How to mess up a SAMCRO party

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Acordei com a sensação de que havia dormido por décadas. Eu estava encolhida à beira da cama, quase por cair. A noite devia ter sido fria, pois além de tê-la passado nua, minha pele estava extremamente frígida. Movi-me até colocar os pés no chão, apoiando-me à cama com as mãos ao lado de meus quadris. Meus olhos se fecharam com força ao sentir a onda de espasmos que circulavam por meu corpo. A dor era tão severa que eu mal conseguia movimentar as pernas sem deixar escapar um gemido angustiante.

Assim que me banhei e me vesti, deixei o quarto já percebendo uma movimentação na casa. O rádio estava ligado e tocava uma espécie de rap underground dos anos 80. Na sala me deparei com várias garotas, algumas trabalhavam na boate e outras eu desconhecia. Estavam todas com vestes mínimas, uma delas completamente nua. Sean estava sentado à mesa com quatro homens. Pareciam chicanos. Eles tinham algumas garrafas de uísque quase vazias sobre a mesa e estavam conversando. Pelo que me parecia, falavam sobre negócios, pois pude notar alguns maços de dinheiro espalhados entre os copos. Apenas me apressei, cruzando a sala e indo rapidamente para a cozinha.

— Por que demorou tanto para acordar? –ouvi a voz de Sean e quando virei-me, vi-o encostado ao batente da porta.

— Eu perdi a noção do tempo. Me desculpe. –respondi sem fita-lo, mantendo meus olhos baixos.

— Não quero que vá para Diosa hoje. Quero que cuide da casa, está imunda. –ele disse e eu apenas assenti, confirmando com a cabeça. – Esteja pronta às nove, pois os motoqueiros irão mandar um carro para leva-las à festa.

Assim que Sean virou-se e retornou à sala, debrucei-me sobre a bancada e pus-me a chorar. Eu segurava cada soluço para que não fizesse nenhum barulho que chamasse a atenção. Maior do que qualquer dor física que ele me provocava, a dor emocional era a que mais me atingia. A frieza com que me travava, o modo com que me forçava a ser sua criada, as humilhações com que fazia questão de me fazer passar. Eu estava cansada. Eu jamais o desapontara e nunca reagi a qualquer uma de suas ameaças ou abusos. Eu já não suportava mais questionar a Deus o que foi que havia feito de tão errado para merecer tudo isso.

Aproveitei que não teria que ir à boate e comecei a recolher os copos e bitucas de cigarro que cobriam o chão da cozinha. Estava tudo muito sujo, mas mesmo assim, esforçava-me para deixar tudo impecável, ignorando cada fisgada de dor que me atingia entre as pernas.

{...}

Já era noite e eu estava na Diosa. Três garotas que trabalhavam na Casa estavam a me acompanhar. Esperamos, até que dois homens vestindo coletes dos Filhos da Anarquia apareceram. Um deles tinha os olhos claros e os cabelos desleixados, e, assim que adentrou a boate, acenou em nossa direção, lançando uma piscadela em seguida. O outro que o acompanhava era calvo, coberto por tatuagens e seus olhos eram tão negros que chegava a ser intimidador. Sean os recebeu e logo após trocarem algumas palavras, o homem dos cabelos desleixados acenou novamente em nossa direção, convidando-nos a segui-los.

— As princesas estão preparadas para conhecer uma festa dos SAMCRO? –perguntou o homem dos cabelos desleixados, ajudando cada uma de nós a subir em uma SUV preta.

— Preparadíssimas, Capitão... –Kimberly respondeu em um tom aveludado, fitando-o com malícia.

— Vamos logo, Trager! Vai ter a noite toda para se engraçar com ela. –O outro homem disse, puxando-o para longe da porta do carro e fechando-a com brutalidade. Meus olhos se esbugalharam, afinal, aquele rapaz era assustador.

Não demorou muito até que chegássemos. Era um grande terreno e logo ao lado de onde o carro estava estacionado, havia uma gigantesca fila de Harleys. Assim que descemos do carro, comecei a me sentir desconfortável. O local estava repleto de pessoas, a maioria homens. Todos vestiam o mesmo colete. Trager e o outro homem nos acompanharam até uma porta e assim que passamos pela porta, encontramos outro ambiente ainda mais abarrotado.

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