Capítulo II

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Seus olhos mostravam raiva de Klaus, seja lá o que tivesse feito, não gostaria de ser sua inimiga.

— Você irá me ajudar, Valora? — perguntou, ainda segurando meu rosto.

— Com o quê? — perguntei, com medo de qualquer proposta que ele pudesse fazer.

— Informações que tenha ouvido, qualquer coisa que possa nos ajudar a pegá-lo — falou, calmamente.

Qualquer coisa, não. Posso lhe ajudar com nomes, conversas e informações — falei, me levantando e sequei o rosto. — Mas terá um limite.

Dimitri parecia não querer ouvir o tal limite, mas era pegar ou largar.

— Diga — falou, já de frente para mim.

— Não me coloque na cama com nenhum homem —  falei, sustentando seu olhar.

— Por que diabos eu fa- — começou, e se interrompeu, percebendo um pouco do que eu passar no tempo na casa de Klaus. — Certo, você não fará nada com ninguém, você tem minha palavra.

Concordei, com o olhar na janela. Queria continuar chorando mais um pouco, mas Velichkov segurou meu queixo com calma e me fez encará-lo nos olhos.

— Você está segura aqui, Valora — falou, examinando meu rosto. — Nós vamos fazê-lo pagar.

O fitei, como sinal de concordância. Pela primeira vez em seis anos, eu estava me sentindo segura. Dimitri secou algumas de minhas lágrimas e saiu, me deixando sozinha. Me deitei na cama e tentei me lembrar de algo que tenha ouvido de Klaus e algum outro homem. Henrietta não me visitou depois, acho que Velichkov havia pedido privacidade por mim. Eu não sabia em que cidade eu estava, se continuava ao menos na Rússia. Queria contar toda a história para Velichkov, mas não podia. Não ainda.

Acabei adormecendo, e acordei com um raio de sol no fim da tarde. Ainda estava com o vestido verde, mas no quarto eu não estava sozinha. Dimitri e mais dois homens estavam ali, sendo um deles meu tio Sigmund.

— T-tio? — falei, faziam-se tantos anos, eu mal o via antigamente, mas ali estava ele.

— Val — falou, seus olhos azuis como os de meu pai, ambos puxaram da vovó. — Quando Dimitri me contou que você estava aqui... — disse, com a voz embargada.

Me levantei, quase caindo e corri para seus braços. Fazia tanto tempo que não tive ninguém para chamar de família, e de repente tudo havia mudado. Descobri que o segundo homem era meu primo, Christian, que nascera dois anos depois de mim.

— Valora, você sabe que precisamos de você? — Dimitri falou, colocando a mão em meu ombro. — Sigmund acabou de levar essa briga para um lado ainda mais pessoal.

Concordei com a cabeça, sentindo um aperto em meu obro, leve. Dimitri não parecia o chefe entre eles, ele não havia dito e nem precisava, eu aprendera a reconhecer um - ele definitivamente era dos que colocava ordem e respeito onde quer que passasse. Ele tinha os cabelos compridos e um piercing no meio dos lábios, e uma barba quase imperceptível. Enquanto isso, tio Sigmund e Christian eram o oposto.

— Senhor Velichkov — Henrietta disse, parada na porta —, o senhor Matvey o aguarda no andar de baixo.

— Avise-o que já estou descendo —  falou, com a mão ainda em meu ombro.

Velvet Crowbar #1 | ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora