O jantar até estava a correr bem, Jorge foi muito simpático o tempo todo e falamos de coisas aleatórias, acho que ele estava a agir como se fosse o nosso primeiro encontro, que afinal de contas nunca chegou a existir, porque depois do meu acidente, aquele em que eu salvei os dois filhos mais novos dele de serem atropelados, eu passei a morar na casa dele com os seus filhos.
Ele estava sempre a tentar fazer-me rir, e muitas das vezes conseguiu.
- Olha o nosso pequeno príncipe está a acordar - disse ele tocando numa mãozinha do Tiago - Queres vir ao papá? - perguntou Jorge sabendo que não obteria resposta
Ele pegou no Tiago ao colo, fazendo deitar-se em seus braços, ele tocava-lhe no nariz e fazia umas caretas estranhas para o Tiago ver.
- Quem é o menino do papá? Quem é? Quem é? Pois é, és tu - disse
Como eu gostava de o ver a "brincar" com o nosso filho, era muito bom, a verdade é que ele é muito bom pai, só que talvez ele não saiba disso, mas também é verdade que todos os seus filhos são bem educados e defendem maior parte das vezes a sua opinião e os seus direitos.
Ser mãe de coração não é fácil, pois não os acompanhei desde pequenos, e ter que os conhecer agora de repente é um pouco complicado, principalmente quando todos tem personalidades muito distintas, mas aos poucos e poucos vai-se conseguindo.
Eu não sabia o que fazer em relação a Jorge, ele de facto parecia um outro homem, mais seguro de si, ainda mais carinhoso, mais respeitador, parecia mesmo que tinha mudado nestas últimas semanas.
- É melhor nós irmos andando - disse referindo-me a mim e ao Tiago
- Eu levo-te a casa - disse ele muito rápido
- Não sei se é boa ideia - disse pois eu não queria que ele soubesse onde eu estava a morar
- Anda lá, está a chover muito e para além disso quero me certificar que tu e o meu filho chegam bem a casa - diz Jorge
- Está bem...mas só porque está a chover - disse eu
Jorge insistiu em pagar o nosso jantar, eu tinha lhe dito que pagavamos a meias, mas não adiantou de nada, ele ia devagar na estrada, porque de facto não parava de chover e estava muito vento, uma verdadeira ventania.
- Mal consigo ver a estrada, e ainda por cima os vidros estão todos embaciados - diz Jorge ligando as luzes de estrada e alternando com as luzes de cruzamento
- Não será melhor escontares a um canto e esperar que a chuva passe? - perguntei
- E não te importas de ficares aqui fechada por um bocado? - perguntou
- É melhor do que termos um acidente por falta de visibilidade - disse
- Então vou estacionar ali à frente fora da faixa de rodagem - disse Jorge - Liga para a Kelly para dizer que eu posso demorar - disse ele me entregando o celular dele - E para fechar as portas de casa
Liguei a avisar à Kelly, à sua filha mais velha, e aproveitei e também liguei para a Mercedes, enquanto que ele parava o carro. Tiago estava novamente a dormir na cadeirinha que Jorge tinha no carro.
- Bem...não parece que vá parar de chover tão cedo - diz Jorge desligando o carro
- Pois não - disse e cruzei os meus braços, estava com um pouco de frio
- Espera - diz ele tirando o casaco e logo depois me deu - Toma, eu acho que tenho mantas na bagageira - diz ele
- Mas não vais sair fora do carro pois não? - perguntei
- Não, vou passar pelos bancos - disse a rir e assim o fez até chegar ao fundo do seu carro, pois eram necessários 7 bancos para a "nossa" família, estou me incluindo, mesmo ainda estarmos mal
- Não acordes o Tiago - disse quando ele estava a voltar e tocou na cadeira dele sem querer
- Também tinha estás almofadas, de quando fomos fazer um piquenique há meses atrás - diz Jorge
- Obrigada - disse assim que me deu - Até que não estamos mal enquanto que a chuva não passa
- Temos cobertores, almofadas...e temo-nos um ao outro - disse Jorge, embora eu mal o conseguisse ver devido à escuridão tenho a certeza que ele estava a "olhar para mim"
- É... - disse e Jorge colou nossos lábios para um beijo bastante lento mas cheio de paixão, eu correspondi como devem imaginar
- Eu te amo tanto, volta para mim - disse assim que nos separamos - Não aguento mais estar separado de ti
- Jorge...eu volto, com uma condição... - disse eu
- Claro diz... - disse ele
- Não haveram mentiras, traições e enganos, quero sinceridade e paz - disse eu
- Sim Martina, eu prometo que não haverá nada disso e prometo ser sempre sincero - disse ele - Estamos bem?
- Estamos.. - disse eu e ele voltou a beijar-me
- Obrigado, obrigado, obrigado - disse dando-me selinhos
Eu inclinei o meu banco para trás, para poder dormir já que não iria sair dali tão cedo, e Jorge passou para o meu lado do carro, e deitou-se comigo no meu banco, e ficamos ali os dois amarradinhos a ouvir a chuva e o vento lá fora.
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Formando uma família || Jortini
FanfictionJorge Blanco, têm 4 filhos, todos com personalidades diferentes, têm de os cuidar e proteger. Têm de ser pai e mãe ao mesmo tempo, pois a mãe das crianças morreu à 3 anos atrás . Não tenciona substituir a sua esposa por outra, mas tudo poderá mudar...