- Ele quer ir com você? Por quê? – Safira perguntava com sua voz de esquilo do outro lado da linha telefônica.
- Não sei! Ele está enlouquecendo, Sas. Agora colocou na cabeça que é meu namorado.
- Oh, menina, você há de convir. Vocês moram juntos há cinco anos, o cara só esta fazendo o que todos esperavam que acontecesse.
- E o que é que todos esperavam que acontecesse?
- Que vocês se apaixonassem e ficassem juntos de vez! Sem essa bobagem de amizade colorida.
- Eu não estou apaixonada por ele! – quase gritou
- Percebe-se. Mas e ele? Esta por você?
Os questionamentos de Sas rondaram sua mente o resto do dia, e mais uma vez não conseguiu escrever uma linha da coluna. Safira era uma de suas amigas mais próximas da época de adolescência. Com um jeito engraçado de se vestir e uma voz mais engraçada ainda, ela era a pessoa mais sem papas na língua que ela conhecia.
As duas fizeram todas as aulas de história juntas, desde sempre. Safira era o tipo de mulher que não se importa nenhum pouco com o que os outros pensam. Usa as roupas mais fora de moda possíveis, defende a proteção dos animais e luta pela igualdade dos sexos e do "amor livre". É uma "neo-hippie" completa. Mas o que ficava bem evidente, com seus cabelos pintados de um preto quase roxo, repicados e uma franja que não lhe caia nada bem, é que na verdade era uma versão confusa da mistura de "Hair" com "Rolling Stones".
...
A noite do baile se aproximava. E as casas de festa eram péssimas! Isso de acordo com Gwen. Todas tinham algum defeito irrefutável. Era impressionante que com apenas dois dias de organização do evento, Fabi já estava tendo suas vontades desrespeitadas.
- Eu devo ter um gosto horrível Azul! Nada que eu sonhei para esse dia é bom o bastante para a família dele. Eu achei que nós nos daríamos bem, que iam me ajudar e não atrapalhar.... – ela dizia em prantos com um a caixa de lenço nas mãos no meio da sala
- Meu bem, não tem nada de errado com os seus gostos. Essas mocréias que não tem o menor senso de elegância. – respondeu Max em sua versão veado
- A biba aqui tem razão.
- Brigada mona!
- Nada Madonna! Elas não sabem do que estão falando e não vão fazer do seu casamento um show de horrores, nem ficar discutindo inutilmente se bege é marfim e se marfim é champanhe! A partir de agora seu casamento está sob minha responsabilidade!
- Mas já não estava antes? – Fabi tira a cara do travesseiro
- Mas eu não queria o fardo. Mas agora estou aceitando de bom grado a missão, oh Mestra Ioda!
- Só vocês para me fazerem rir!
- Somos um Maximo!
- Chega Max, daqui a pouco vou acreditar que você é mesmo gay! – disse Fabi indo lavar o rosto
- Ah esse daí eu garanto! Ele pode ser tudo, mas gay... nhã.
- Em falar nisso, e você dois? Quando vão se resolver de vez?
- Quando ela deixar!
- Então a resposta é nunca! – Azul dá fim a conversa se levantando para pegar um copo d'água
Aquela era só uma brincadeira de amigos de infância, mas a pergunta de Fabi incomodara Azul e a resposta de Max mais ainda. Era como se todos realmente tivessem total certeza de que eles ficariam juntos, e como se isso só não tivesse acontecido ate agora porque ela não permitia.
E o dia seguinte seria sábado, o dia do baile.
04/05/12 – sexta-feira
19:00
Estou com bloqueio criativo. Não consigo pensar em um único parágrafo para minha coluna desse mês. Em parte o tema me atrapalha muito, e minha vida atual também. Alem da questão tensa da festa, o casamento, ainda tem o Max que não largou do meu pé desde que Fabi saiu de casa.
Amanhã é o grande dia e eu ainda nem sei qual vai ser minha roupa!
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Diário de um casamento
ChickLitQuando Azulaia Grein recebe o convite para ser madrinha de casamento de sua melhor amiga, já sabia que os próximos meses de sua vida não seriam fáceis, mas não imaginava o quanto seriam difíceis. Tendo que lidar com as investidas apaixonadas de Max...