Capítulo XIX

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    Acordei pela manhã deitado no sofá ao lado da Marie, a tv estava ligada em um volume baixinho. Com muito cuidado consegui levantar-me sem acorda-la, que parecia tão confortável debaixo do cobertor branco e felpudo no qual estávamos enrolados. Beijei sua testa e fui para o banheiro me arrumar. Combinamos de sair daqui nove horas, acordei um pouco mais cedo do que queria, ainda eram sete e três.
    Depois de ter tirado meu moletom e vestido a última troca de roupas limpas da minha mochila (emprestei o ferro da Marie para passar minha camisa xadrez branca e preta, que estava muito amassada pelo tempo que passou dobrada), escovei meus dentes, penteei meu cabelo, lavei meu rosto e finalmente aparei um pouco os pelos da minha barba.
    Quando passei pela sala de novo, não encontrei Marie deitada, só o amontoado de cobertor e almofadas. Dei três passos em direção a cozinha e meu nariz sentiu o cheiro incomparável de ovos, bacon e café.
-Hey, beautiful.
-Morning, handsome. - ela respondeu sorrindo e nos beijamos brevemente.
-O café da manhã está com um cheiro ótimo.
-Você também, passou perfume? - apenas pisquei um dos meus olhos em resposta.
-Bom, mal posso esperar pra ver a Bella de novo. Eu realmente sinto saudades... - disse enquanto tomava um gole de café, que ainda estava bem quente.
-Me desculpe, Luke. - Marie sussurrou com seus olhos vermelhos, de novo.
-Ei Marie, conversamos sobre isso ontem. Eu já te perdoei, entendo seus motivos pra ter feito aquilo. Já superamos isso, agora esqueça. Ok? - ela assentiu.
-Ótimo. Agora, vamos terminar o café e ir buscar a Bells.
    Depois de terminarmos o café, descemos até a garagem da Marie, embaixo da galeria, e dali dirigimos por quase uma hora e meia até chegarmos ao orfanato. O lugar era em uma parte mais reservada da cidade, sem muito movimento, um bairro de bom status. Mas claro, como a maior parte das casas de Londres, o estilo da construção não era nada moderno, e o fato de eles terem preservado o enorme portão de ferro na porta de entrada não causava impressão de hospitalidade.
    Como o combinado, eu, infelizmente não poderia ir junto com a Marie para dentro do orfanato, já que supostamente teria sido o pai que abandonou a menina. Eu nunca faria isso. Marie estacionou e desceu do carro, eu lhe desejei boa sorte e a vi ser atendida no portão por um freira, que a deixou entrar.
Esperei por cerca de uma hora no carro, mexendo mo meu celular e mudando as estações do rádio, quando Marie voltou para o carro com um monte de papéis na mão.
-Luke! - disse com entusiasmo sentando-se no banco.
-NÓS conseguimos! - a abracei brevemente. - Eu contei a situação toda pra diretora do orfanato, ela compreendeu e aceitou deixar adotar a Bella, mas vamos ter visitas de uma assistente social durante seis meses.
-Essa foi a melhor notícia que eu recebi hoje. - suspirei aliviado.
-Poderemos busca-la as duas horas.
-Ok, vou tentar esperar mais um pouco.. - ri.
Eu e Marie ficamos conversando um pouco no carro até por volta do meio dia, então resolvemos dar uma volta pelo bairro até acharmos um restaurante para almoçar.
    Felizmente o tempo passou rapidamente e logo estávamos estacionando novamente na mesma vaga diante dos muros do orfanato.
-Espere aqui, volto logo. Com a Bella.
    Foram os cinco minutos mais longos da minha vida, eu mal podia esperar pra abraçar a minha princesinha de novo. De repente, o ranger das dobradiças do portão me despertou de meus pensamentos, virei-me em direção a ele e vi Marie saindo com a pequena em seus braços. Não fui paciente para esperar Marie entrar no carro, abri a porta e saí, indo ao encontro das duas.
-Daddy! - Bella disse alegre assim que me viu, meus olhos encheram-se de lágrimas.
-Minha princesinha. - disse enquanto Marie me passava a menina. - Eu senti saudades, pequena. - a abracei contra o meu peito e deixei algumas lágrimas escorrerem. 
-Vamos pra casa.. - Marie disse.
    Entramos no carro, e antes que Marie colocasse a chave na ignição, vi lágrimas escorrerem de seus olhos aos montes.
-Marie...?
-Me desculpem. Querendo ou não isso foi minha culpa, eu fui muito egoísta. Eu só..estava muito assustada com a ideia de ter que cuidar de uma criança sozinha e não pensei direito. Me desculpe Luke e me desculpe Bella. - disse beijando a testa da menina em meus braços. - Eu prometo cuidar de você pra sempre, ok?
-Mommy! - Bella disse esticando as mãozinhas para Marie.
-Eu? Mommy? - perguntou surpresa, logo com um enorme sorriso nos lábios.
-Parece que sim. - ri.
    Bella esperneou até eu deixa-la ficar por alguns minutos no colo da Marie. Depois de mais alguns minutos, secaram-se todas as lágrimas, Marie ligou o carro e seguimos de volta pra casa. Casa..
-Luke, preciso ir ao mercado fazer algumas compras, vocês vem? Ou preferem que eu os deixe em casa? - perguntou.
-Vamos com você, preciso comprar coisas pra Bella. Fraldas, papinha, essas coisa. Ah, e eu pago as compras.
-Não, eu vou pagar. Não se incomode com isso.
-Marie, se vamos morar juntos, eu quero dividir as contas. Eu ainda ganho pouco, mas agora que não tenho que alugar um lugar pra ficar, vou ajudar a pagar e pronto. - respondi sério.
-Ok, sei que não vai adiantar dizer nada. - ri.
-Exatamente, agora vamos.
Marie dirigiu até o Wall Mart mais próximo. Fizemos a compra do mês de comida e tudo que precisávamos para usar em casa. E para a Bella, fraldas, lenços umedecidos, pomada, shampoo, papinha, chupetas e mamadeiras novas, e até um outro coelhinho de pelúcia (o outro estava ficando velho e feio demais).
Quando voltamos para casa, um pouco depois das seis, Lily já havia fechado a livraria. Subimos e fui direto dar um banho na Bella. Deus, senti falta dessa menina. Depois de troca-la, a coloquei deitada na cama para tomar um pouco de leite enquanto assistia a tv do quarto de hóspedes. Não quis sair de perto dela, e fiquei sentado ao seu lado a observando enquanto mexia em seus cabelos.
-Eu nunca mais vou deixar você, anjo. - beijei sua testa.

Arabella || luke hemmings Onde histórias criam vida. Descubra agora