Capítulo 3

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Uma semana depois

Melissa

Estava no meu escritório distraída olhando uns croquis quando alguém bateu na porta da minha sala.
-Entra. - falei e olhei para ver quem era. - Oi, Gabi. - falei quando a vi entrar.
-Oi, amor. - me deu um sorriso. - Vim te lembrar da reunião com a revista hoje.
-Eu sei, é às 14 horas. - olhei no relógio e ainda eram 12:00.
-Trate bem quem fizer a entrevista.
-Já está avisado que é sem fotos?
-Sim.
-Qual é a revista mesmo?
-Luxury. - engoli em seco.
-Quem vai vir me entrevistar?
-Não sei. Por que? - perguntou curiosa.
-Nada, só curiosidade. - dei de ombros e a olhei com indiferença. Geralmente não perguntava sobre as entrevistas e ela deveria estar estranhando isso.
-Ok. - olhou no relógio. - Vou almoçar e depois vou ir encontrar com o cara que vai organizar o desfile.
-Ok, até. - ela me mandou um beijo e saiu. Voltei para os meus croquis e me desliguei do mundo.

[...]

Estava na hora da entrevista já e a pessoa estava dez minutos atrasada. Detesto atraso! Se demorar mais cinco minutos, eu não vou dar entrevista nenhuma. Escutei leves batidas na porta.
-Entra. - falei e minha secretária, Olívia, entrou.
-Srta. Melissa, a pessoa que veio entrevistar já chegou. Posso mandar entrar?
-Sim. - respondi e olhei para a vista que minha sala me proporcionava. Ouvi a porta ser aberta e um cheiro que eu conhecia invadiu.
-Peço desculpas pelo meu atraso. - gelei na hora que ouvi aquela voz rouca e sexy. Virei a cadeira na sua direção e lá estava ele. Daniel Belmonte em pessoa. Ele ergueu uma sobrancelha vendo minha cara de espanto e eu rapidamente mudei minha postura.
-Está atrasado. - falei e ele revirou os olhos.
-Já pedi desculpas por isso. - sentou na cadeira a minha frente.
-Irei relevar. Já sabe a regra, né?
-Sem fotos. - revirou os olhos novamente.
-É sempre você que faz as entrevistas? Não me lembro de ter te visto antes e já dei algumas entrevistas a sua revista.
-Geralmente não, mas estamos todos ocupados com o fechamento da edição desse mês. Só sobrou eu.
-Isso me parece uma desculpa boa. - dei um sorriso de lado e ele retribuiu com um sorriso enorme destacando seus dentes brancos. Aquela barba por fazer o deixava com ar sexy.
-Achei que outra não iria colar. - deu de ombros. - Podemos começar?
-Quando achar melhor, Sr. Belmonte. - o provoquei e ele balançou a cabeça antes de ler algo em um papel.
-Qual foi sua inspiração para a nova coleção, Srta. Melissa Belinque?
-Não tenho uma inspiração certa, as ideias fluem e eu as passo para o papel.
-Tem sorte de ter pessoas que gostam das suas roupas.
-O Sr. não gosta?
-Nunca fui a um desfile seu e sinceramente suas lojas não me interessam. Não vendem roupas masculinas. - fiquei pensativa. Queremos mesmo expandir nossa área e roupa masculina seria uma ideia perfeita.
-Fazer uma coleção masculina não é uma má ideia. E espero te ver no próximo desfile já que sua revista será a única a fazer a cobertura.
-Irá se revelar nesse desfile?
-Não, ainda é cedo. No próximo, talvez.
-O que levou a sua marca as alturas, foi o mistério que te cerca. Concorda com isso?
-Não, o que levou a minha marca as alturas foi o bom trabalho que eu e a minha equipe fazemos. Meu nome é só um enfeite comparado ao trabalho que eles tem.
-Ótima resposta. - sorriu. - Sua equipe é grande?
-Não, somos em 5 pessoas aqui. Tirando a fábrica que produz as roupas.
-Só isso?
-Sim, para se ter uma boa equipe não precisa de grandes números de pessoas.
-Discordo, Srta. Melissa. Minha revista conta com 50 pessoas e se faltar uma tudo vira uma loucura.
-A diferença é que você produz uma revista todo mês e tem um site que tem que sempre estar atualizado. Nós fazemos de quatro a seis desfiles ao ano, só preciso ter novidades nessa época. Temos tempo para elaborar, registrar as peças, organizar. A fábrica só precisa manter o estoque das lojas em dia. - falei e vi seus olhos me observarem com certa admiração.
-Você faz o que gosta?
-Sim, sempre sonhei em ser estilista. Quando era pequena, desenhava vestidos para minhas bonecas e perdia horas os criando. - falei sorrindo com a lembrança.
-Você cria as suas peças?
-As do desfile são feitas por mim, no ateliê. - apontei para a porta e ele olhou curioso. - Quer ver? - perguntei ele concordou com a cabeça. Seguimos para lá e ele entrou observando o local. - Aqui é uma bagunça, não repare.
-É incrível. - falou e me olhou. - Eu tenho um estúdio no meu apartamento, sempre gostei de fotografar.
-Sério? - perguntei surpresa.
-Sim, alguma das fotos que saem na revista são feitas por mim.
-Por que virou dono de uma revista? - perguntei enquanto voltavamos para o meu escritório.
-Porque meu amigo precisava de um sócio e eu sabia que poderia fazer o que eu gosto. Mas acabou ficando sério demais e eu tive que deixar a fotografia como um hobby. - e alí nós embarcamos em uma conversa saudável.

