Notas da amizade

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Eu, os meninos e as meninas nos encontramos na biblioteca para estudar durante a maior parte da semana. Mas na quinta-feira eu já não aguentava nem se quer pensar em ler mais alguma coisa. Então, em vez de ir para a biblioteca depois das aulas, eu peguei minha bolsa e o estojo do meu violino e fui procurar um local calmo e despovoado para praticar.

No fundo da escola, atras do prédio do ensino fundamental, havia um jardim onde quase ninguém ia. Com uma fonte, alguns bancos e muitos tipos de flores, o lugar era perfeito para relaxar e se inspirar.

Coloquei minha bolsa em um dos bancos e tirei o meu violino da sua case, indo até a fonte.

 Me aqueci com Além do Arco Íris e depois  me concentrei em tocar Yellow Submarine .

Quando eu estava repetindo Yellow Submarine, tentando acertar a parte em que eu sempre desafinava, ouvi notas suaves e hesitantes vindo de uma das janelas do prédio do fundamental. 

Após mais algumas notas travadas, a música começou a fluir e me vi subitamente em um dueto com um pianista.

Deixei meu arco deslizar gentilmente pelas cordas, tocando a ultima nota da musica suavemente.

Mal havia abaixado meus braços quando ouvi o som de uma janela sendo aberta violentamente e uma voz muito conhecida gritando meu nome.

Olhando para cima, vi o Luke gesticulando loucamente para mim, pendurado na janela do primeiro andar. Ele então começou a balançar ambos os braços, me chamando.

Guardei meu violino, peguei minha bolsa e andei até a janela, entregando minhas coisa para o Luke para eu poder pular pelo batente.

-O que você está fazendo numa sala do ensino fundamental a essa hora?- perguntei, ajeitando minha blusa.

-O que você está fazendo sozinha atrás do prédio do ensino fundamental a essa hora?- ele revidou com um sorrisinho.

-O mesmo que você- disparei.

-E o que eu estou fazendo exatamente princesa?

-Sendo anti-social e estranho.

-Então somos dois.

Mostrei minha língua para ele fazendo-o rir e revirar os olhos.

O Luke então andou até sua mochila encostada no piano e tirou de lá uma tupperware e a abriu, me oferecendo seu conteúdo.

Dentro dela haviam delicados cupcakes cobertos de glacê e pequenas frutas. Arregalando os olhos, eu imediatamente peguei um deles e dei uma mordida. M-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o-s.

A massa era fofa e leve e o recheio de creme de frutas era rico em sabor e textura.

-Seu pai que fez?- lambi um pouco de glacê das pontas dos meus dedos.

Ele sorriu orgulhoso -Eu que fiz.

Quase deixei meu cupcake cair no chão.

-Você?

-Por que você parece tão surpresa com essa notícia?- ele cruzou os braços- Eu sou filho de um chef afinal de contas.

-Eu nunca vi você trazer nada comestível pra escola, só umas frutas desidratadas e coisas sem gosto.

-Escolha da minha mãe- ele revirou os olhos e fez uma cara de nojo- Mas ela viajou essa semana então eu estou aproveitando para me entupir do máximo de doces possíveis antes dela voltar.

-Então você não gosta daqueles troços desidratados ?

-Frutas? Tudo bem. Mas vegetais não foram feitos para serem desidratados, eles ficam com gosto de papelão e com consistência do mesmo. Meu pai abomina tudo que é natureba e diet, ele fala que aquilo é comida de coelho, não de gente. Você já tentou comer pizza vegana? Aquilo não é normal, pizza não foi feita para ser vegana.

Rock BunnyOnde histórias criam vida. Descubra agora