Capítulo 03

6 2 3
                                    

Dirigi cerca de 1 km e meio até estacionar minha velha caminhonete Ford 1974 em frente à única paroquia que havia em Delta, minha caminhonete foi presente de vovô no meu aniversário de 18 anos, era uma prova de confiança da sua parte me dá a sua primeira caminhonete, vovô amava essa caminhonete era seu xodó, me lembro de quando era criança e chegava da escola eu corria para brincar dentro da caminhonete eu costumava me imaginar dando a volta ao mundo nessa caminhonete, a confiança que vovô havia depositado em mim não era merecida, as vezes penso que eles sabem o que aconteceu e apenas esperam o momento que eu irei me abrir, a vergonha que eu sinto por desapontar as duas pessoas que eu mais amo na vida não me deixa falar, não vou aguentar o olhar de decepção então me mantenho calada e rezo para que possam me perdoar por ter sido uma garota tão estupida e fraca.

Eu estava tão perdida em pensamentos que não percebi quando Scott estacionou sua caminhonete 4x4 atrás da minha e apoiado seus braços na minha janela e me observava atentamente, a sua proximidade me assustou tanto que dei um gritinho e coloquei a mão no coração, qual era o problema desse cara, ele não entende o conceito de espaço do próximo?

- Me desculpe não queria assusta-la, - falou como se eu fosse um bichinho assustado.

- Uhm, - pigarreei, - Não assustou, - menti descaradamente claro que ele havia assustado o inferno fora de mim, e ele sabia quem diabos dá um gritinho quando alguém estranho se aproxima e não está com medo?

- Ok Cassie, vou acreditar em você, - piscou pra mim e abriu um sorriso pra mim.

Ele tinha covinhas dos dois lados do rosto, franzi o cenho, há dois anos ele tinha covinha em apenas do lado esquerdo do rosto, aquilo era tão estranho resolvi não dá importância, com certeza era ele tinha que ser não poderia ter duas pessoas tão parecidas no mundo a não ser que fossem gêmeos, mas ele nunca falou de nada a respeito da família e irmãos na verdade tudo o que me falou foi mentira até o seu nome, antes era Brandon e agora é Scott, tudo ao seu redor gira em torno de mentiras.

Continue olhando, ele continuava com a postura relaxada e um pequeno sorriso brincava em seu rosto, eu iria descobrir qual era seu jogo, mas para isso eu precisaria me aproximar dele, merda Cassie você está bem ferrada.

- Bem, é aqui a paróquia do padre Will, - apontei

A paroquia que tinha um telhado de telhas vermelhas com uma cruz no topo, a tintura da paroquia estava bem descascada a grande porta de madeira precisava de uma boa mão de tinta, na verdade toda a paroquia precisava, parecia um local abandonado mas eu sabia que a paroquia funcionava normalmente, meus avós vinham a missa todo domingo religiosamente, mas a paroquia precisava de uma boa reforma isso era fato.

- Eu percebi Cassie, - falou de forma brincalhona.

- Ok então, - falei sem jeito, - Bom, preciso ir, falei ligando a caminhonete.

- Tudo bem, - se afastou e colocou as mãos nos bolsos da calça, - Será que eu vou te ver de novo? - me olhou em expectativa.

-Talvez, - dei de ombros, eu não iria falar que iria ficar na cidade por duas semanas nem por um decreto.

Primeiro ele me assustava como o inferno, segundo eu não confiava nele, esse jeito doce e simpático não me enganava, ele era um ótimo ator mas o que ele não sabia é que depois dele eu me tornei uma ótima atriz, eu sabia fingir muito bem, afinal eu havia aprendido com o mestre da mentira Brandon/Scott seja lá como diabos é seu nome.

- Te vejo por ai então, - se afastou o suficiente para que eu pudesse dá partida e acelerar a caminhonete, indo em direção a casa dos meus avós.

- Eu espero que não Scott, - falei para mim mesma.

Quando olhei para o espelho retrovisor vi Scott encostado em seu carro com os braços cruzados em frete ao peito e um sorriso bobo no rosto, meu sangue gelou, ele estava aprontando alguma coisa e eu iria descobrir, dois podem jogar esse jogo.

EncurraladaOnde histórias criam vida. Descubra agora