"...e em minhas mãos, ao cair da noite, ele me deixou, como uma fria manhã de inverno."
Dylan entrou numa sala, seguido por outros alunos. Notei que ele abriu seu caderno e começou a fazer uns esboços. Curiosa como sempre, cheguei perto, com cuidado para que ele não consiga sentir a minha presença. desenhava milagrosamente bem. uma garota, cabelos um pouco abaixo dos ombros, olhos perdidos e desleixados, contornou suas bochechas e desenhou uma espécie de brilho nos olhos. Levei alguns segundos para notar que era eu. Sim, Dylan me desenhou tão bem que mesmo o desenho sendo em preto e branco, parecia estar mais vivo do que minha própria alma.
"Abram o livro na página 104." Uma velhinha na faixa dos 50 ordenou, e todos estavam sentados obedecendo. Voltei meu olhar para Dylan e ele tinha coberto o desenho com o livro. Eu esperei, esperei e esperei mas,
os ponteiros do relógio pareciam se arrastar, não podia ficar ali o dia inteiro, Ele logo irá nos orientar para a próxima missão, então tento chamar atenção de Dylan sem que ninguém perceba.Então assopro em seu ouvido, rezando para que ele entenda, Dylan olha para o lado onde está um garoto baixinho com espinhas, logo percebeu que ele não tivera feito isso, a princípio ficou confuso, então reparou em uma parte do desenho não coberta pelo livro, e sussurrou: "Natasha?"
"Senhor Dixon, pode compartilhar conosco o que é tão mais importante do que a minha aula, que tanto o distrai?" Merda!
"Ahn...Desculpe..Eu posso ir ao banheiro? Não estou me sentindo muito bem."
"Só dessa vez" Ela lança um olhar de matar qualquer homem na face da terra "Continuando, A Religião budista, acreditava naquilo que..." Dylan sai apressadamente e eu o sigo, ele passa por um corredor com algumas pessoas, até chegar numa sala, que aparentemente seria um laboratório de Química, a porta de fecha atrás de mim com um baque.
"Eu sabia que você viria." Dylan fala abrindo um sorriso tão brilhante quanto uma estrela.
"Não sabia não. Eu disse talvez" torno a ficar visível e ele paira seu olhar sobre o meu. Estamos a 3 metros de distância, e mesmo assim consigo escutar a sua respiração.
"Me fale de você Natasha"
"Mal nos conhecemos.." Retruco
"Poderíamos nos conhecer melhor não?" Ele sorri.
"Não."
E o sorriso vai embora
"Porque?" Ele olha para o chão
"Você sabe o que eu sou? Dylan não podemos ser amigos, eu estou morta! Você sabe o quão isso é bizarro?" Falo quase rindo em descrença."Eu gosto de coisas misteriosas e desafiadoras...como você morreu?"
"Eu não lembro." E o silêncio prevalece.
"Eu vejo mortos" ele sussurra e eu rio descontroladamente junto ao Dylan. "Olha ela sabe rir!"
"Às vezes" eu digo desviando seu olhar
"O que gosta de fazer? Além de assustar pessoas indefesas.""Eu..." E então ele some. Como num sonho, e a voz gélida Dele me assusta.
"Onde você estava???" Ele ruge e eu permaneço imóvel como se estivesse com Dylan ainda. "Que seja! Preciso de você, tem uma menina querendo cometer suicídio agora mesmo, vá lá e..."
"Não."
"Não? Porque não Natasha?" As últimas palavras saíram como um pedido de desculpa.
"Porque eu não lembro da minha morte? Porque todas lembram? Exceto eu?"
"Já conversamos sobre isso."
"E não chegamos em nada."
"Natasha eu não tenho tempo para os seus dramas, apenas vá lá e a deseje boas vindas." Eu cansei de boas vindas, eu cansei de ser quem eu era. Será que a Natasha de antes era assim? Tão burra. Meu nome é Natasha Belmont e ninguém, ninguém,manda em mim.
"Eu conheci um garoto." Minha voz sai mais confiante do que eu imaginava."O QUE?" Ele berra "O AMOR NÃO VAI TE LEVAR A LUGAR NENHUM MENINA!" Tudo o que passava na minha cabeça era a raiva.
"EU NÃO TENHO LUGAR PARA IR, VOCÊ ME TIROU ISSO, E PELO O QUE EU LEMBRO, EU NÃO POSSO SENTIR NÃO É? QUE PENA, PORQUE EU SEI O QUE EU SINTO!""3 meses Natasha, eu te dou 3 meses para você ver que essa sua afeição por ele é uma grande mentira. Você vai voltar a ser humana. Mas se por acaso em 5 meses você não conseguir, será condenada a mais 100 anos de trabalho, antes de subir!"
"Como quiser"
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XOXO :3
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Almas Distintas
RomanceA morte é inevitável. Todos irão morrer, não tem como estar preparado para isso, talvez consigamos nos adaptar a ela. Bem, eu? Eu sou invisível aos teus olhos, silenciosa como a névoa e pálida como a nuvem. Minha alma vaga como todas as outras, hipn...