Capítulo 37

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Sem Correção 

*Há três passos do fim...

Giselle,

- Pai! – Fiquei sentindo aquele calor que emanava não só de seu corpo, mas como também de seu coração. Seu abraço sanava todas as minhas inquietações. Só o amor de pai e mãe tem esse poder de cura.

- Que bom ter você aqui minha filha! – O Surpreendente foi quando meu pai abriu os braços esperando pelo abraço do Leon. – Filho... – Meio sem jeito. Com passos incertos e inseguros e ele foi até meu pai com a mão estendida, mas meu pai não se deu por vencido e o puxou para um abraço.

Não ouvi palavras saírem da boca do Leon. E olha que isso era raro.

- Sejam bem vindos! Ainda estamos correndo com os preparativos de amanhã, mas vocês subam... Vamos. – Meu pai tomou a mala de minhas mãos e me levou escada a cima até chegar ao nosso velho sobrado. Na verdade a parte de baixo era um sótão, nada mais que isso.

Deixei que os dois ficassem conversando e descansei um pouco das horas de viagem. Ao me levantar só silencio. Fui até a cozinha e preparei o jantar. Deviam chegar para o jantar.

Ouvi vozes e agradeci por já estar quase terminando. Quando os dois entraram sorridentes eu quis me inteirar dos motivos de tanta alegria.

- Vai adorar ver no que seu pai transformou aquele terreno baldio. Eu pensei em um lugar bonito, mas ficou simplesmente divino. – O Leon parecia muito empolgado com o que tinha visto.

- Desculpa pai não ter acompanhado vocês. Mas ando com muito sono. – O Leon me abraçou e sorriu.

- Seu pai disse que o sono em mulheres grávidas é normal. – Então conversamos sobre a gravidez da mamãe. Mamãe contou os desejos que minha mãe tivera e todo o processo que eles viveram enquanto aguardavam minha chegada. Foi um momento muito especial.

Observei uma tristeza no olhar do Leon, mas li sentada aos seus pés e segurando sua mão no fundo do meu coração orava ao Senhor para que curasse todas as feridas de seu coração, desde sua gestação até esse momento para que ele fosse livre de todas as amarras que o pudesse impedir de viver bem aquele momento em sua vida. Momento único... A gestação de seu filho, coisa que agora sabendo de sua concepção ele devia sentir que não devia ter sido tão esperado, mas pelo contrario, pensar que não se era esperado era dolorido para ele. Já tínhamos conversado sobre isso.

Quando meu pai foi atender a porta eu apertei sua mão e sorri o encorajando.

- Lembre-se que eles não podem te ferir mais que já feriram. – Ele sorriu de volta.

- Vamos, entrem! - Meu pai voltava acompanhado de várias pessoas. Entre eles o apóstolo, pai da Sara, a própria Sara com seu então agora marido, Arthur, e sua mãe.

- Não queremos incomodar ministro. Se soubéssemos que sua filha estava visitando o senhor teríamos vindo em outro momento.

- Não se importem conosco, sentem-se, a gente vai dar uma volta. – Levantei-me estendendo a mão para o Leon que permaneceu em seu lugar. – Vamos amor.

- Eu imagino que o que queiram falar com seu pai não seja nada tão sigiloso que você não possa ouvir meu amor, afinal você e seu pai são tão ligados, que provavelmente ele irá comentar com você logo depois. – Foi a primeira vez que o Leon me deixava em maus lençóis diante do meu pai.

Olhei sem graça para meu marido que continuava imóvel diante das pessoas da antiga igreja do meu pai. E quando olhei para meu pai ele sorria.

- Meu genro tem toda razão. Não há nada de segredos entre nós. Então se sentem e fiquem a vontade. – O Leon segurou meu braço e me trouxe para junto dele quase me fazendo sentar em seu colo. E eu tinha certeza que era a presença do Artur ali que o estava fazendo agir de tal forma.

Depois de alguns floreios em torno da beleza da construção e das conversas sobre a inauguração o apóstolo veio com uma conversa, de que depois de muita vigília e oração, Deus os havia alertado sobre a divisão ser coisa do inimigo, e eles estavam dispostos a perdoar todo o nosso passado e oferecer um acordo entre os dois. Uma seria a sede e a outra a filial.

