Capítulo XXI

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Aquela manhã do dia primeiro de janeiro foi um pouco diferente. Até porque como eu acordei, não estava nos meus planos. Quem dera fosse com beijos de Dimitri no rosto, mas ao invés disso, eu estava em seus braços, tremendo e suando frio devido ao pesadelo.

Eu acordei de um lugar onde eu nunca pretendia voltar um dia, onde Klaus e todos aqueles outros homens me usaram. Inclusive Aaron. Meu coração batia rápido demais, como se um ataque de pânico tivesse tomado conta de mim.

- Eu estou aqui, Valora... eu estou aqui - ele murmurava, me abraçando forte.

Minhas mãos corriam desde seu tronco até seus cabelos, numa forma de entender que Dimitri era real e ele estava ali, não Klaus. Quando meus batimentos cardíacos diminuíram, consegui pensar direito. Aquele sonho havia me colocado em um dia, quando eu tinha por volta de 15 anos, e Klaus andava impaciente com sua ex-esposa, sobrando apenas para a recente órfã. Eu não sabia até aquele ano que minha mãe estava viva.

Lágrimas quentes desceram minhas bochechas, a dor parecia ser real. Nada comparada a que senti quando perdi minha virgindade de uma forma bruta, como nenhuma garota deveria experimentar. Com isso, apenas abracei o homem a minha frente, como se minha vida dependesse disso.

- Céus, V, eu vou matá-lo por tudo que te fez - murmurou contra meu cabelo, como uma promessa para mim e para ele.

Ficamos naquela posição por alguns minutos, me acalmando. Quando me sentei, Dimitri ainda tinha um de seus braços ao redor da minha cintura, me protegendo de tudo.

- Obrigada, Mítia - agradeci, lhe beijando o rosto.

- Não precisa agradecer, Valora - respondeu, corando um pouco. - Mas caso queira desabafar sobre isso, estarei aqui para você.

Assenti com a cabeça, e eu sabia que ele queria dizer aquelas palavras. Levantei da cama, usando uma de suas camisas brancas, era o mínimo que eu podia fazer para tirar aquele pesadelo da minha mente. Eu queria sair do quarto, mas eu sabia que logo estávamos saindo para o casamento de Sophie e Matvey. Quando cheguei na sacada, quase voltei correndo, estava frio, mas não me impediu de seguir adiante, eu gostava daquela sensação. Saber que eu podia sentir o vento gelado, depois de anos em uma casa que fora uma prisão.

Senti dois braços por trás de mim, me aquecendo. Um sorriso involuntário veio ao meu rosto, como se a presença dele por perto fosse o suficiente para me fazer feliz. E era.

- Vou precisar ficar um tempo aqui no quarto, revendo alguns relatórios. Inclusive de Gabriel, que mês que vem já deve ter sua mãe em minha proteção.

Meu coração parava e eu suava frio em pensar na minha mãe livre novamente, eu pensava que era impossível nós duas sairmos das garras de Klaus. Seus dedos faziam círculos imaginários em minha cintura, e logo estávamos dentro do quarto novamente.

- Acho que tínhamos um acordo para hoje, V - sussurrou no meu ouvido.

Todos os problemas sumiram quando ele trouxe aquele assunto para a conversa e, céus, eu ansiava por aquele momento.

- Sim, temos - respondi, também num tom baixo, perto de sua boca.

Dimitri me segurou por trás das minhas coxas, me deixando entrelaçar minhas pernas em sua cintura, e logo me carregou até a cama, como se eu não pesasse nada. Para nos proteger do frio eu insisti em colocar a coberta por cima de nós, "não vamos sentir frio", brincou, mas mesmo assim eu ganhei.

O puxei segurando seus cabelos, agora mais curtos, trazendo sua boca em direção a minha. Quando seus lábios tocaram os meus, era como se nenhum de nós pudesse parar. Suas mãos me seguravam pelo quadril, me puxando para mais perto de sua semi-ereção, e não me deixando soltá-lo do aperto que minhas pernas tinham em seu redor.

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