Dente de leão

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O inverno havia acabado, e eu só observava pela janela do sótão. O vidro frio, assim como meu sentimentos, as pessoas vestidas com seus casacos, crianças brincando na neve.

Tudo que imaginei um dia fazer, hoje não podia mais. Olhava o grande sino da igreja que não batia por estar congelado, casas cobertas por neve.

Assim como meu jardim, branco com pintinhas de verdes, as flores sumiram, o carvalho estava hibernando como todos os anos, mais o que me fascinava, era os dentes de leão.

Na neve ficava ainda mais bonito, a única beleza em todo esse inferno.

_senhor telefone é do distrito 4.

Encarei minha velha amiga e companheira magss, ela que cuidava de tudo já que eu vivia recluso.

_é urgente senhor.

Alertou ela. Fiz sinal para que ela saísse. Ela se virou e saiu, todos entendiam que não podiam me olhar, era essa a ordem.

Desce pelas sombras e peguei o telefone. Finnick estava ofegante so outro lado da linha.

_peeta...

_fale finn.

_sinto muito cara, muito mesmo...

Sua voz oscilou e presente a tristeza em sua voz.

_o que aconteceu finnick?

Larguei o telefone na mesma hora, isso não podia estar acontecendo, não agora.

_o que aconteceu senhor?

Pergutou magss se aproximando. Me virei e ela arregalou os olhos me encarando.

_mande preparar o carro tenho que pegar o trem das nove.

Me movi em direção a escada e ela me seguiu com seu olhar, meu moletom arrastava no chão cobrindo minha feiura.

_algo com...

_mande aprontar o carro magss...

Subi num só rompante e ela ficou com a palavra na boca. Entrei em meu quarto e olhei a escuridão que era.

Isso já era castigo demais pra uma pessoa só.

〰///〰

Katniss.

Mamãe estava na cozinha, fazendo alguma coisa para eu e prim comermos, esse mês estavam sendo puxado, devido o dinheiro.

O seguro de nosso pai não havia saido, e havia tanta coisa para se ajeitar, a casa por exemplo, eramos humildes, mais ao decorer do tempo as coisas só viviam dando errado.

Minha patinha ainda dormia, enfretei seus pesadelos hoje de manhã. Mamãe dizia que eu tinha efeito com crianças.

Eu sempre iria proteger minha irmã, assim como fiz quando papai morreu a alguns anos, me doei pra minha pequena familia.

Minha mãe tentava lidar com isso ainda, mais eu sabia o quanto ela ainda sofria.

Olhei pela janela e a neve continuava caindo, o inverno era sempre poderoso aonde moravamos, a costura era a ala mais pobre do Distrito 12, mais por mais que fosse pobre, tinha seu charme.

Me veste e desce sentindo o delicooso cheiro de pães. Mamãe devia ter comprado na padaria, a padaria do senhor mellark era a única e a mais deliciosa de todas.

Apesar de nunca ninguém ter visto o dono dela. Todos admiravam a qualidade dos pães e doces que lá vendiam, os bolos então nem se fala. Eram uma delicia uma perdição em forma de doce.

Mais o único mistério disso, era o dono, pois ninguém o conhecia, nem os funcionários que trabalhavam na padaria, ele era um mistério.

Devia ser um velho rabugento, assim como os que vendiam bugigangas no prego.

_sente filha já vou lhe servir.

Disse mamãe pondo a mesa, sempre quando olhava pra ela, via minha irmã. Prim herdou tudo de nossa mãe, os cabelos loiros aos olhos azuis, acho que ate as mãos medicas dela.

Devido a depressão mamãe não trabalhava mais no hospital do Distrito. Mais isso não a impediu de ajudar quem quer que precise ser curado.

Prim tinha essa mesma força de vontade. Apesar de ser nova. Eu já não nasce pra isso, meu divertimento era outro.

Gostava de caçar, a floresta era meu refúgio as vezes quando as coisas ficavam difíceis. Ou quando havia brigas, o que quase sempre acontecia.

_o que vai fazer hoje querida?

_não sei, talvez colher frutinhas com gale, ou ir no prego vender coisas, tenho tantas opções que não sei qual escolher.

Disse irônica. Ela me encarou nada contente, não havia nada interessante pra se fazer, meu único divertido era caçar mais estava nevando tanto.

_já que esta sem fazer nada, vá ate o mercado e compre essas coisas pra mim.

Ela me entregou a lista, olhei que nela continha e suspirei.

_mãe não temos tanto dinheiro assim..

_eu sei katniss, mais precisamos de coisas, vamos ter que apertar.

_ta bom, vou ver o que consigo.

Peguei meu casaco comendo o pão doce e sai enfrentando a neve. Fui acertada por uma bola gelada no rosto. Logo minhas bochechas ficaram vermelhas e tudo gelou.

_vai aonde catnip?

Tinha que ser o maldito gale. Me virei limpando o rosto. E o encarei, estava sentado em cima do pequeno muro aquela idiota cara sorridente.

_não lhe interessa, para de atirar bolas geladas em mim.

_curta a neve bravinha.

_não to pra brincadeira gale.

Caminhei rumando para a rua, ele veio atrás falando, tagarelando.

As pessoas estavam vestidas com seus casacos velhos, se protegendo do frio. Alguns carros na rua, e o barulho do trem chegando na estação.

Era nosso único meio de transporte que nos ligava aos outros distritos. Eu nunca usei, não sabia como era por dentro.

_você vai a festa da madge hoje?

_eu e ela não somos amigas, você devia ir ela gosta de você.

_ela não faz meu tipo.

Ignorei ele, eu sabia bem o que gale sentia por mim, só tentava ignorar isso, não tinha tempo para namoricos.

Chegamos no mercado e entreguei a folha para o atendente no balcão. Ele foi pegar tudo que estava lá.

E uma movimentação na rua chamou minha atenção.

_é o carro do dono da padaria, faz tempo que ele não saia da mansão.

Disse gale. Sai pra fora do mercado e vê o negro e enorme carro passando pela rua coberta pela neve, todo preto e vidros fumê para que ninguém vise quem estava dentro.

_chique não?

Perguntou gale, eu ainda estava parada olhando, o carro parou no sinal enquanto ele abria, a pequena janela abaixo um pouco e estreitei bem os olhos para poder ver, e olhos azuis me encararam.

Meu coração disparou, senti um frio em minha espinha, e uma enorme curiosidade. Não pude ver o resto pois o carro avançou indo em direção a estação.

Continuei parada lembrando da imensidão azul que era os olhos daquele homem, gale me chamou e acordei do transe.

Pegamos as sacolas e voltamos pra casa. Eu com uma imensa curiosidade.

Ice HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora