Capítulo 5: Primeira festa, primeiro beijo. ( Primeira parte.)

469 43 7
                                    





— Me desculpe... — Sua voz arrancou-me arrepios quentes e mesmo depois disso ainda continuou sobre mim, encarando meus lábios silenciosos. Ele se aproximou um pouco mais, senti seu coração disparar tanto quanto o meu, veloz e cheio de vida. — Desculpe. — Os olhos verdes se fixaram em minha face.

— Você já disse isso — sussurrei.

— Eu sei...

O que eu estava fazendo? Por que não saía dali logo? Ele também parecia que não se moveria, e permanecemos nesse impasse até que elas se libertaram do covil.

Beije-o! É isso que sua carne pecadora quer.

— Eu deveria ter trancado a porta. — Finalmente meu corpo obedeceu. Rolei para o lado, fugindo do calor dele, enquanto minhas mãos abrigavam aquilo que deveria ficar escondido.

— E eu deveria ter batido.

Apolo se levantou, mas não era tímido para esconder suas partes, então as deixou à amostra — e ainda estava excitado — enquanto apanhava a toalha e me entregava. Engoli em seco, repreendendo-me por não ter me enrolado naquele bendito pedaço de pano e lutando para desviar os olhos atraídos magneticamente para o corpo dele. Era a primeira vez que via um garoto nu tão de perto e aquilo fez meu corpo acordar com vibrações tomando-me por dentro.

— Irei tomar banho até que você se troque e já lhe ajudo com a mesa — disse novamente, causando-me uma sensação de dormência por todos os membros.

— Tudo bem. — Desviei o olhar, mas assim que ele se virou de costas para mim, olhei novamente para o seu corpo. Os glúteos eram arredondados, as coxas suavemente peludas e as costas largas.

O chuveiro estava no frio e assim que Apolo o ligou, pude escutá-lo suspirar pelo contato da água com sua pele. Eu ainda estava sentado no chão segurando a toalha quando reprimi de vez aquela vontade de ficar ali, admirando sua imagem, e me levantei, rumando em direção à porta.

Me enrolei e saí apressado. Quando meus pés pisaram para fora do banheiro, o desejo cedeu ao remorso. Arrependimento por algo que não podia controlar, por sentir aquilo que havia sentido. Meus joelhos perderam as forças, caí ali mesmo chorando e pedindo perdão.

— Por quê? — Minha visão embaçada pelas lágrimas que escorriam para fora de sua fortaleza se elevou ao teto, em uma tentativa de ultrapassá-lo e vislumbrar a moradia do Senhor. — Por que não me cura dessa doença e me faz ser honrado perante teus olhos?! Por que não me ouve e me traz respostas, eu, eu estou mesmo doente?! — Durante alguns segundos, fiquei em silêncio, soluçando com o olhar perdido. — Não quero sentir essa culpa, esse peso no peito por ser algo que sou incapaz de mudar.

Coloquei tudo para fora, chorei até os olhos arderem e antes que Apolo saísse do banho e me visse aos prantos na porta do banheiro, recompus-me sem obter ao menos um sinal como resposta do meu clamor.

Apanhei a cueca branca na cama, logo ao lado da camisa azul e a bermuda jeans escura, me troquei às pressas e fui para cozinha preparar a mesa, a qual ficou pronta em minutos. Fui rápido e assim que Apolo chegou à cozinha, eu já havia terminado, e antes que alguma conversa ganhasse vida, o telefone tocou escandalosamente na sala.

— Eu atendo — avisei me retirando.

— Estamos aqui na garagem, tem como algum de vocês descer e ajudar com as compras? — Ana pediu, a voz se mesclando ao som do motor ao fundo.

O Peso de Amar. (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora