Capítulo 17

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Melissa

Já tinham se passado uma semana desde do ocorrido na casa de Daniel, ele não me procurou mais. Acredito que seja pela festa da revista, que vai ser em alguns dias. Quer dizer, eu prefiro acreditar nisso.
Alguém bateu na porta do escritório, me fazendo despertar totalmente dos meus pensamentos.
-Entra. - falei e me surpreendi ao ver a minha avó entrando, ela era única além do meu avô que falavam comigo da família. - Vó, que saudade da senhora. - levantei e corri para abraçá-la.
-Também estava, sonhei com você essa noite. - disse e eu a olhei curiosa.
-Sente aqui e me conte do seu sonho. - levei ela ao sofá e apoiei minha cabeça no seu colo. Ela acariciou meu cabelo por um tempo.
-Sonhei que estava casando em um jardim com um moreno. - falou se abanando e eu ri. Minha avó tinha um fogo que só Deus sabe.
-Eu não vou me casar, vovó.
-Claro que vai, na hora certa você vai encontrar o rapaz certo.
-Vó, esse papo é para garotas de 15 anos que ainda acreditam em conto de fadas e príncipes encantados. - falei e ela me olhou séria.
-Minha filha, ainda vou ver você apaixonada. - eu ri e neguei com a cabeça.
-Como você sabia que estava apaixonada pelo vovô?
-Quando eu beijei ele pela primeira vez eu percebi isso.
-Por que? - perguntei e ela me deu um sorrisinho.
-Porque toda vez que eu beijava seu avô, eu me sentia nas nuvens. Quando encontrar a pessoa certa, vai saber o que eu estou falando. Cada beijo que der nele vai te fazer arrepiar e você vai esquecer tudo. - suspirei e olhei para frente. Era exatamente assim que eu me sentia quando Daniel me beijava, mas sabia que era só um desejo do momento ou simplesmente a melhor transa que eu tive na vida.
-Você encontrou esse moreno do meu sonho? - perguntou e eu não respondi.
-Que tal nós irmos tomar um café? - sugeri para mudar o assunto.
-Claro.
-Nem perguntei como a senhora foi de viagem? - perguntei. Meus avós moravam em uma casa na Serra, adorava passar minhas férias com eles. Lá tinha tudo que eu achava interessante.
-A viagem foi tranquila, estava pensando em te levar para lá passar uns dias comigo. O que acha?
-Acho uma boa ideia, mas só poderei ir na semana que vem. Tenho uma festa importante para ir.
-Quando é essa festa?
-No fim de semana.
-Entendi. Você vai com alguém?
-Com a Rose.
-Ah. - falou visivelmente decepcionada.
-Por que?
-Nada não. Vamos tomar um café?
-Claro. - levantei e peguei minha bolsa. Saímos da Belinque's direto para uma cafeteria no centro.

[...]

