Capítulo XVII

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    Durante o primeiro dia Marie havia passado a manhã toda esperando Luke, imaginando o que teria acontecido para ele não ter voltado como prometera. Teve de deixar a livraria nas mãos da sua funcionária, Lily, para cuidar de Arabella durante toda a manhã, não que ela se importasse muito. A menina até então não lhe dera mais trabalho do que o normal para um bebê daquela idade.
    As horas foram avançando no relógio, e logo mais uma tarde também estava para acabar. Um pouco antes das seis horas, Marie deixou Bella por alguns minutos sob os cuidados de Lily e fez seu caminho até o hotel onde Luke havia começado a trabalhar no dia anterior, ele não estava lá.
    A noite havia caído e novamente no apartamento estavam apenas as duas. Marie teve de se desdobrar para conseguir preparar seu jantar, tomar seu banho e ainda cuidar da menina. As pilhas de louça já estavam se acumulando e a casa precisava de uma boa limpeza e organização. Seu único tempo livre era durante as sonecas da Bella.
    Mesmo de madrugada, ela dormiu com a menina em seu quarto, pronta para acalma-la durante a noite, ir buscar uma mamadeira ou trocar suas fraldas. Marie a amava muito, como se fosse de sua família, e prometera a Luke trata-la bem. Mas, bem no fundo reclamava e sentia-se cansada daquela rotina, sem nem mais tempo para si mesma ou seus amados livros.
    Mais dias se passaram, Luke não lhe atendia as ligações, não dava sinal algum de que ainda estivesse vivo. Nem Marie, nem Bella estavam mais dormindo direito. Marie fazia de tudo ao seu alcance, mas todas as noites a criança chorava inconsolavelmente em seus braços murmurando "Daddy" entre soluços. No sofá da sala ela se sentava com Bella em seu colo cantando canções de ninar, até finalmente conseguir faze-la se acalmar o suficiente para pegar num sono por volta das quatro da manhã.
Por mais que tentasse aguentar firme e manter tudo sob controle por fora, por dentro apenas existia uma adolescente assustada, que não tinha a mínima ideia de cuidar de um bebê que nem era seu. A cada noite, suas esperanças de que Luke voltaria diminuíam.
Por fim, sua paciência quase infinita havia se esgotado. Um sentimento ruim havia lhe tomado conta, sentiu-se enganada e traída. Como ela pode ser tão ingênua e tão cega para não perceber que o único e real motivo para Luke se aproximar dela seria se aproveitar da primeira oportunidade e abandonar aquela pobre criança ali mesmo. Tudo que ele mais queria era se livrar da pequenina, que provavelmente estava arruinando sua vida tão perfeita de festas, baladas, garotas, álcool e drogas.
Mas e todas aquelas histórias, todas as risadas..e o beijo? Tudo aquilo teria sido mesmo apenas um teatro bem feito para fazê-la cair na armadilha, apaixonada e cega por um amor que jamais existiu? Sem que ela tomasse consciência, esses pensamentos aos poucos estavam a envenenando.
    Na tarde do quinto dia, sem chão, totalmente desesperada, Marie resolveu fazer o que achava que seria o certo. Com lágrimas escorrendo-lhe dos olhos e dor em seu coração, bastou apenas uma ligação e uma visita, ela havia desistido.

Arabella || luke hemmings Onde histórias criam vida. Descubra agora