A Queda

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Quando eu tinha oito anos de idade, eu tinha uma babá, ela se chamava Maria, ela sempre me levava para casa da sogra dela e isso era normal, a sogra dela tinha grande curiosidade em relação ao meu colar, sempre que eu ia lá ela ficava me olhando, me observando atentamente e depois de um tempo eu comecei a desconfiar dessa senhora, ela praticamente me perseguia e a minha babá estava começando a mudar também, então foi ai que eu comecei a ter medo. Eu tinha pesadelos onde tinha um homem que me dizia para ter cuidado com as pessoas ao meu redor e ele sempre morria nesses pesadelos. Na maioria das vezes um homem negro, levava esse homem e eu tentava salva- lo, mas eu não conseguia, então o homem negro desaparecia com ele, eu ficava em desespero, pois eu sentia que aquele homem só queria meu bem, queria me cuidar e eu queria saber quem ele era, mas ele nunca me dizia, só dizia que nós íamos nos encontrar e eu deveria saber quem ele era, e eu como sempre tive uma memória não muito boa, tinha muito medo que não soubesse quem ele era, então eu tentava gravar o rosto dele, mas não dava muito certo.
Um certo dia, a sogra da minha babá, me chamou e eu fui com medo, mas fui, ela ficou me rodeando, até que começou a passar as mãos nos meus cabelos.
- Então essa é sua fonte ! - dizia rindo e passando as mãos pelo meus cabelos
- Fonte ? O que é fonte ?- perguntei inocente
- Sua fonte de poder, minha querida!- disse e ficou de frente para mim - O que é isso ? - perguntava enquanto tocava no meu colar
- Isso é um colar, minha vovó que me deu - dizia eu toda sorridente
- Isso é um amuleto poderoso, menina! Me dá isso! - diz tirando de mim
- Mas o que é um amuleto? É má? - Eu perguntava dela mas ela não me respondia
- Sai daqui, sai! - disse e eu sai chorando.
Corri até onde meu irmão brincava com o amigo dele, até que resolvi subir em um muro pequeno de tijolos e fiquei lá, até que resolvi soltar minhas mãos de onde eu segurava, nesse exato momento senti alguém me empurrar e eu caí do muro.
Só lembro- me que corri e meu braço estava completamente torto, eu estava em desespero, corri até minha babá, cada vez que corria mais rostos eu via, eles estavam rindo, gargalhando e eu estava chorando, cheguei até minha babá e ela me olhava e ria, até que ela liga para meu pai, e eu Simplesmente apago, desmaio nos braços do meu pai.
Acordo em um quarto branco e amarelo, então procuro por meu pai por todos os lugares, mas não vi ninguém, até que olho no cantinho da sala e vejo minha mãe deitada em uma cadeira.
- Mãe! Mamãe! - eu à chamava e ela acordava
- Filha! Meu Deus filha! Você acordou minha pequena! - dizia me abraçando
Eu começava a chorar junto com a minha mãe.
- O que aconteceu, mamãe?- perguntava querendo saber o porquê de eu estar ali.
- Filha, você caiu, machucou seu braço e ficou desacordada por um mês! -dizia e eu ficava observando tudo e reparei que meu braço estava enfaixado.
- Ta doendo, mamãe - eu falava pois havia mexido meu braço e ele começou a doer bastante
- Não mexe, senão vai doer mesmo! - ela dizia ligando para o meu pai - espera aqui, filha ! - dizia e saia da sala
Eu ficava lá, tentando lembrar de tudo, mas não conseguia, era muito difícil, então eu percebo que estava sem colar, ai Lembro que a sogra da minha babá tinha pego meu colar e tinha dito que era um amuleto, mas eu não sabia o que era um amuleto, então fiquei pensando muito, eu estava realmente triste, era a única lembrança que eu tinha da minha avó, fazia muito tempo que ela tinha ido embora.
Eu ficava observando tudo, mas eu tinha medo de observa locais, porquê sempre aparecia rostos, sempre, eu ficava com muito medo, então eu escondia meu rosto, mas nesse dia não foi muito possível de isso acontecer, pois eu tinha machucado meu braço, tinha feito uma cirurgia e o pior, eu fiquei em um coma de um mês, isso foi o pior, pois ficar desacordada havia sido a pior coisa do mundo, mas como eu era criança, a única parte ruim, era os desenhos que eu havia perdido nesse tempo.
Eu fiquei de olhos fechados esperando minha mãe, em vários momentos eu queria não ser eu, aquele momento por exemplo, eu queria abrir meus olhos, poder ver ao redor, sem que rostos aparecessem me atormentando.
Minha mãe entrava com o médico na sala, ele me examinava e sorria para mim, eu me senti bem com aquele médico, naquele momento minha mãe sai e só fica eu e o médico na sala sozinhos, no mesmo momento ele senta na cama e fica me observando atentamente, os olhos dele brilhavam e aquilo estava me cobrindo de medo, ele sorria cada vez mais, até que tocou na minha mão e continuava me observando como se eu fosse um diamante muito raro.
Até que ele resolve falar comigo.
- Oi, mocinha, você é muito bonita, sabia ? - dizia me analisando
- Obrigada - eu dizia
Eu quando era menor, tinha muito, mas muito medo de homens, eu achava que eles eram má, iam me machucar e maltratar, mas aquele homem me passava segurança.
- Você é especial! Por que você gritava de noite, pequena? - dizia ele e eu ficava com vergonha, eu não sabia o que responder, eu também tinha medo de contar que tinha sonhos, que o mal me perseguia, mas eu sentia que podia confiar nele, mesmo eu não sabendo quem ele era.
- Eu estava tendo pesadelos !- dizia e abaixava a cabeça
- Eu sei, meu anjo, também sei que Você pode me contar tudo! - dizia rindo
- Ta bom ...- então eu contei tudo pra ele, desde o principio até agora, ele apenas me ouvia e entendia, eu ficava observando como ele reagia. Depois de falar absolutamente tudo, ele me olha com um olhar triste.
- Nossa, eu realmente sinto muito por você. Você é realmente especial e eu vou te ajudar com isso, você pode estar doente, talvez precise estar com pessoas como você, sabe, meio doidinhas !- dizia rindo e saia da sala me deixando sozinha.
Eu chorava inconsolavelmente por ele ter achado que eu estava louca, pois eu não estava, aquilo existia, mas ninguém acreditava.
Minha mãe entrava e ficava comigo. Eu fiquei internada por mais um mês, nesse um mês, o médico que ia me ajudar, faleceu, me falaram que ele havia cometido suicídio, eu fiquei em pânico, pois, eu sabia que ele não tinha se matado, foi um homicídio, mas fizeram parecer suicídio e foram as 'pessoas' que eu via que haviam feito isso. Então foi ai, depois da morte do médico, eu sabia que nunca podia falar isso para ninguém, pois os monstros matariam todos que soubessem da minha história.

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