamente e logo o entrego. Ele ao menos agradece. Alcança o copo e deixa algumas notas sobre a bancada.

— Lily, pode ir pra casa. Eu acabo tudo aqui.– Henry diz, tocando meu ombro.

Assinto e pego minha coisas, me despedindo logo em seguida do meu amigo.

Dou uma rápida olhada para o delegado Campbell.

Sei que eu deveria poupar esses pensamentos, mas ele era realmente muito bonito.

Seus olhos encontram os meus mais uma vez. Frios. Inexpressivos. Desvio os olhos rapidamente e sinto minhas bochechas arderem ao ser pega no flagra.

Saio do estabelecimento e respiro fundo antes de começar a caminhar.

Vejo ao lonje um homem encostado em uma parede, fumando um cigarro e meu corpo entra em alerta.

— Ei!– ele tenta me alcançar depois que passo à sua frente.— Sabe que ainda não acabamos a conversa de ontem.– puxa meu braço.

— Sim, acabamos.– tento me soltar.

— Não, não acabamos! Sabe que uma hora ou outra você vai estar implorando para voltar e estar em minha cama.– aperta meu braço com força, onde ficarão prováveis marcas.

— Me solta!

— Não! Se não quiser vir por bem, vai vir por mal.– me agarra pela cintura.

Junto todas as minhas forças e o empurro, dando passos para trás.

— Me deixa em paz!– tento correr.

— Você não vai a lugar nenhum!– puxa meus cabelos, logo depois desferindo um tapa em meu rosto.

— Filho da puta!– o xingo com a mão no rosto.

— Que boca suja.– sorri presunçoso e agarra meu braço novamente, tentando me arrastar para o seu carro estacionado do outro lado da rua.

— Solta ela.– ouço a voz familiar. Graças a Deus!

— E quem é você para me dizer o que fazer?– Richard ri.

O delegado revira os olhos parecendo impaciente com o comportamento de Richard.

Solta o copo de café que ainda estava em sua mão em uma lixeira próxima e anda confiante até Richard.

— Vou falar pela última vez...– suspira parecendo cansado.— Solte. Ela.– fala pausadamente.

— E eu repito, seu merda: Não.– Campbell aquiesce e agilmente dá um golpe em Richard fazendo-o se afastar de mim. Gira seu braço, fazendo com que o mesmo ficasse em suas costas.

— Melhor me obedecer.– ele rosna.

— Desgraçado!– choraminga por conta da dor.— Me solta!

— Você vai ficar longe dela, me entendeu?– Richard assente e o delegado o solta.

Campbell só não esperava que fosse levar um soco no rosto.

E é então que tudo parece ficar em câmera lenta, quando o delegado toca seu rosto, sem expressão alguma. Sorri de lado, olhando para baixo e só então o encara. É como se seus olhos estivessem repletos de ódio. Diferente dos de Richard, que estavam nitidamente cheios de arrependimento.

O delegado o derruba no chão e começa a socá-lo sem pudor. O rosto de Richard já estava cortado e seu nariz saía sangue. Ele tira seu distintivo do bolso e mostra à ele que arregala os olhos.

— Eu não vou te prender. Ainda não, seu filha da puta.– segura seus cabelos.— Pois eu quero ver, seu playboyzinho de merda, se tem coragem de chegar perto dela. Eu te procuro no inferno, seu desgraçado. Te coloco atrás das grades e acabo com você lá dentro.– rosna.— E não pense que não ficarei de olho em você. Eu vou saber de tudo que você estiver fazendo. Por isso, é melhor ter cuidado. Entendeu?

— Si-Sim, se-senhor!– gagueja.

— Ótimo. Agora suma daqui!– Richard não espera nem mais um segundo e sai correndo dali.

Fico ainda petrificada. Eu não consegui dizer nada ou me mover enquanto via os músculos do delegado se contraírem enquanto socava Richard com força.

— Devia escolher melhor seus namoradinhos.– diz limpando o rosto com um lenço.

— Ele não é meu namorado.– reviro os olhos, saindo de meus devaneios.

— Bom, acho que ele não sabe disso.– vem em minha direção.

Bufo e volto a caminhar.

Como ele consegue ser tão... Imbecil?

— Não é muito educado virar as costas para uma pessoa.– diz irritado.

— Me desculpe, senhor delegado.– solto, irônica.— Tenho que ir.– ele me encara por algum tempo, mas logo depois dá de ombros e sai do meu campo de visão, entrando em um carro que estava estacionado perto dali.

Reviro os olhos mais uma vez.

Eu era imensamente grata por sua ajuda, obviamente, mas sinceramente, quem precisava de ajuda era o próprio. Aquele mau humor e suas palavras frias e ácidas, me faziam acreditar que ele não passava apenas de um cara solitário e rabugento.

Respiro fundo e saio dali, apertando meus braços contra meu corpo. Eu precisava urgentemente de um bom banho e um bom descanso.

Minha cabeça estava uma verdadeira bagunça.

***

Editado e Revisado.

Meu Querido DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora