Capítulo XII

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-Marie!
    Entrei eufórico na livraria, quase me esquecendo de deixar a camada extra de neve sobre as minhas roupas lá fora.
-Luke, você já está de volta! Como foi?
    Caminhei até o perto do balcão, onde ela estava e lhe mostrei os papéis de admissão.
-Eu consegui o emprego! Começo na segunda!
-Luke, que notícia maravilhosa! - Marie avançou os poucos centímetros que nos separavam e me abraçou com força.
-Sim, é uma ótima notícia. Hey, cadê a Bells?
-Eu a deixei lá em cima, ela dormiu de novo minutos depois de você ter saído.
-Ah..
-Não se preocupe, olha o que eu arrumei!
Marie pegou um aparelho que estava sobre a bancada e me entregou, um walk talk...era uma babá eletrônica.
-Se ela acordar, nós vamos saber.
-Marie..não precisava ter gastado com isso. Quando você comprou?
-Eu não comprei, eram de um priminho meu. Não sei porque veio parar aqui. Então, relaxa. - ela riu e revirou os olhos por trás dos óculos.
Coloquei o walk talk sobre o balcão e me sentei, a observando rasgar pacotes e desencaixotar alguns livros. Era engraçado ver como ela era pequena perto das prateleiras, precisava da ajuda de escadinhas de três degraus para alcançar as últimas.
-Hey, precisa de ajuda para desempacotar? - ela sorriu.
-Sim, por favor.
Me levantei e fui ajudá-la, eu desempacotava e lhe passava os livros, que estavam sendo reorganizados.
-Acho que acabamos por aqui.. - disse colocando os três últimos no lugar e analisando o resultado da arrumação.
-Qual é o seu livro preferido?
-Não sei, é como perguntar a uma mãe qual é o filho preferido.
-Ah.. - ela riu e tirou os óculos para limpar as lentes na barra de sua camiseta.
-Gosto de ler um pouco de tudo. Meus autores preferidos são: Nicholas Sparks, Stephen King e Dan Brown. Nessa ordem. - respondeu descendo da escadinha.
Pensei até em assentir como se já tivesse ouvido falar desses caras antes, mas minha ignorância literária é realmente uma realidade. Ela inclinou levemente sua cabeça para trás e riu.
-Você não gosta de ler nem um pouco, não é?
-Não, desde pequeno até o final do colegial eu preferi lidar com os números. Minha mãe é professora de matemática.
-Bom, eu sempre odiei matemática. Mas isso não me impedia de tirar as maiores notas!
Encostei-me em uma prateleira ainda sem livros e cruzei os braços sorrindo de canto.
-Nerd. - disse para provocar.
-Eu prefiro o termo estudiosa, Hemmings.
-Acho que continua sendo nerd pra mim. - Marie revirou os olhos.
-Que seja, eu era bem nerd mesmo. - ela admitiu com frustração analisando seus óculos, ela não precisava deles quando não estava lidando com livros e letras (quase nunca isso acontecia).
-Ei, desculpe. Eu só estava brincando.
-Sem problemas, Luke. - ela sorriu.
Fizemos contato visual por dois ou três segundos, eu não queria nunca mais ter de desviar os olhos daquelas esmeraldas brilhantes. E o que era aquele sorriso? Algo tão fundamental, mas que nela era o suficiente para me dar arrepios, num bom sentido.
-Alguém já te disse que você tem um sorriso muito bonito?
-Não, não até agora. - suas bochechas coraram. - Obrigada.
    Estávamos agora tão próximos, nossos rostos tão perto que sentíamos as respirações nos tocando a pele. Seus olhos ainda fixos nos meus, o que me permitia mapear em detalhes cada manchinha de sua íris. Meu coração havia acelerado, senti uma onda de calor percorrer meu corpo e cansado de esperar, não resisti. Juntei nossos lábios em um movimento rápido, e para a minha surpresa, as mãos dela foram imediatamente para a minha nuca e ela me beijou de volta.
    Não aprofundamos o beijo, com medo de estragar algo que já parecia perfeito. Meu coração estava tomado por um sentimento bom e confortável, mas em contradição, meu cérebro alertava-me. Aquilo parecia tão certo, mas tão errado..
    Quando nos separamos, nos olhamos um pouco surpresos. As bochechas dela estavam vermelhas, seus lábios vermelhos e um pouco inchados. Meu Deus, o que fizemos?
-Erm..acho que vou fazer um café pra mim, quer um? - Marie perguntou ainda desconcertada.
-Quero sim, por favor. - respondi sorrindo.
    Espero não ter feito besteira.

Arabella || luke hemmings Onde histórias criam vida. Descubra agora