Capítulo 2

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Ok Júlia! Hoje é o seu grande dia. Você terá uma linda entrevista e tudo vai dar certo e você vai conseguir um emprego. Pensamento positivo Júlia.

Nem eu repetindo diversas vezes essas frases no meu subconsciente, conseguia entender o fato de eu ter arrumado uma entrevista de babá. Fala sério! Babá? Não desmerecendo a profissão é claro, mas carambolas! O que eu sei sobre crianças que me faz apta ao emprego?

Li alguns artigos ontem à noite, sobre como cuidar de crianças, como falar com crianças e como entender as crianças. A última parte vai ser a mais difícil, não consigo entender nem a mim mesmo, como vou entender uma criança? E nem partindo do princípio que o mundo não gira em torno de mim, eu nem consigo acreditar!

Olhei no relógio do celular, marcava 06:35 da manhã. Teria que estar em Boston às dez horas da manhã, se não me engano de Worcester a Boston é por volta de uma hora. A Taís também trabalha em Boston, em uma agência de modelo, ela vai me dar uma carona até lá.

Me levantei e entrei para o banheiro, um bom banho relaxante antes de enfrentar isso. O que será que a Candinha iria pensar ao saber que eu arrumei uma entrevista de babá? Bom, vamos às hipóteses, Número um; ela surtaria e começaria a rir, depois me perguntaria como eu iria fazer isso. Número dois; volta a número um.

Preciso ir pelo menos bem aparentada. Peguei uma calça jeans preta, que mais parece uma calça social. Uma blusa branca com stars na gola, a minha blusa da sorte, Candelária que me deu no meu aniversário, eu amo essa blusa. Segundo Taís, a aparência conta muito na hora da entrevista.

—Jú, café tá pronto! Vem! _Taís gritou, provavelmente da cozinha.

Peguei a bolsa e o celular. Tinha uma pasta com uns currículos meus, mas, por que eu levaria um currículo se não tem nada que mostre que eu tenho experiência como babá? Esquece isso.

—Tá preparada amiga? _Taís me serviu um copo de café.

Não, mil vezes não, um milhão de vezes não.

— Na verdade, não. Mas que aconteça o que tem que acontecer. Vai dar certo. Eu espero que dê ._Sorrir.

— Hoje eu vou sair com o Natan! Mas comemoramos amanhã o resultado. Pode me contar tudo! _bateu palmas, igual uma foca feliz.

—Ué? Foi um recorde, dois dias dormindo em casa. Eu já até achei que você fosse virar sei lá, um lençol de cama. _Ironizei.

—Não sei por que vocês dois se odeiam! Vocês deveriam ser melhores amigos!

A olhei.

— Não força, Taís!

—Não, sério! Acho que hoje ele me pede em casamento!

Sorrir. Mesmo não gostando dele. Ele faz essa trouxa feliz.

—Mesmo não gostando de Natan, eu quero ser a madrinha do casamento ou sei lá, ser dama de honra.

—Aí Júlia você é tão careta! Quem ainda usa dama de honra? _gargalhei.

—Tem razão nessa parte aí. Agora vamos que nós iremos nos atrasar.

—Hoje tenho uma reunião importantíssima com chefe do meu departamento. Nunca conheci pessoa tão chata em toda minha vida.

—Agradeça por você ter um chefe! _Sorrir.

Mesmo com a minha vida seguindo do jeito que ela quer, eu ainda não consigo levar nada a sério. Síndrome da infantilidade? É, eu acho que tenho.

Thaís dirigiu por volta de uma hora até Boston. Me deixou algumas quadras antes da agência. A rua estava movimentada, diversas empresas. Se eu tivesse trazido o meu lindo currículo, talvez eu pudesse entregar em algumas empresas, mas eu sou muito quadrada para pensar em algo desse tipo.

A BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora