Passou-se algum tempo.
A melhor maneira de descrever a situação de agora seria pensar num bolo. Exatamente isso.
Uta cozinhara um bolo. Mas ficou demasiado tempo no forno. Primeiro notou-se o cheiro a queimado, ao qual ele achou estranho. Depois, ao abrir a porta do forno, apercebeu-se da gravidade da situação. No meio de todo esse pânico, tirou a forma de ferro a escaldar para fora sem qualquer coisa a proteger as suas delicadas mãos. Nada de luvas ou panos.
Agora, Uta passa as mãos doridas e avermelhadas pela água fria, que aliviam significativamente a sua queimadura.
Estes tempos passados ao lado de Uta, vivendo em casa dele, têm sido como um banho de água fria para os nossos corpos escaldados, depois de tudo o que aconteceu.
Estamos a aproveitar o intervalo do jogo entre Uta e Macello. A investigação continua, supostamente, mas a ACC concordou em tirar um tempo para pensar nas coisas, digeri-las, deixá-las passar de vez em quando na mente enquanto esta se prepara para o pior simultaneamente.
No entanto, estar todos os dias com Uta é melhor do que qualquer uma das minhas fantasias. A maioria do tempo é passado, bem...na cama. E não estou a falar em descansar. Quando saímos, é para ir a alguns bares ouvir bandas amadoras, mas poucas delas teem talento. Continuo a trabalhar na Anteiku e o Uta vai ajudando no que pode no café, quando não tem muita gente na loja dele.
É uma rotina, claro. Mas modos de vida como estes não são necessariamente aborrecidos. A monotonia cura por dentro, enquanto o relógio anda à roda. Além disso, não há nada chamado "entediante" quando o assunto é o Uta. Principalmente quando chegamos a casa depois de um longo dia sem nos vermos, nos tocarmos, nos beijarmos...
Mas no final do dia, quando sou só eu e os meus pensamentos, eu percebo o quão inútil sou para Uta. Vi-o chorar, magoar-se e potencialmente morrer ou ver os seus amigos darem a vida por ele, diante dos seus próprios olhos. E tudo o que eu podia fazer era...observar de longe.
Durante este tempo que tenho passado com ele, não consigo perceber porque é que Uta prefere passar tempo indefinido comigo ao invés de pensar no assunto do Macello e trabalhar nisso. Talvez ele tenha um lado menos inteligente, ou tem pouca resistência ao charme feminino. Mas sinto que, às vezes, eu estar aqui só está a empatar o inevitável. E está a dar menos tempo para Uta se preparar para a luta da vida dele.
- Mar-chan, no que estás a pensar? Andas muito distraída ultimamente... Passa-se alguma coisa?
Uta olha para mim confuso mas preocupado. Ele consegue sempre notar quando estou fora do normal, mesmo quando tento agir como tal. Apesar de nos conhecermos apenas há meses, parece que somos amigos há anos. Talvez sim...noutra vida. Noutros corpos. Mas eu não o posso preocupar com os meus pensamentos irrelevantes.
- Não é nada demais, acho que só ando um pouco cansada do trabalho.. ultimamente tem vindo mais gente ao café.
Uta franze as sobrancelhas ligeiramente chateado, acariciando os meus cabelos.
- Vou ver se consigo que o Yomo te ponha a fazer menos coisas... Caramba, até eu posso dar uma mãozinha se calhar.
- Não é preciso, a sério, Uta... Isto deve atenuar depois de uns dias.
- Se tu o dizes... Mas qualquer coisa que precises é só me ligares, ok?
Acenei com a cabeça, beijando-o lentamente. Sempre que tento não o preocupar com alguma coisa, ele acaba por ficar assim na mesma, mesmo que seja por outro motivo. Não há mesmo como ignorar...ele gosta de mim. E eu dele...demasiado para não querer que ele me veja no estado interior que realmente estou.
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Até ao Fim
FanfictionA história de Mariko e Uta teve um começo peculiar, mas a pouco e pouco o amor de um pelo outro vai crescendo, ficando bem forte. Ao longo da obra eles irão encontrar algumas peripécias devido ao fato de Uta ser ghoul e Mariko uma humana. Conseguirã...