Capítulo 10

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Acordei com a luz que invadia o meu quarto vinda da janela. Era tão forte que pus involuntariamente a mão à frente dos olhos para poder acordar como deve ser.

"Bom dia dorminhoca."

Uta sussurrava no meu ouvido aquelas doces palavras. Abri os olhos e vi o seu belo rosto a milímetros do meu.

Queria me sentir bem ao acordar assim, mas as memórias de Uta coberto de sangue vieram-me assombrar. Logo depois, o Macello...

- Deixa lá os teus pensamentos e beija-me.

Puxou o meu queixo lentamente para si e tocou de leve com os seus lábios nos meus. Sentia-me nas nuvens sempre que o beijava...

- Estive a pensar e...devíamos ir à Anteiku. - disse Uta, com o olhar preso no teto.

- Anteiku? O café do Kaneki? - perguntei surpreendida. - Bem, por mim tudo bem... Mas há algum motivo em especial?

- O Yomo deve estar por lá a esta hora, a ajudar no balcão. Preciso de falar com ele sobre ontem. Ele saberá o que fazer.

- Yomo...o teu melhor amigo?

- Sim, esse mesmo. Vais gostar de o conhecer. Só não o troques por mim... - semicerrou os olhos na brincadeira.

- Nunca! - sorri abertamente.

- Linda menina. Muito bem, veste-te então que vamos lá tomar o pequeno-almoço. - ditas estas palavras, Uta saiu de cima de mim dirigindo-se à porta do quarto para sair.

Levantei-me da cama e fui em direção ao guarda-roupa. Agarrei numa camisola de manga comprida branca e uns jeans rotos e vesti-os rapidamente. Fui até ao armário dos sapatos e agarrei numas sapatilhas pretas e calcei-as. Já pronta para sair, dirigi-me à entrada. Uta estava de pé à minha espera, com a minha carteira pendurada na sua palma da mão. Acabou por vestir as roupas que eu tinha posto a lavar na noite anterior, apesar de ainda estarem um pouco húmidas.

- Até com as roupas mais simples consegues sempre ficar perfeita...- as palavras de Uta aqueciam-me o coração.



O nosso carro parou em frente a um pequeno café entre os grandes prédios algures em Tóquio. Algumas plantas enfeitavam a entrada, deixando o café com um aspeto muito afável. Ao empurrar a porta, entro silenciosamente agarrando a mão de Uta.

- Olha quem são eles! - Kaneki recebe-nos com um grande sorriso.

Ele encontrava-se atrás do balcão a fazer café, enquanto Touka estava a servir às mesas quando chegámos.

- Uta! Mariko! É tão bom ver-vos! - Touka sorri levemente quando se apercebe que havíamos entrado.

Sentei-me numa das mesas. Eram daquelas à moda antiga, de madeira. Uta sentou-se à minha frente, sorrindo.

- Ofereço-vos um cafézinho? - perguntou Kaneki do balcão.

- Se fizeres o favor. - pediu Uta.

- É pra já!

Kaneki trouxe-nos o café. Tinha um cheiro maravilhoso, deveras especial devo dizer.

- Cheira bem! - disse para Uta.

- Uhum...- Ele mostrava-se indiferente.

- Que se passa?

- Nada...- a sua expressão era triste, um pouco solitária. - Esta chávena, este maravilhoso cheiro, traz-me memórias. Sabias que fui eu que fiz a primeira máscara ghoul do Kaneki?

Até ao FimOnde histórias criam vida. Descubra agora