A traição e a Perda

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Depois de lamentar profundamente a falsidade de Davi, eu acabei dormindo, bom, eu já estava louca, nada mais poderia ficar pior.
Assim que acordei corri até o quintal e procurei Davi, então ele estava sentado, eu fui até ele para conversar sobre ele ser invisível.
- Oi - disse tímida, pois achava que ele estava chateado comigo
-Oi, senta aí! - ele disse sorrindo - É muito bom saber que você voltou a falar comigo, somos amigos, melhores amigos, nada irá separar nós dois! - Ele disse com um brilho nós olhos e eu sorri para ele
- Sim, somos! - disse eu - Primeiro e único amigo!
Então ficamos conversando sobre várias coisas aleatórias, como sobre como é ser invisível, e como é ver 'fantasmas'. Davi era um ótimo amigo, mesmo ninguém podendo vê- lo, ele se esforçava para ser cada vez melhor, ele queria me ver feliz, e eu, bom, eu confiava plenamente nele, ele me apoiava em tudo, ele era o menino que me fazia sorrir mesmo triste, eu não sei o que ele era, mas as vezes ele aparecia na minha janela, as vezes que eu tinha pesadelos no caso, e ele ficava comigo até eu pegar no sono, ele tinha a melhor voz, ele tinha o melhor olhar, o melhor sorriso, ele era ele, o meu melhor amigo, considerável irmão, e na minha cabeça, sempre seria assim.
Eu dormia todas as noites com a certeza de que ele estaria me esperando pela manhã, no meu quintal.
Eu não havia mais escutado vozes, mas sempre via rostos terríveis que me amedrontavam, e eu teria que aprender a lidar com isso, pelo resto da minha vida, pois sim, eles irão me perseguir pelo resto da minha vida, ainda não achei saída, ou cura, ou qualquer coisa que os fizessem sumir, já tentei igreja, mas não deu, pensei em tentar psiquiatra, mas Davi me dizia que não era necessário, isso era uma coisa que ninguém tiraria de mim, e um dia eu iria descobrir o porquê de tudo, e o culpado de tudo.
Eu ficava igual louca tentando descobrir as coisas, eu investiguei a vida de todos foi aí que descobri coisas absurdas sobre meu pai. Eu era nova nessa época, mas de tanto vasculhar a vida das pessoas, acabei descobrindo que meu pai, traia a minha mãe, sempre traiu, descobri que ele tinha outra mulher, e isso foi um choque, basicamente, eu me senti a mais traída da história, eu fiquei com um pequeno trauma, eu fiquei com raiva do meu pai, eu o culpava pelo sofrimento da minha mãe, eu o culpava pelas noites de choro da minha mãe, a dor de ver minha mãe chorar, por um homem que ela amava, mas ele não à valorizava, me corroía por dentro, tudo o que estava acontecendo era demais para mim, eu não merecia isso, eu era apenas uma criança.
Minha mãe queria se separar do meu pai, mas ele não quis, e ele queria à dominar, coisa que era horrível.
Na minha escola, ninguém falava comigo, eu não tinha amiguinhas como as outras meninas, e além de ser doloroso ver todos felizes menos eu, eu não conseguia aprender nada. Davi tentava estudar comigo, mas parecia que eu não estava aqui, eu estava viajando no mundo da lua.
Para piorar tudo, eu comecei a ver monstros na escola, eu via um homem com as garras cravadas nas costas do meu professor, eu simplesmente me assustava, e eu ficava encarando fixamente aquele rosto terrível, ensanguentado, sem nariz, com orelhas afiadas e sorriso demoníaco, ele me encarava e eu não conseguia fazer nada, meu professor as vezes reclamava de dores das costas, e quando ele reclamava o demônio que estava à segura- lo, ria horrivelmente e cravava as garras cada vez mais fundo. E as vezes eu corria para o banheiro e chorava, eu tinha medo de ver meu professor morrer, eu tinha medo de tudo, eu gritava, eu não aguentava, era muita, muita coisa pra uma garota tão pequena, eu simplesmente pedia a todas forças existentes para que parasse, para que eu morresse, mas tinha uma coisa, sempre quando eu pensava na minha morte, eu lembrava de Davi, e ele, tinha se tornado meu motivo pra viver, motivo pra sorrir, não, eu não estava apaixonada pelo Davi, mas eu o amava com todo meu coração.
As vezes eu não comia em casa, então o Davi me trazia comida, eu comia com ele, tudo com ele era melhor!
Houve uma noite que eu estava no quarto, até que eu escutei minha mãe chorar, então eu fui até o quarto dela, e na hora que ia bater na porta, escuto um sussurro gelado no meu pescoço dizendo "não", então eu me arrepio completamente na hora e não consigo me movimentar, até que escuto meu pai chegar e me chamar, essa foi a hora que eu consegui me movimentar e eu me arrependo disso. No momento que virei, vi meu pai, e pessoas terríveis ao redor dele, tinha monstros por ele todo, tinha monstros pendurados nele, por todo corpo, meu estava 'possuido' e eu estava completamente chocada, na verdade, não existe palavras para descrever o que eu estava sentindo naquele momento, era muito forte, eu tinha perdido meu pai, e o pior era que eu tinha perdido meu pai, para os monstros. Na mesma noite, meus pais brigaram, então eu corri até o quarto deles, foi quando eu vi, vi um terrível monstro negro, de quase dois metros, entrando no corpo do meu pai, meu pai no mesmo momento, acertou um murro no rosto da minha mãe à fazendo cair, e então minha mãe levantava e ia para cima do meu pai, meu pai riu, e agrediu minha mãe, aquilo foi tão doloroso, aquilo me fez chorar, aquilo foi horrível, eu nunca havia sentido dor assim.
Minha mãe sai de casa correndo com o telefone na mão e eu vou atrás, chorando, corro atrás dela e a vejo ligando para a polícia, então eu chorava ainda mais, por saber que meu pai iria ser preso, eu era tão nova e já estava passando por tudo isso.
Logo que a polícia chegou, eu me senti mal, então meu pai foi preso, e minha mãe foi junto para a delegacia dar queixa.
Eu fiquei triste e esperando que o Davi chegasse, mas Davi não aparecia, então passaram- se quase um mês sem Davi.
Até que um certo dia, eu tive um pesadelo com ele, ele se despediu de mim no pesadelo, e foi embora, me deixando para trás, sem mais nem menos, nesse tempo, eu fiquei tão doente, eu nem sequer, saia de casa, era tão ruim nao ter ele. Eu fiquei em uma depressão por 3 meses, o tempo de um luto que eu vou levar para sempre, e até hoje eu me sinto mal quando falo dele, mas as vezes é necessário, pois nunca, ninguém vai se comparar, ele sumiu, me abandonou, de certa forma, eu tinha mágoa, mas também tinha saudade, além da raiva de ele me deixar em momentos difíceis, mas eu sabia, que a partir de lá, eu ia ter que caminhar sozinha, carregar minhas dores sozinha, pois, eu não posso contar pra ninguém, eu tinha que proteger a vida das pessoas ao meu redor, eu ia carregar meus monstros, pesadelos, dor e essa dor era pro resto da vida, eu sempre soube, mas sempre esperei que acabasse, e a minha esperança vai ser a última a morrer!

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