-Seu avô vai ficar todo empolgado em saber que vai nos visitar.
-Ah vó, eu sinto tanta falta de vocês.
-Querida, foram seus pais que pararam de falar com você. Seu pai foi mais por influência da sua mãe, mas eles sentem sua falta.
-É dele que eu sinto mais falta.
-Eu acho que eles tinham que ter entendido o seu lado.
-É, eu também acho. - respirei fundo e olhei para rua. Me surpreendi ao ver Daniel com Edu e a tal Lis. Os dois estavam abraçados e aquilo me deixou irritado.
-Idiotas. - falei e olhei para minha vó que olhava para o outro lado da rua sem acreditar.
-Melissa, é ele. - falou apontando para Daniel.
-O que tem ele?
-Ele é o moreno que você vai casar.
-Vovó, esquece esse sonho. - fiz sinal para o garçom trazer a conta e assim que o fez deixei o dinheiro e levantei.
-Vamos embora? - perguntei.
-Tudo bem. - levantou e saiu correndo na minha frente. Fui atrás e quase morri ao ver ela conversando com Daniel.
-Vó, o que a senhora está fazendo? - perguntei e ela me olhou com aquela carinha de que tinha aprontado.
-Estava conversando com esse moço, contando do meu sonho.
-Eu falei para senhora esquecer esse sonho.
-Olá, Melissa. - Daniel falou e não senti o carinho de sempre, parecia indiferente.
-Oi, Belmonte.
-Vocês já se conhecem? Então é verdade! Vocês vão casar!
-Claro que não, esquece isso. - olhei para Daniel. - Tchau, Daniel. - puxei minha avó para longe.
-Querida, ele é ainda mais lindo pessoalmente. - se abanou e eu ri.
-Esquece esse sonho, tá?
-Tudo bem, querida. - me deu uma olhadinha. - Mas eu vi o brilho nos seus olhos.
-Você sabe que eu não me apaixono, né?
-Querida, o Gabriel é um caso a parte. Não deixe seu passado atrapalhar seu futuro. - ela fez sinal para um táxi. - E falando no seu futuro, ele está bem atrás você. - piscou e entrou no táxi. - Te vejo na semana que vem. - olhei para trás e Daniel estava sério me observando.
-Deseja alguma coisa?
-Explicações.
-Sobre a minha avó, desculpe? É coisa da idade!
-Não estou falando da sua avó e do sonho que ela teve, mas sim de você ter me deixado que nem um idiota naquela merda de apartamento. Por que fez aquilo? - perguntou e eu coçei a cabeça nervosa, mas resolvi mentir.
-Você sabe que é transou, go...
-Para, Melissa! - falou e eu o olhei surpresa. - Para de fingir que não se importa. - ele pegou meu rosto e encostou nossas testas. - Diz para mim que você se importa como eu me importo. - ele estava ofegante e eu fechei os olhos. - Eu deixei minha dignidade pra trás vindo aqui falar com você, não deveria mais correr atrás de você, mas o problema é que eu me importo. - ele olhou fixamente dentro dos meus olhos. - Eu to apaixonado por você, mas eu não posso amar por dois.
-Dani... - uma lágrima escorreu dos meus olhos e eu nem me importei em limpar. Eu não sabia o que falar. Ele tinha se declarado, parecia que eu tinha concluído uma parte da minha vida.
-Diz que pelo menos se importa comigo.
-Eu me importo com você. - falei e ele me beijou. Um beijo calmo e repleto de sentimentos. Quando nos separamos eu acrescentei: - Mas você não deveria ter apaixonado por mim.
-A gente não escolhe por quem vai se apaixonar e mesmo que pudesse escolher. - ele deu um sorriso. - Eu seria idiota e te escolheria mil vezes. - acrescentou e as lágrimas apertaram. Foi a coisa mais linda que alguém já me disse. Daniel conseguia ser fofo e idiota ao mesmo tempo.
-Por que você tem que ser tão fofo? - perguntei e ele limpou algumas lágrimas que estavam no meu rosto. Me deu um sorriso e beijou minha testa logo em seguida.
-Não achei que iria viver para ver Melissa Belinque chorando. - brincou e eu o olhei séria.
-Se contar pra alguém, vou cortar suas bolas. - ameacei e ele levantou as mãos em sinal de rendição.
-Tem certas coisas que quero exclusivamente pra mim. - me abraçou e eu respirei fundo. - Melissa, promete que não vai sair que nem uma bandida nunca mais?
-Prometo. - dei um selinho nele e sorri. - E que tal nós irmos jantar juntos hoje?
-Gostei da sua ideia.
-Então a gente se encontra mais tarde, quero me produzir para você.
-Nem precisa de muito, você já é perfeita assim. - falou e eu revirei os olhos.
-Daniel, vamos? - Edu apareceu. - Oi, Melissa. - me deu um sorriso e eu acenei de volta com a cabeça.
-Eu passo no seu apartamento? - perguntou.
-Sim, às 19 horas.
-Ótimo. - me deu um beijo na testa demorado. - Tchau, Belinque.
-Tchau, Belmonte. - dei um selinho nele e entrei em um táxi que tinha acabado de estacionar. Fui direto para casa, e sinceramente, eu estava muito feliz.

[...]

Estava pronta quando ouvi a campainha tocar. Saí rápido e Gabi estava conversando com Daniel.
-Melissa, nem sabia que estava em casa. - falou Gabi.
-Estava ocupada me arrumando. - pisquei e fui na direção de Daniel. - Oi. - dei um beijo na sua bochecha.
-Oi, você está linda. - falou e eu ri. Tinha colocado com um vestido branco com um scarpin bege. Simples e elegante.
-Obrigada, você também não está tão mal. - Daniel estava com uma calça jeans preta e uma blusa jeans. Estava simples e muito bonito.
-É, eu sei que estou irresistível. Vamos então?
-Sim. - olhei pra Gabi que nos observava com curiosidade. - Tchau, gostosa. - acenei.
-Tchau, Melissa. - saímos e fomos para um restaurante. Foi tranquilo, conversamos amenidades e rimos bastante. Nós sempre conseguíamos fluir as conversas, nada entre a gente ficava tedioso.
Logo após o nosso jantar, fomos fazer um passeio no parque. Parecia encontro de casal e eu estava adorando isso.
-Sabe que eu nunca imaginei que iria andar de mãos dadas pelo parque com você. - Daniel falou me fazendo rir.
-Pode ter certeza que eu nunca imaginei que faria isso novamente. - quando falei isso Daniel parou e me encarou.
-Você já namorou? - perguntou surpreso.
-Sim, não fui uma vadia desde que nasci. - ironizei e ele me olhou sério.
-Me conte sobre isso.
-Não é um assunto que eu goste, é difícil para mim. - fui sincera.
-Por que? - respirei fundo e olhei em volta.
-A noite está linda hoje. - mudei totalmente o assunto. - Mas podíamos ir para o seu apartamento, matar a saudade um do outro. - acariciei seu rosto e ele me puxou para perto dele.
-E o que pretende fazer para matar a saudade? - perguntou e eu dei um sorriso safado.
-Não se faça de inocente, não combina com você. - ele me deu um sorrisinho.
-Vamos para o meu apartamento, para matarmos a saudade. - beijou minha testa. - Mas promete que vai dormir comigo?
-Prometo que quando acordar estarei lá com você.
-Ótimo. - pegou minha mão e nós seguimos para o seu apartamento.
Agora seria só nós dois, corpo e alma. Eu me entregaria para ele hoje como nunca me entreguei a ninguém.

Primeira publicação: 25/07/2016

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