1° capítulo ✓

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Se eu tentei? Eu tentei pra caramba! Me esforcei até o ponto de arrancar os meus fios de cabelo de desespero.
Mas mesmo que eu tente mil vezes, não dá pra ser legal ou gentil no mundo de hoje e eu posso provar isso.

Como? Contando a vocês sobre como eu, sem querer, tirei a vida de um pobre gatinho. Sim, matei um gato. Andando de skate.

Antes que venham me atacar, ele era um Sad Cat, queria se suicidar e eu, sem saber claro, realizei o sonho dele. Na verdade, ele entrou na minha frente e não foi minha culpa, acreditem em mim.

Anny Stuart à disposição, meus caros. 17 anos de pura sedução e gostosura, só que não. Que maravilha, eu me apresentando, vai ser um péssimo show. Respirem fundo, e acreditem em mim. Vou melhorar ao longo do meu ano.

Recapitulando, meus olhos são azuis e eu uso lentes pretas, gosto deles assim. Fico mais no estilo Dark. Já usei piercings na sobrancelha, boca, nariz, mas deixei tudo de lado. Não acho mais necessário, era um jeito de eu mostrar pra minha mãe que eu era uma adolescente rebelde como todos os outros e me camuflar no meio deles. Não deu muito certo, porém.

O meu melhor amigo desde a infância se chama Gabriel, talvez ele seja meu gêmeo de outra mãe ou coisa parecida, nos damos super bem. Sempre fica ao meu lado, já que eu consigo tirar uma situação dos trilhos e capotar com ela pela ribanceira a qualquer momento.

E ele também está ciente que eu estava tentando mudar. Estabeleci uma semana, sete dias para eu conseguir ficar sem atrapalhar a vida de ninguém e manter a minha controlada. Mas foi só aparecer uma festinha na casa da maldita da Camilla que eu me dei mal.

Em plena madrugada, com a bunda doendo de tanto ficar sentada na cadeira dura do Sr. Junior e batendo a unha na mesa freneticamente, eu o encaro com uma expressão cansada. O delegado da cidade, ou seja, ele, já estava farto de me encontrar ali quase todas semanas, mas por algum motivo ele sempre sorria quando me via sair da viatura. Todavia, hoje ele disse algo que me fez ficar pensando profundamente.

"O que você fez foi algo sem volta, está entendendo? Você não tirou sua carteira de motorista ainda e pra piorar, está apostando rachas ilegais? Sua mãe vai ter que vir aqui novamente, Anny. Amadureça. "

Isso foi realmente péssimo, bater o carro da Camilla e fazer ela ligar pra polícia, acabou com minha noite. Eu acho que só queria abrir minha mente e tirar todos os pensamentos ruins, colocar eles para fora de uma vez.

Passei a minha infância inteira com meu pai me alegrando, e quando ele se foi num acidente de carro eu mudei. Mudei completamente. Minha personalidade, meus gostos, hobbies, tudo. Apenas Gabriel permaneceu na minha vida, e minha mãe, mas pra falar a verdade nós duas nunca fomos muito próximas.

Eu tinha doze anos apenas quando descobri do acidente, foi como um choque para mim, não consegui fazer nada por dias. Depois disso, me apresentaram a corrida de carros ilegal, os rachas. Entro num carro aleatório que um novo amigo meu me deixa usar para competir e no final, ganho as corridas. Não tenho medo de fazer uma curva perigosa ou acelerar mais um pouco, mesmo que o carro possa capotar, por isso chego em primeiro lugar na maioria das vezes. Não são todas, eu não sou uma gênia também.

E é por isso que o delegado fica me encarando o tempo inteiro sem desgrudar os olhos, eu podia sair correndo daquela sala se não tivesse uma algema nos meus pulsos e eu soubesse onde as chaves estão. Fico contando os segundos esperando a minha mãe aparecer na porta para me levar pra casa.

Seu nome é Ellen Stuart, e ela nunca quis ter outro filho, eu concordo plenamente com essa decisão. Não gosto da ideia de ter um irmão. Ela talvez esteja irritada comigo ao nível extremo e está atrasando sua chegada para eu sofrer aqui dentro. É, provavelmente é isso.

O maior motivo de eu estar aqui é a Camilla, ela é a garota mais oferecida que eu já conheci na minha vida. Ela usa sua popularidade para conseguir os meninos do colégio e toda semana faz uma festa. Dessa vez não foi diferente, enquanto ela estava no seu quarto com um garoto no meio da festa, começamos um racha. Bem na frente da casa dela e todos estavam gritando animados. Eu usei o carro dela, já que Spencer não havia ido à festa, o meu amigo que aparece com os carros para mim. Porém, o ser possuído pelo poder de manipulação sobre os outros, mais conhecida como Camilla, conseguiu convencer os policiais sobre o que estava acontecendo e em menos de cinco minutos eles apareceram. Não consegui fugir, infelizmente.

Levanto minha cabeça e continuo contando os segundos.

- Senhorita Stuart. - ele chama minha atenção.

- O que foi? - perguntei, com uma cara de sono, já que ele chegou há poucos minutos, inexplicavelmente.

- Você se lembra da nossa conversa na semana passada? - ele apoia os cotovelos na mesa e junta as mãos me encarando. - Suas atitudes estão te prejudicando, você já tem umas vinte ou mais passagens por aqui. Quer que eu repita isso quantas vezes? Você é uma garota boa, por que se arriscar tanto assim?

- A minha mãe já chegou? -
- mudo de assunto desviando os olhos, em seguida.

Ele solta o ar que estava prendendo e encosta na cadeira.

- Sim, ela está assinando um papel. - ele revira os olhos.

- Ok.

Ficou um silêncio na sala até eu chamar ele de novo.

- Junior? - o encaro.

- Sim? -levanta uma sobrancelha em sinal de curiosidade. Ele parecia estar cansado e com uma vontade enorme de ir pra casa e dormir. Estava com olheiras escuras, e olhos quase fechando.

- Você pode se levantar e vir até aqui bem rápido?

- Para quê? - pergunta confuso e eu dou um sorriso amarelo.

- Posso te contar quem ganhou no jogo de sábado, Celtics vs. Cleveland.

- Ah, eu quero mesmo saber do resultado. - fala, se levantando.

Quando ele chegou perto de mim, eu me levantei e sentei rapidamente em sua cadeira giratória. Agora minha bunda para de doer, essa é bem confortável.

- Não Anny , de novo não. - fala bravo e decepcionado. - Não acredito que caí nessa de novo, fala pelo menos quem ganhou.

-Celtics. - dou um sorriso vencedor e ele ri.

- Ah, que bom! Parece que o Clyde perdeu mais uma aposta. - fica orgulhoso de si e se senta na cadeira dura, fazendo uma careta em seguida.

- Eu já sabia, semana passada eu te falei que eles ganhariam. - dou de ombros.

Passaram-se 10 minutos e minha mãe entrou na sala.

- E aí, gatinha. - fingi estar flertando com minha mãe, apenas para tirar uma onda com a cara dela, e ela fez uma careta constrangida.

- Oi filha, vamos logo, nós temos visita hoje. - pega em minha mão e sai me puxando. - Tchau, Júnior.

- Tchau, sr. Júnior! - me despeço dele e saio rindo de sua expressão. - Vejo você em breve.

Fomos pro carro e demoramos cerca de 20 minutos até chegar, sim, a delegacia é muito longe da minha casa, pelo simples fato deles se esconderem numa floresta do lado oposto da cidade.

24/01/2019

Anny Stuart Onde histórias criam vida. Descubra agora