Capitulo 6

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A coluna estava escrita, mas ainda precisava de algo. Azulaia sentia como se não tivesse sua marca ali. Ela preferira não incluir nada de pessoal nela, preferira se prender aos padrões de senso comum, afinal era uma revista adolescente ninguém que leria ia ter um gosto muito refinado de opinião mesmo...

A semana voara, já era sexta feira e Azul iria a uma costureira resolver o vestido de noiva de Fabi. As duas combinaram que se tivesse uma maneira de modificar o vestido para caber perfeitamente em seu largo quadril, ela iria compra-lo mesmo meio apertado, se não, procuraria outro modelo. Ela sonhara com o vestido perfeito desde os treze anos, sempre procurando um modelo que não a deixasse gorda.

Fabi não era exatamente magra, mas não era gorda. Seu desenho de corpo era largo, o que dava a impressão de que estava fora do peso, mas isso não a deixava feia, aliás, nada a deixava feia. Com seus belos cabelos chocolate ondulados e seus olhos mel, Fabi era realmente bonita. Ela tinha heranças brasileiras por parte de seu pai, que veio como imigrante aos Estados Unidos. Aqui ele conheceu sua mãe, se casou e regularizou sua situação. Seu nome, Fabiana, foi escolhido em homenagem a sua bisavó brasileira, o que o tornava incomum e difícil de pronunciar em inglês, por isso sempre era chamada apenas de Fabi.

Cada dia que passava as ligações de Will se tornavam mais recorrentes e o mau humor de Max também. Azulaia estava vivendo uma época de paz e sossego. O casamento já estava em andamento, a coluna desse mês recebia cada vez mais elogios, a do próximo mês já estava pronta, a felicidade reinava em volta dela. No fim do dia, finalmente tinham resolvido o vestido. Fabi estava satisfeita com tudo, as outras madrinhas sumiram do mapa e no dia seguinte, Azul iria a outro encontro com Will.

...

O vestido azul turquesa havia sido escolhido especialmente para o passeio de barco e o almoço no parque.

- Está deslumbrante! – disse ele, de calça jeans e camisa de malha verde claro, apoiado no carro prata assim que ela saiu da portaria de seu prédio.

- Você também está lindo! E essa cesta de piquenique cheia de coisas gostosas mais ainda! - respondeu com seu senso de humor a toda

- Obrigada, agora sobre a cesta... vai ter que esperar para descobrir o que tem dentro dela. – disse abrindo a porta do carro

- Maldade! – com um selinho, saíram para o piquenique ao ar livre.

- Você acha que um relacionamento precisa ser sério para ser bom? – aquela pergunta a pegara de surpresa

- Não sei, acho que não...

- É que eu vejo as pessoas se amarrando em rótulos e sendo infelizes. Minha irmã mais velha passou sete anos namorando um cara e quando terminaram ela pegou aversão a compromisso e resolveu curtir a vida sem namorados, ficantes, peguetes... como ela diz: "são só pessoas com quem eu passo a noite. Se for bom, pode durar mais uma, duas... seja lá quantas forem, eu nunca vou chamar ele de namorado." Hoje em dia ela tem um cara que ela apresenta para todo mundo exatamente assim "esse é o meu cara", não mente dizendo que é um amigo, não afirma que é um namorado, não diminui o que eles tem falando que é só um caso... ela simplesmente diz que ele é o cara dela e ela é a garota dele. – começou a falar mirando o horizonte verde das árvores no final da campina de grama verde

- Eu não estou entendendo...

- É só que, como publicitário eu vivo criando frases feitas, rótulos, marcas registradas de várias coisas, mas com relação a sentimento eu acho que não existe uma embalagem que diga: olha nós estamos juntos, ou olha não estamos mais juntos. Detesto essas coisas. Eu sei que as mulheres adoram essas historia de "esse é meu namorado", mas eu acho que não deveria existir palavras padrão para dizer o que a gente sente. Entendeu, ou isso é muita confusão para a sua cabeça? – perguntou se virando para ela relaxado, como se aquela conversa não fosse nada de mais.

- Entendi. Você não quer se envolver em um relacionamento sério e está tentando me dizer isso da maneira mais enrolada que existe. Tudo bem, terminamos nosso piquenique e vamos cada um para o seu lado. Sem rótulos, sem complicações, sem padrão de seja lá o que... – Azulaia já ia se levantando e limpando o vestido quando Will a surpreende pegando-a pela cintura e aproximando-a de si

- É... você não entendeu nadinha! Eu não disse que não quero um compromisso sério, eu só disse que não vou te pedir em namoro formalmente para me considerar tendo algo sério com você. Eu não preciso do titulo de namorado para fazer tudo o que um faz.

- Então o que você quer afinal? – ela já estava beirando a irritação

- Você! Mas sem rótulos! – disse simplesmente, dando de ombros.

- Então nós estamos juntos, mas eu não posso te chamar de namorado para as minhas amigas?

- Exatamente. Quer dizer, você pode me chamar como você quiser, só estou dizendo que eu prefiro a falta de pressão que o nome trás.

- Ta bem...

Sem rótulos, sem nomes formados, mas com compromisso e respeito, era isso que Willian estava propondo; um namoro sem ser chamado de namoro. Para Azul aquilo não fazia o menor sentido, mas já que ele queria assim... que fosse.

Em suas conversas com a amiga, Fabi deixava claro que o achava maluco e tinha certeza que ele estava era querendo ficar com Azul enquanto pegava geral. Ela continuava afirmando que era melhor a amiga continuar com Max, assumir de vez o relacionamento dos dois e seguir a vida como tinha que ser.


17/05/12 – quinta-feira

13:00

Detesto a mania que todo mundo tem de achar que sabe mais da minha vida e do que me faria feliz do que eu. Fabi repete para mim quase todo dia que o melhor para mim é o Max, ele por sua vez está totalmente afastado de mim. Nunca mais conversamos como costumávamos e ele nunca diz o que realmente pensa, eu consigo sentir.... Mas o pior de tudo não é isso, é que um dia vou ter que contar a verdade para o Will e eu não sei qual vai ser a reação dele.

Semana que vem é a semana da organização do jantar de noivado que,obviamente, não poderia ser simplesmente em um restaurante como gente normal faz. Não... Jean faz questão de convidar até a Tia Gail, que mora no Texas,então o jantar se transformou em um pré-casamento tão trabalhoso quanto o próprio. A minha sorte é que o jantar em si só vai acontecer daqui a quase dois meses. Não sei pra que tanta antecedência...    

Diário de um casamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora