True Blood- Parte 2

Um jantar de surpresas

Mais um dia cheio no Ministério. Esse negócio de Comensais da Morte estarem voltando é um grande perigo, diz Quim. Fico assustada apenas com a ideia, e logo Londres inteira fica apavorada. Estão me deixando louca, recebendo milhares de cartas da comunidade bruxa, sempre com as mesmas perguntas: "O que fazer se os Comensais realmente voltarem", entre outras perguntas desse caráter. Estou perdendo horas e horas de almoço respondendo mais e mais cartas diariamente, e vejo que Cormoran me olha com certa pena. Enfim, o Ministério inteiro está um alvoroço por causa disso. Pra mim, acho remota a ideia de que Comensais da Morte vão realmente retornar, mas não quero descartar a ideia. 

Meu primeiro almoço decente foi cerca de duas semanas depois da notícia, e neste mesmo dia, adivinha quem veio se sentar ao meu lado?

-Oi, Granger. Muito ocupada?

-Sempre, Weasley. Com licença.-digo, rosnando, me levantando para ir a outra mesa. Rony vai atrás, mas sem querer esbarra em Cormoran, fazendo derrubar toda a sua comida no chão, de ambos.

-Olha por onde anda, Finnigan! Olha só o que você fez, me sujou todo com...

-D-Desculpe. Pago outro almoço para o senhor...-gagueja com seu sotaque Cormoran, baixando a cabeça.

-E quem disse que quero outro almoço, seu... bostinha de dragão?!

-Ei, ei, mas o que é isso, Ronald? Não pode tratar os outros...

-Sai do meu pé, Hermione! Não basta você se pagar de sabe-tudo, ainda quer implicar comigo mesmo depois de Hogwarts? Dá um tempo, vai.-ele recua, irritado, e vaio embora sujo de comida. Vou até Cormoran, que está agachado no chão, catando a comida que restou.

-Ei, você tá bem?-ele me pergunta.

-Sim, eu tô, mas por quê a pergunta? Ele não fez nada pra mim.

-Ás vezes palavras podem machucar mais do que atos. Aposto toda a minha conta em Gringotes que você se feriu quando ele lhe disse aquilo.

-E qual é a sua quantia?

-Por quê quer saber?

-Por que você acabou de perder tudo.-suspiro, forçando um sorriso, e ele retribui. Nossas mãos se tocam quando sem querer pegamos a mesma caixa de suco, e ele cora na hora, assim como eu. 

-Hã, é melhor eu ir indo.

-Mas ainda faltam dez minutos de almoço.

-Hum, é? Mas eu tenho muito trabalho, sabe como é...

-Não precisa fugir de mim, tá bem? Eu não mordo. 

-E-Eu não tô fugindo de você, Corm.
-Corm?-ele ri com o apelido.
-Posso?
-Claro. Faz tempo que ninguém me chama assim.
-Então ótimo. Tem a sexta livre?
-Huum, por que a pergunta?
-Ah, é que eu pensei se... a gente...poderia sair, não sei, para jantar ou algo do tipo.
-Bom, acho que sim... Acho que até o resto desta semana consigo terminar de responder o inquérito do Ministério Australiano.
-Claro, só não quero ocupar muito seu tempo.
-Claro que não, será um prazer, Corm. Bom, até outra hora.
-Até.-ele responde, sorrindo. Gosto de seu sorriso, seu olhar simpático e atraente.
Sexta-feira...
Quase me esqueço do jantar com Cormoran! Essa semana estou extremamente ocupada, muita papelada pra resolver. Finalmente, Quim me libera, mas um pouco atrasada. Marcamos o jantar às 19:30, e já são 18:50 quando ele me libera. Aparato para minha casa e tomo um banho rápido. Seco os cabelos e enrolo-os rapidamente, que ficam com um ar mais natural, que eu adoro. Faço uma maquiagem mais leve, e visto uma calça flare bege, uma camisa solta de mangas compridas branca, um salto não muito alto cor de caramelo e um colar que ganhei de presente de aniversário ano passado de Luna. Sua rusticidade combina muito com a roupa que estou usando, e sem querer, acabo me atrasando um pouco no restaurante. Cormoran estava com uma taça de água nas mãos, olhando sempre para a porta de entrada.
-Ai, meu Merlin, me desculpe pelo atraso Cormoran.
-Não tem nada. Com licença.-ele pede, quando puxa minha cadeira para me sentar. Agradeço, e ele sorri, parecendo satisfeito.
-Boa noite. O que vão querer?-o garçom educadamente pergunta. Esqueci que estamos em um restaurante trouxa.
-Boa noite. Hum, hoje vou pedir camarão com maionese alioli e uma sopa fria de alcachofra.
-Ótima pedida senhor. E a senhorita?
-Lagostim ao creme holandês e tomates recheados. -peço. Hoje á noite quero apenas relaxar e me divertir. Com Cormoran.
-Então Hermione. Como está indo?
-Um pouco cansada, mas bem.
-Ah, me desculpe, você queria tirar seu dia de folga e eu...
-Não, não, esqueça isso, está tudo bem.
-Tem certeza? Posso te levar pra casa agora mesmo, podemos jantar outro dia...
-Claro que não, Cormoran! Hoje quero relaxar, e você é uma ótima companhia.
-Hm, sou mesmo?
-Sim.
-Que bom que acha isso. Como está com Quim? E o Ministério Australiano?-ele pergunta, tentando puxar assunto.
-Corm, que tal falarmos de outro assunto? Não quero parecer grossa, mas...
-Ah, você está certa, me desculpe. Passamos todos os dias trabalhando, e quando saímos só sei falar disso. Como vai com Ronald?-engasgo, e começo a tossir. Ele foi humilhado por aquele cabeça-dura e ainda pergunta por ele?
-Weasley?
-Sim, de que outro estaria falando?
-Hmm, não sei. Bom, acho francamente que ele está muito bem sem mim.
-Desculpe?
-Ah, nada, esqueça. Sabe, Cormoran, você é muito gentil. As pessoas fazem essas coisas com você e ainda se preocupa com elas.
-Está falando do Ronald?
-S-Sim. Ele também me acusou de coisas horríveis, ah, ele é um completo babaca. Não sei se posso perdoá-lo.
-Sinceramente, acho que sim. Ele pode ser... como você diz, cabeça-dura, mas com certeza gosta muito de você.
-Com certeza absoluta posso negar sua afirmação. Ele não dá a mínima para mim.
-Ah, é? Então por que ele tem um retrato com uma foto sua colada no armário dele, lá no Ministério?
-O quê?
-Além de manter um belo retrato de vocês dois no quinto ano em Hogwarts na sala dele. -engulo em seco.
-Não, você deve estar...
-Com certeza não. Veja, ainda temos o senhor Malfoy.
-O que tem Draco?
-Já tive o imenso prazer de esbarrar com ele diversas vezes no Ministério. Não sei, mas ele me pergunta sobre você. Talvez por que trabalhamos na mesma seção, e ele não.
-Cormoran... por que está falando essas coisas para mim?
-Que coisas?
-Essas coisas! Draco e Rony, as pessoas que... Bem, você sabe.
-Relações. Sabe que eu admiro muito você, Ronald e Harry. O Trio de Ouro que...
-Desculpe, eu não devia ser tão grosseira.
-Não foi nada. Olhe, nossa comida chegou. Bom apetite.
-Obrigada, você também.-e comemos, conversamos, rimos e bebemos um pouco também. Já era um pouco tarde quando resolvemos ir para o parque do centro da cidade, que a noite é muito bonita.
-... não sei se é só eu que percebi, mas a cara que Quim faz quando fala com aquela gente do Ministério Australiano é muito engraçada.-Cormoran diz, mais sóbrio do que eu, fazendo uma careta, imitando exatamente a expressão de Quim. Gargalho bastante alto, e ele ri também, e me jogo em seus braços fortes, quase caindo, ainda rindo. Olhando para seu rosto belo e delicado, toco suas bochechas e o beijo. Imediatamente ele me tira de seus braços e me afasta delicadamente, me deixando num choque de realidade.
-Hã, Hermione, tem algo... Tem algo que eu não contei pra você.-eu estava, como disse, um pouco alterada por conta do álcool, mas estava sóbria o suficiente para ouvi-lo atentamente.
-Não, eu peço desculpas, eu não deveria... Você deve ter namorada, noiva talvez, eu não devia ter feito isso, não devia de jeito nenhum...
-Espera, não é nada disso...
-É sim, eu não devia...
-Hermione, eu sou gay.
-O QUÊ?