33. "Uma condição..."

654 34 16
                                    

O jantar até estava a correr bem, Jorge foi muito simpático o tempo todo e falamos de coisas aleatórias, acho que ele estava a agir como se fosse o nosso primeiro encontro, que afinal de contas nunca chegou a existir, porque depois do meu acidente, aquele em que eu salvei os dois filhos mais novos dele de serem atropelados, eu passei a morar na casa dele com os seus filhos.

Ele estava sempre a tentar fazer-me rir, e muitas das vezes conseguiu.

- Olha o nosso pequeno príncipe está a acordar - disse ele tocando numa mãozinha do Tiago - Queres vir ao papá? - perguntou Jorge sabendo que não obteria resposta

Ele pegou no Tiago ao colo, fazendo deitar-se em seus braços, ele tocava-lhe no nariz e fazia umas caretas estranhas para o Tiago ver.

- Quem é o menino do papá? Quem é? Quem é? Pois é, és tu - disse

Como eu gostava de o ver a "brincar" com o nosso filho, era muito bom, a verdade é que ele é muito bom pai, só que talvez ele não saiba disso, mas também é verdade que todos os seus filhos são bem educados e defendem maior parte das vezes a sua opinião e os seus direitos.

Ser mãe de coração não é fácil, pois não os acompanhei desde pequenos, e ter que os conhecer agora de repente é um pouco complicado, principalmente quando todos tem personalidades muito distintas, mas aos poucos e poucos vai-se conseguindo.

Eu não sabia o que fazer em relação a Jorge, ele de facto parecia um outro homem, mais seguro de si, ainda mais carinhoso, mais respeitador, parecia mesmo que tinha mudado nestas últimas semanas.

- É melhor nós irmos andando - disse referindo-me a mim e ao Tiago

- Eu levo-te a casa - disse ele muito rápido

- Não sei se é boa ideia - disse pois eu não queria que ele soubesse onde eu estava a morar

- Anda lá, está a chover muito e para além disso quero me certificar que tu e o meu filho chegam bem a casa - diz Jorge

- Está bem...mas só porque está a chover - disse eu

Jorge insistiu em pagar o nosso jantar, eu tinha lhe dito que pagavamos a meias, mas não adiantou de nada, ele ia devagar na estrada, porque de facto não parava de chover e estava muito vento, uma verdadeira ventania.

- Mal consigo ver a estrada, e ainda por cima os vidros estão todos embaciados - diz Jorge ligando as luzes de estrada e alternando com as luzes de cruzamento

- Não será melhor escontares a um canto e esperar que a chuva passe? - perguntei

- E não te importas de ficares aqui fechada por um bocado? - perguntou

- É melhor do que termos um acidente por falta de visibilidade - disse

- Então vou estacionar ali à frente fora da faixa de rodagem - disse Jorge - Liga para a Kelly para dizer que eu posso demorar - disse ele me entregando o celular dele - E para fechar as portas de casa

Liguei a avisar à Kelly, à sua filha mais velha, e aproveitei e também liguei para a Mercedes, enquanto que ele parava o carro. Tiago estava novamente a dormir na cadeirinha que Jorge tinha no carro.

- Bem...não parece que vá parar de chover tão cedo - diz Jorge desligando o carro

- Pois não - disse e cruzei os meus braços, estava com um pouco de frio

- Espera - diz ele tirando o casaco e logo depois me deu - Toma, eu acho que tenho mantas na bagageira - diz ele

- Mas não vais sair fora do carro pois não? - perguntei

- Não, vou passar pelos bancos - disse a rir e assim o fez até chegar ao fundo do seu carro, pois eram necessários 7 bancos para a "nossa" família, estou me incluindo, mesmo ainda estarmos mal

- Não acordes o Tiago - disse quando ele estava a voltar e tocou na cadeira dele sem querer

- Também tinha estás almofadas, de quando fomos fazer um piquenique há meses atrás - diz Jorge

- Obrigada - disse assim que me deu - Até que não estamos mal enquanto que a chuva não passa

- Temos cobertores, almofadas...e temo-nos um ao outro - disse Jorge, embora eu mal o conseguisse ver devido à escuridão tenho a certeza que ele estava a "olhar para mim"

- É... - disse e Jorge colou nossos lábios para um beijo bastante lento mas cheio de paixão, eu correspondi como devem imaginar

- Eu te amo tanto, volta para mim - disse assim que nos separamos - Não aguento mais estar separado de ti

- Jorge...eu volto, com uma condição... - disse eu

- Claro diz... - disse ele

- Não haveram mentiras, traições e enganos, quero sinceridade e paz - disse eu

- Sim Martina, eu prometo que não haverá nada disso e prometo ser sempre sincero - disse ele - Estamos bem?

- Estamos.. - disse eu e ele voltou a beijar-me

- Obrigado, obrigado, obrigado - disse dando-me selinhos

Eu inclinei o meu banco para trás, para poder dormir já que não iria sair dali tão cedo, e Jorge passou para o meu lado do carro, e deitou-se comigo no meu banco, e ficamos ali os dois amarradinhos a ouvir a chuva e o vento lá fora.

Formando uma família || Jortini Onde histórias criam vida. Descubra agora