Capítulo 11

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Hoje era o meu primeiro dia a trabalhar na Anteiku. Tinham passado dois dias depois do Yomo me ter oferecido o trabalho. Não podia estar mais grata pela oportunidade, mas continuava preocupada com Uta e o grupo dele.

Afastei os maus pensamentos da melhor maneira que pude. Caminhei mais rápido e em pouco tempo cheguei ao café. Touka e Kaneki estavam à porta, a enroscar as chaves na mesma.

- Mesmo a tempo, Mariko! Bom dia. - Touka abriu um sorriso.

- Bom dia... - a minha voz mal se ouvia depois de ficar tanto tempo sem falar enquanto caminhava.

- Pareces um pouco nervosa...mas não te preocupes. O café costuma ser calmo e além disso vais trabalhar com os teus amigos! Ou seja, nós! - Kaneki fazia uma expressão presunçosa. Mas as palavras dele eram encorajadoras.



Até agora, estava a correr bem. Estávamos na pausa do almoço. Ainda tremia um pouco o tabuleiro, mas já lhe estava a apanhar o jeito. Trabalhar esta manhã tão sossegada era tão diferente do que eu estava habituada... No café da tia Anne, havia homens sujos e malcriados logo de manhã a pedir café e água ardente. Nunca cheguei a entender como é que eles conseguiam ingerir álcool tão cedo. Mas aqui há um ambiente totalmente diferente. As pessoas falam quase em sussurros, e a maioria fica a ler um livro ou a olhar lá para fora enquanto aproveita o café em suas mãos, em vez de ficar a apreciar as empregadas ou mesmo a apalpá-las. É um conceito totalmente diferente do que a palavra "café" significava para mim.

- Perdida nos pensamentos? - perguntou Touka com um olhar doce.

- Ahh, desculpa... A pausa já deve estar a acabar, não é? Eu acabo de comer rapidinho. - respondi, pegando no garfo e faca e enfiando a comida toda de uma vez na boca.

- Não, não era isso... - Touka riu-se da minha expressão confusa enquanto tinha a boca cheia de arroz. - Só parecias distante, sabes...como se estivesses noutro planeta.

- Ah, eu tendo a fazer isso às vezes...

- Mas não faz mal. E sim, entramos daqui a cinco minutos. O Kaneki já deve vir chamar-nos daqui a pouco.

Naquele momento, Kaneki entra de rompante na cozinha dos empregados.

- Vocês têm de ver isto.

Liga a pequena televisão situada ao lado do microondas. No ecrã, apareceu...ele. Os cabelos grisalhos, o sorriso amarelo que parecia ocupar-lhe a cara inteira...

- Macello.

As palavras saíram da minha boca involuntariamente, muito baixinho. O meu olhar ficava vidrado no pequeno cubo televisivo enquanto ele falava.

"Esta semana, cerca de metade dos meus homens morreram por uma causa maior que eles. Foram peças de extrema importância para o meu plano brilhante: intimidar os ACC. Fomos o primeiro esquadrão a vê-los em tempo real e vivemos para contar a história. Vamos conduzir mais investigações com os esboços das máscaras dos mesmos, e acabar com este caso o mais rápido possível. Eles achavam mesmo que iam matar o meu esquadrão inteiro e escapar ilesos? Os meus inúmeros títulos não são só para enfeitar! Eu vou acabar com eles um a um, e deixar o seu pequeno líder para o fim. E fazer do crânio dele o meu novo cinzeiro."

Fui até à pia a cambalear, enfiando a cabeça mesmo em frente aos pratos sujos. Vomitei o almoço inteiro. Os grãos de arroz desciam pelo ralo lentamente. Cuspi uma e outra vez, enojada com o cheiro que se começava a instalar. A minha barriga doía intensamente, e sentia a minha testa a ferver.

Como é que ele se atreve a falar do Uta assim... Aquele psicopata de merda!

- Mariko, estás bem? - perguntou Touka, que abriu a torneira da pia e limpou a minha boca com o pano da cozinha. Mas eu não conseguia responder.

Até ao FimOnde histórias criam vida. Descubra agora