The 100 (#2)

Capítulo XIV - Rendição

Bellamy.

"O amor é uma tentativa de penetrar no íntimo de outro ser humano, mas só pode ter sucesso se a rendição for mútua."
              Octavio Paz
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Bellamy 2 havia ido embora.
Eu finalmente estava no controle de mim mesmo, mas algo não estava certo.
Alguma discussão havia se iniciado, e aos poucos, eu recuperava os sentidos.
Eu estava na casa de campo aonde Lana levara Bellamy 2.
E na minha frente, estavam meus amigos.
- Bellamy ! - anunciou Octavia, indo ao meu encontro.
Clarke parecia atônita ao me ver.
- O dorminhoco acordou ! - disse Lana.
- Deixe ele em paz - disse Clarke.
- Como quiser, Rainha da Terra - disse Lana.
- Então já sabe sobre a história das duas rainhas ? - indagou Milo.
- Claro, quem não sabe ? - suspirou ela - Haverá uma inevitável guerra, queridos. E acreditem quando digo que sua rainha não irá salvá-los.
- Bem, decidam-se até amanhã, mesmo horário - continuou  ela.
Então após isto, Lana Labounair subiu as escadas e tudo que restou foi nós, totalmente confusos sobre o que fazer em seguida.
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Clarke já parecia mais calma quando decidiu falar.
- Posso ficar sozinha com o Bell um momento ? - perguntou ela.
Todos assentiram e partiram, nos deixando a sós.
Trocamos um beijo demorado, e pude sentir seu cheiro de água salgada e cravo, e como eu amava aquele cheiro.
- Clarke, o que foi ? - perguntei - Parece nervosa.
- Lana já inicou o processo de transferência da maldição Wanheda - disse ela - Mas como último artefato, você precisa matar alguém.
- Matar alguém... - indaguei, tentando afastar qualquer tipo de pensamento.
Rapidamente, Clarke me contou sobre Lincoln e seu plano.
- Eu não posso fazer isso, Clarke - disse - Octavia nunca me perdoaria. Sem falar que se ele tem pouco tempo de vida, que a aproveite ao lado da O.
- Eu não me orgulhei em pensar nele, Bell - disse Clarke - Juro por Deus. Mas não consigo pensar em mais ninguém...
A porta da cabana se abriu, e Raven apareceu.
- Desculpe interromper, mas é urgente - disse ela.
- O que foi, Raven ? - questionei, assustado.
- Achamos uma pessoa ferida no matagal - sussurrou ela - E você não vai acreditar quando ver quem é.
                      ***
Raven realmente havia acertado em cheio.
Não conseguia acreditar que este alguém estava na minha frente.
- Você está vivo ? - perguntou Clarke.
- Sim, Clarke - disse Jaha - Eu estou.
Thelonious Jaha, ex-Chanceler e antigo seguidor de ALIE.
Realmente nunca havia me perguntando o quê havia acontecido com ele após a queda da Cidade da Luz e de ALIE.
- Como isso é possível ? - perguntou Octavia - Os Celestiais foram morrendo aos poucos após desativarmos a Cidade da Luz.
- Eu nunca fui um Celestial, Octavia Blake - disse ele - ALIE outrora me convenceu a ingerir um chip, que controlava as minhas ações. Eu era um robozinho.
- E porque foi aparecer só agora ? - perguntou Raven
- Depois que sai da Cidade da Luz, eu fiquei vagando por aí - disse Jaha - Não sabia onde estava, para onde ir. Até me acidentei, cruzando uma passagem.
Era visível que ele havia torcido o tornozelo.
- Acho melhor levarmos ele até Abby - disse Jasper - Ela é a Chanceler, ela decidirá o que fazer com ele.
- Eu concordo com Jasper - disse.
- Vamos esperar até que Roan e Monty cheguem e partiremos de volta para Polis - disse Clarke.
- Obrigado, sei que é muito mais do quê eu mereço - disse Jaha.
- Não agradeça Jaha - disse Clarke - Você pode ter sido controlado por ALIE pra fazer aquelas coisas, mas não foi controlado pra nos enviar para cá, onde vimos muitos dos nossos morrer e por isso, eu nunca o perdoarei.
Após Clarke falar, ficamos calados e sentamos para esperar Monty e seja lá quem for Roan chegar.
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Não demorou muito tempo para eu perceber que Roan era o líder da Nação do Gelo.
Clarke havia esclarecido que ele era nosso aliado, na guerra contra Lana.
Após as devidas apresentações, partimos para Polis o mais rápido possível, para resolver o problema imposto por Lana.
A idéia de Clarke era que eu matasse Lincoln.
Mas agora, surgira uma nova oportunidade, Jaha.
Mas ainda assim, não queria me render ao joguinho sujo de Lana Labounair.
Havíamos chegado nas fronteiras da cidade Polis, quando os antigos guardas de Arkadia chegaram.
- Octavia - disse um deles - É melhor você entrar. Lincoln está muito mal, e Abby diz que ele não passa de hoje.
                      ***
Não houve barreiras que contivessem Octavia.
Ele ficou com Lincoln na sala onde ele repousava.
E só mais tarde, ela saiu.
- Lincoln quer ver vocês dois - disse ela, diretamente para mim e Clarke.
Eu e Clarke nos olhamos, apreensivos.
Por quê Lincoln queria nos ver ?
Deixei meus pensamentos de lado, e segui Clarke até o quarto.
Ao abrir a porta, vi um Lincoln diferente.
Ele estava pálido, um pouco magro e seu semblante parecia estar se esvaindo.
- Faça - disse ele.
- Fazer o quê ? - perguntou Clarke.
- Me mate, Bellamy - disse Lincoln.
- Lincoln...
- Octavia me contou sobre Lana, e o mais racional a ser feito - disse ele - Me mate.
- Jaha está de volta, podemos... - disse.
- Não, me mate, está tudo bem - disse ele - Me sentirei útil uma última vez.
Não sabia o que dizer.
- Não sei como agradecer, cara - disse - Você fez Octavia ser forte.
- Ela já era forte, Bellamy - disse ele - Por baixo das piadas sarcásticas, da máscara de Garota do Sótão, existe uma menina forte e corajosa, uma Blake. E eu a amei, como nunca amarei em outra vida.
- O amor é tão inconsequente... - disse Clarke - Eu conheci Bellamy há tantos anos, mas só fui perceber meu amor por ele ao chegar na Terra.
- O amor tenta nos penetrar - disse Lincoln - Mas a rendição tem de ser mútua, se não, será inútil.
- Que nos encontremos de novo, Lincoln Skaikru, Trikru, nosso amado amigo - disse Clarke.
A porta se abriu e lá estavam Indra e Octavia.
- O correto seria eu ir antes de você, meu filho - disse Indra, com a voz ranhosa.
- Lincoln... - disse Octavia, chorando - Eu amo você.
- Obrigado por me amar - disse ele - Eu amo você. Eu amo todos vocês. Que nos encontremos de novo, todos nós.
Todos os nossos amigos já estavam ali.
Ambos com lágrimas nos olhos, prontos para dizer adeus.
Então Lincoln fechou os olhos.
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Todos saíram da sala.
Apenas eu e Clarke estávamos lá.
Então ele abriu os olhos.
- Faça - disse ele - Agora.
Me aproximei da cama, apertei suas vias nasais, fechando-as e pressionei a sua boca.
Podia ver a vida deixando seus olhos.
Então Lincoln, assim como diversos dos nossos amigos, partiu para a aventura seguinte.