Capítulo III

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    Estava terminando de cantar uma música, tentando ao máximo também manter um olho em Arabella, que estava inquieta. Não insisti em faze-la ficar sentada, o ocorrido da hora do almoço ainda me fazia sentir culpa. Agarrando-se nas coisas, Bella conseguia manter-se em pé sem ajuda, mas ainda não dar seus primeiros passinhos. Desviei-me dela por alguns segundos quando ouvi um espirro, a pequena desequilibrou-se e caiu sentada, meu coração palpitou e imediatamente larguei o violão para pegá-la.
-Você está bem, pequena? - perguntei esfregando minha mão em suas costas, houve outro espirro. - Está ficando muito frio pra você ficar aqui, vamos pra casa.
Assim, recolhi todas as coisas, e começamos o caminho de volta para casa, Bella estava começando a me preocupar. Ela nunca ficara doente antes...
(...)
-Já chega de chorar, minha pequena..
    Desde meio caminho de volta para casa, Bella não havia parado de chorar, após ter checado tudo: fome, fraldas sujas, sono...constatei que algo lhe devia estar incomodando depois de encostar minha mão em sua testa, que suava frio.
-Onde dói, princesa?
    Perguntava, mesmo sabendo que não obteria resposta clara, enquanto balançava a menina de um lado para o outro nos poucos metros quadrados de nossa pequena casa, visivelmente desesperado e sem ninguém para ligar e pedir ajuda. Ela depende totalmente de mim, mais ninguém.
(...)
    Passei praticamente a noite toda em claro, tentando de todas as maneiras possíveis faze-la melhorar para sairmos apenas em dia claro, é arriscado passear por esse bairro tão antes do sol nascer. Arabella foi vencida pelo cansaço, depois de dar-lhe um banho e metade de uma mamadeira, a menina adormeceu, exausta. O relógio marcava seis da manhã, estava arrumando suas coisas para levá-la ao hospital.
    Assim como o dia anterior, o céu continuava cinza, o ar úmido, pesado e congelante. Bella, mesmo enrolada em duas de suas mantas e minha jaqueta, parecia estremecer sob todas as camadas E eu, apenas com um moletom flanelado, sentia meus pelos eriçando abaixo da malha insuficientemente grossa.
    Caminhei boas três quadras até a estação de metrô, os vagões já enchiam-se de gente indo para o trabalho..estive sentado parte do trajeto, mas cedi lugar a uma mulher, também com um bebê. Quando finalmente avistei a fachada do Hospital St. Jaime, suspirei aliviado, já me dirigindo a passos largos ao saguão de recepção.
    Felizmente, só mais duas crianças aguardavam na fila antes da Bella, sentei-me em um sofá e assisti à programação da televisão, o Jornal da manhã transmitia informações meteorológicas...

"Os três próximos dias serão de muita neve, possivelmente batendo a marca dos mais frios do ano! As autoridades recomendam que a população faça estoques de comida e permaneçam em suas casas. Todos os aeroportos terão seus voos cancelados a partir do meio dia. "

    Fitei o pacote de mantas adormecido em meus braços e meus pensamentos logo voltaram para casa, a qual não possuía um bom isolamento térmico, e muito menos aquecedor elétrico...preciso mante-la aquecida a qualquer custo, mas se ficar muito mais frio...como?
-Arabella Hemmings.
    Ouvi a voz da secretária, que anunciava o nome da Bella para sermos atendidos. Levantei-me e a segui por um corredor excessivamente branco até a sala da pediatra, que sorriu simpaticamente.

Arabella || luke hemmings Onde histórias criam vida. Descubra agora