Ela é uma garota normal.

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  Ela acordou pronta, e com a determinação de enfrentar o mundo, as vozes contra na sua cabeça, gritando o negativo que a sua escolha traria. Mas ela queria ser uma garota normal, ela queria a sensação de beijar na rua, de andar de mãos dadas, e até mesmo de fazer declarações nas redes sociais que um tempo depois iriam parecer idiotas. Ela queria ter um grupo de amigos que a entendesse e sentisse oq ela já sentiu, que tivesse histórias parecidas, ou talvez com o mesmo sentido. Mas ela tinha medo do mundo, e da sua brutalidade, e do índice de mortos falados e registrados, simplesmente pq escolheram o amor, escolheram serem felizes ao invés de criticar ou guardar a sua felicidade para assim não incomodar quem fosse contra, ou quem não achasse bonito e dignos da calçada da rua pública para andar de mãos dadas, e assim expressar seu amor em um gesto de carinho no rosto. Ela queria ser normal, mas o mundo iria gritar que ela não era. Que era uma doente, precisando de tratamento. Talvez a sua família podia dar ouvidos e a tratar como alguém com um câncer fatal, ou como alguém viciado em drogas, ou que foi incentivado por alguém a se contaminar com o vírus maligno que pra eles se chamaria de uma típica fase clichê de adolescentes problemáticos, mas que na verdade era a fase da descoberta e do amor. Pq realmente era uma fase, a fase de aceitar a si como eh, e não ligar para o abismo que o mundo colocaria no seu caminho. Então ela respirou fundo e beijou a primeira garota, teve seu primeiro amor, e viveu. Ela não guardou a sua felicidade, e não aceitou ou ouviu as críticas. Ela explicou a quem merecia saber a diferença de amar, e de guardar amor. De quem eh e de quem finge ser. A diferença de uma doença e de uma orientação sexual. Ela pulou abismos e se feriu em alguns. Ela se rasgou com palavras e chorou com despedidas, de quem não achou possível aceita-la carregando a felicidade na mochila e pronta para não solta-la jamais. Ela foi ela, e morreria sendo. Ninguém entenderia seu plano ou suas escolhas, a menos q tivesse as mesmas ou se sentisse oq ela sentiu. Ela não escolheu quem deveria ser ou como deveria ser, mas aprendeu a se respeitar, se aceitar e se amar.

Diário de uma lésbicaOnde histórias criam vida. Descubra agora