[...]

-Nossa! Perdi duas horas aqui! - Daniel falou e eu olhei no relógio.
-Tem tudo o que precisa? - perguntei.
-Acredito que sim. Obrigado por ter me dado essa entrevista.
-De nada. - dei um sorriso leve.
-Podíamos marcar para tomar um café, o que você acha?
-E depois você me leva para um hotel qualquer? Melhor não. - falei e ele ficou assustado.
-Melissa, como amigos.
-Não quero sua amizade. - fui sincera. Se eu quisesse alguma coisa dele seria sexo, isso ele sabia fazer muito bem.
-Ok. - respirou fundo e se virou para ir embora. Quando chegou na porta da sala, ele se virou para mim.
-Que foi? - perguntei após perceber que me observava demais.
-Por que foi embora quando eu apaguei? - perguntou e eu respirei fundo.
-Daniel, eu não curto romances baratos. Eu queria sexo e consegui.
-Desde do começo você só falou comigo pelo sexo que teria mais tarde? Nunca foi por que não estava conseguindo se livrar daquele cara, né?
-Sim, eu conseguiria me livrar daquele cara em dois tempos.
-Só falta me falar que não repete transas. - revirou os olhos.
-Exato. - passei a mão pelos meus cabelos. - Não repito mesmo.
-Você usa os homens?
-Sim, os homens geralmente fazem isso com as mulheres. Só pago na mesma moeda.
-Nem todo homem é igual, devia saber disso. - saiu e eu ri. Ele achou que iria acordar e eu iria estar lá o beijando e dizendo que o amava? Troco de nome o dia que fizer isso.
Tratei ele muito bem nessa entrevista, na verdade, nunca tratei ninguém tão bem quanto tratei Daniel hoje. Até mostrei meu ateliê que somente três pessoas conhecem. E ele veio me lembrar do dia que nós transamos? O que aconteceu a uma semana atrás! Transamos? Sim! Foi bom? Maravilhoso! Mas acabou! Comigo é assim:

Transou, gozou, sumiu!

É o meu lema e não irei mudar isso.
O amor é para os tolos e sinceramente espero nunca precisar desse sentimento na minha vida. Não quero me enganar novamente. A Melissa de cinco anos atrás morreu e toda sensibilidade dela também.
Eu sou uma nova pessoa, e essa nova pessoa não conhece sentimentos.


Primeira publicação: 05/07/2016


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