The 100 (#2)

Capítulo XVI - Os Ascendentes

Raven.

"Há tantas razões para nos vangloriar-nos de nossa ascendência, quanto há para satanás o de se orgulhar de sua linhagem angelical".
         Martinho Lutero
¥____________________________¥

Apesar de Bellamy alegar estar bem, sabíamos a verdade.
Sabíamos que ele, por pedido do próprio, matara Lincoln e também sabíamos que agora, ele era o principal inimigo da sua irmã.
Enquanto Clarke e ele estavam na enfermaria, eu tentava me reconfortar com John.
- Acha que é uma boa idéia ? - perguntou ele, confiante.
- Sem mais segredos, Murphy - disse - Você é irmão da Octavia e do Bellamy, você deve arranjar uma reconciliação.
- Sim, eu sei - respondeu, sem tanto entusiasmo - Eu falava sobre nós, Raven.
- Eu não sei se estou pronta...
- Ok, fale a verdade - disse ele - Você tem vergonha de assumir um relacionamento comigo, devido ao meu passado ?
- Não, claro que não ! - prossegui - Só não estou pronta.
- Quando tiver certeza de que me quer em sua vida, eu estarei te esperando - disse ele, partindo.
Agora estava mais confusa do antes.
                      +++
- Então, repita mais uma vez - disse Clarke, aflita.
- Nos beijamos, eu sai para ver o que acontecia e quando retornei - respondeu Milo - Quando retornei, ela havia partido.
- Aonde acham que ela foi ? - questionou Bellamy.
- Talvez para Tondc, ou até mesmo para a Base da Iniciativa - sugeriu Jasper.
- Não, são locais óbvios - disse Monty - Se Octavia quer se isolar, ela iria para um lugar improvável.
- Alguma sugestão ? - inseri.
- Pensei em uma mas, é impossível - disse Monty - Octavia não faria isso.
- Que opção ? - perguntou Milo.
- A casa de campo - disse Monty, por fim.
- Não, isso é impossível - disse Murphy.
- Talvez não seja - disse - Octavia conversou com Lana durante o interrogatório de Jaha.
- Lana Labounair esteve aqui ? - questionou Bellamy.
- Sim - afirmou Murphy - E o que quer que ela tenha dito, deixou Octavia alterada.
- Mas não consigo achar um motivo para Octavia ter ido atrás dela - disse Milo.
- Octavia é impulsiva - respondeu Clarke - Talvez tenha ido descarregar a raiva.
- Isso seria uma péssima idéia - disse - Lana é a Wanheda.
- Que tal reunirmos o Esquadrão ? - sugeriu Murphy.
- Acho que é o melhor a se fazer - disse Clarke - Entretanto, acho melhor comunicarmos à Roan.
- Acha prudente confiar tanto na Nação do Gelo ? - indagou Milo.
- Prudente, não - disse ela - Necessário, sim. Se Octavia estiver com problemas, nosso Esquadrão não será o suficiente.
Todos assentimos.
Era apenas um dia normal na Terra.
                      ***
No dia em que fui sequestrada, o sol estava escaldante.
Todos os outros ainda estavam no castelo quando decidi espairecer um pouco.
Pensava em quanto coisa acontecera em sua vida desde que chegara.
O reencontro com Finn, a amizade com Lincoln e o lugar definitivo entre Os 100.
- O que uma jovem tão linda faz aqui ? - perguntou o homem.
Não notara que já estava no mercado terráqueo.
- Nada de mais - respondi - Estou a procura de papoulas.
- Então é o seu dia de sorte - continou ele - Eu vendo papoulas. Meu nome é Francis.
- Raven Reyes - finalizei
Não notara muito nele até agora.
Francis parecia um príncipe, com feições perfeitas e delicadas.
Tinha cabelos loiros cacheados e olhos esmeralda, uma postura muito bem definida, assim como uma altura mediana.
Entretanto, ainda conseguia ser maior do quê eu.
- Muito bem, Raven Reyes - disse ele - Aqui está sua encomenda.
Francis ergueu um pano molhado que veio ao meu rosto.
Tentei gritar e me mexer, mas ninguém ao redor pareceu notar.
E então, a escuridão me cercou.
                       +++
Quando eu acordei, já era noite.
Sentia-me leve e solta, como se estivesse deitada.
E de fato estava.
Eu me encontrava numa carroça, com outras pessoas.
Na frente, Francis estava discutindo com uma garota.
Eles falavam em língua terráquea, então não entendi nenhuma palavra sequer.
- Você trouxesse uma garota do Povo do Céu - disse a garota - Sabe ao que nos expôs ?
- Não pensei direito, Luna. Mas quando ela soube que estávamos com essa garota... - indagou Francis - Ficamos na Cidade da Meia-Noite tanto tempo, e agora estamos no meio da luta de duas rainhas...
- Sobrevivemos tanto tempo naquele inferno - disse Luna - Poderemos sobreviver a isso.
- Então você vende papoulas certo ? - indaguei.
- Olá, Raven Reyes - disse ele - Você será vendida.
- Como ? - gritei
- Sua compradora exigiu você viva - disse Luna - Não é nada pessoal, apenas estamos nos adaptando.
- E quem diabos vocês são ? - perguntei.
- Somos o 14° clã - disse Francis - Os Ascendentes.
- Os Ascendentes ? - bufei - Devem ser capachos de Lana Labounair.
Mas eles não responderam.
A carruagem atracara, havíamos chegado.
- Chega de tagarelar, Raven - disse a voz de Octavia.
- Octavia ? - anunciei - O que está fazendo aqui ?
- Estou aqui para levar você até Lana - respondeu ela.
- Então é verdade - disse - Você e Lana estão trabalhando juntas. Como é capaz ? Você é uma dos 100, você é nossa amiga !
- Não mais - disse ela, atingindo meu rosto com o cotovelo.
                        +++
Quando recuperei os sentidos, me vi diante de Lana Labounair.
Eu ri.
- Bem, acho que cheguei no inferno - sugeri.
- Sem piadinhas, Raven - respondeu Lana - Sua situação atual não permite isso.
- Situação atual ? - indaguei.
- Sim - disse Lana - Você fará um serviço para mim. Preciso que você conserte o que for necessário para fazer a nave que trouxe vocês para cá funcionar.
- Com qual objetivo ? - questionei.
- Há quase dois anos, 100 prisioneiros foram enviados para Terra - disse ela - Agora, você e seus amigos irão retornar ao espaço.
- E se eu me recusar ? - disse.
- Bem... - começou ela, andando até a escada.
De lá, ela retornou com um Jaha totalmente amarrado.
- Se você se recusar, você será culpada da morte de todos os seus amigos - riu Lana - Começando com ele.
Lana sacou um adaga, e num movimento perfeito, cortou a garganta do ex-Chanceler.
Ela caiu no chão, e seu sangue começou a se espalhar.
- Temos um acordo ? - perguntou ela.
Não pensei em responder.
Só pensava em meus amigos ali, no lugar de Jaha.
E também, em como restauraria a nave.
Mas não tinha escolha.
- Temos um acordo.