Que genial! Todos pareciam concordar e estarem certos de que a palavra de Deus deveria ser cumprida. Mas logo Deus falou em meu coração...

- Senhores... Acaso não fora a palavra de Mateus 26:41? – Quando meu pai disse a passagem meu coração se estremeceu diante da grandeza de Deus. Ele havia me dado a mesma passagem.

- O Senhor me fala a mesma passagem pai em Marcos 14:38. – O Senhor retornou a presença de seus discípulos os encontrou dormindo e questionou a Pedro: "E então? Não pudestes vigiar comigo durante uma só hora? Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito, com certeza, está preparado, mas a carne é fraca". E afastando-se uma vez mais, orou dizendo: "Ó meu Pai, se este cálice não puder passar de mim sem que eu o beba, seja feita a tua vontade".

- Eu não vou recitar nenhuma passagem bíblica por que não sei. – O Leon se levantou e começou a caminhar pela sala. – Mas não parece muito estranho Deus falar com vocês um dia antes da inauguração da igreja do meu sogro? Vocês viram o prédio, viram a construção de tijolos e logo imaginaram que o homem não deve ser digno de ter uma igreja maior e mais bonita do que a antiga.

- Mas o Senhor disse ao profeta Ageu que a glória desta última casa seria maior do que a da primeira, e neste lugar dará a paz. – Completei ficando ao lado do meu marido. – É disso que os senhores estão com medo.

- Vocês não estão entendendo. Ninguém aqui está com medo de nada. Estamos simplesmente querendo dar um passo... – Antes que o marido terminasse suas mentiras a esposa tocou seu braço e com olhar terno olhou nos olhos de meu pai.

- A verdade ministro, o que meu marido e nós viemos dizer é que Deus nos pede para que unamos nossas forças e não nos separemos. – Ouve um minuto de silêncio. – Demos um passo errado ao nos separar do rebanho cujo senhor era nosso pastor. Acreditamos estarmos ouvir a voz de Deus, mas no fundo estávamos ouvindo a voz de nossos próprios desejos e vontades. Isso acontece em todo lugar o senhor sabe disso. Principalmente depois que a igreja foi reformada, a igreja se sentiu um pouco perdida. Eu proponho ao senhor meu marido e também ao senhor ministro, homem que sempre admiramos e temos certeza da intimidade que mantem com o bom pai do céu, que após a inauguração de amanhã voltemos a nos encontrar, quem sabe para uma noite de vigília, onde o senhor ministro achar que seja o melhor lugar e assim, possamos pedir ao Senhor que nos ilumine a fazer sua vontade. Claro que também ele fale ao seu coração, se essa união seja viável ou não. Por hora só queremos dizer que amanhã estaremos todos, presentes na inauguração.

Ela veio até a mim e me abraçou dando os parabéns pelo bebê ao meu ouvido e desejando felicidades. Eu acreditava que nos abraços toda empáfia e todo mal entendido se perdiam para sempre.

Eles abraçaram meu pai que preferiu ficar em silêncio. Não disse nem que sim nem que não. Eu gostei também de sua postura. Meu pai tinha a tendência de perdoar muito fácil sem deixar que a pessoa refletisse sobre seus atos.

Quando eles se foram, ele pediu licença para orar.

- Adorei ter defendido meu pai.

- Não era preciso, vocês saberiam se defender.

- Mas sempre fomos nós dois. – Abracei-o. É muito bom saber que tem mais alguém por perto. - E eu fiz uma observação com o Leon que o fez sorrir. - Sabe que foi a primeira vez que você chamou meu pai de sogro. – Ele gargalhou.

- Mas ele não é meu sogro?

- Mas ainda não o tinha chamado assim.

- Talvez ele ainda não estivesse preparado para ter um genro como eu era.

- Como você era? E o que mudou? – Estava esperançosa.

- Você quer dizer... O que está mudando?

- É. O que está mudando?

- Acho que tudo. A começar pelo meu coração e pelo meu olhar pela vida.

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O Quase Impossível Amor de nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora