Capítulo 10...Blackout

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- Elisa... eu nem sei o que dizer... Você acha seguro ficar por ai atrás de um completo desconhecido?- Yas me diz com aquela expressão preocupada em que ela arqueia a sobrancelha.

Eu não iria conseguir mentir para minha melhor amiga. Não poderia fazer isso.

- Sim yas... eu não sei o porquê , mas, eu... Eu preciso encontrá-lo. - Senti que ela ficou tensa..

- Olha amiga está ficando tarde que tal irmos embora?!... - Disse ela.

É isso me distraiu, olhei para o céu é realmente estava escurecendo.

- Nossa nem percebi o tempo passar. - disse me levantando do banco, e seguindo ao lado de Yasmin.

Voltamos a caminhar, Yas estava quieta, e eu sabia que ela estava tentando digerir tudo o que lhe disse...

Ela realmente deve gostar muito de mim para acreditar no que falei. Parece loucura pensando agora, eu pensar que minha vida era de um jeito, e do nada descobrir que... Que eu não sei nada sobre mim. É como se eu tivesse ficado em coma por anos e acordei meio desnorteada, sem saber onde estava. Ou parece que sofri um acidente horrível, aqueles acidentes que você perde a memória...

Eu realmente não entendo... Isso... É impossível eu não lembrar de uma parte da minha vida.. Pelos sonhos, ou visões, sei lá, eu não era tão jovem. Eu deveria me lembrar!

- Chegamos. - Yasmin quebra o silêncio.

- Pois é... - respondo olhando pra trás, e percebendo que não conseguiria entrar em casa. Não agora.

- Quer dormir na minha casa?- Yas me pergunta, percebendo minha aflição.

- Não. Tudo bem. Já te incomodei demais por hoje. - sorrio, suavizando minha expressão.

Ela e eu nos despedimos, Yasmin entra em seu carro, que deixara em minha casa, e foi embora, sumindo na noite fria.

Fiquei alguns minutos na frente da porta. Sem coragem de entrar.

Quando percebi que não conseguiria entrar, dei meia volta.

Saí andando. Fui até o prédio que descubrira a uma semana atrás procurando um Studio de Dança. No alto do prédio de quinze andares, que subi pela escada de incêndio... Sentei, admirando a linda vista. Acho que acabei dormindo.

Quando acordei, percebi que já eram três horas da manhã.

Desci do prédio e estava indo pra casa, eu iria me trancar no quarto. E sair de lá... Só quando eu estivesse pronta.

- Ei gatinha.. O que faz sozinha a essa hora? - um cara diz se aproximando lentamente de mim.

Forcei meus olhos para ver direito naquele escuro, um homem de uns trinta e poucos anos, pele clara, cabelos pretos, alto, parecia ter olhos azuis, mas não dava pra ver direito por causa do escuro.

Simplesmente me virei e fui na direção contrária, apressadamente.

- Ei gata! - ele parecia impaciente.- Por que a pressa?

- Me deixa em paz! - gritei e saí correndo.

Não olhei pra trás, apenas saí correndo.

Quando já estava sem fôlego, dei uma sutil olhada pra trás , até que bati em alguém.

- E ai gata, vamos conversar! - ele me diz, olhando para mim dos pés a cabeça.

Eu fecho meu casaco.

- Não tenho nada pra falar com você. Me deixa em paz! - fiz a cara mais destemida que pude e tentei passar por ele, mas ele me segurou.

- Me larga! - grito, já chorando.

- Ei linda, calma. - ele diz passando a mão no meu cabelo, depois no meu rosto. Eu desvio com nojo de seu cheiro de álcool e vômito.- Eu sei que você vai gostar. - ele me prensa na parede, e rasga meu casaco.

Eu fico apavorada, sem reação.

- Não! Por favor. Me deixa ir! - digo chorando.

Ele passa a mão na minha perna.

- Eu sei que você vai gostar. - o cara diz subindo sua mão.

- Solta ela! Agora!- escuto uma voz familiar.

- Cai fora cara! Estamos nos divertindo.- ele se vira novamente pra mim.

- Eu já falei pra soltar ela! - A voz familiar de novo. - Agora! - ele pega o cara dos olhos azuis e tira de perto de mim.

- Elisa! Você está bem ? - Luke me pergunta preocupado.

- Eu... Eu... - Fico sem voz e choro.

- Elisa... - ele me olha, põe suas mãos em meu rosto.- Me escuta. Entra no carro, e coloca isso. - Luke diz, me entregando as chaves e colocando seu casaco de couro em mim.

O cara de trinta e poucos anos levantou do chão e partiu pra cima de Luke. Ele se defendeu, e deu um murro no olho do rapaz, que o fez cair apagando logo em seguida.

- Vamos Elisa. Vamos sair daqui. - ele me diz segurando meus braços.

Eu paraliso.

- Eu, eu não posso. Eu não ando de carro. - É a unica coisa que consigo dizer antes de engasgar.

- Confia em mim?- Luke me olha e estende a mão.

Pego sua mão, ele me olha e me abraça.

Eu enterro meu rosto em seu peito e choro. Choro muito.

Ele apenas me abraça, e faz carinho em meu cabelo.

- Lisa... Temos mesmo que ir. - ele me olha de novo. - Esse cara vai acordar... - olhamos os dois pra ele, caído no chão.

Não digo nada, apenas vou com Luke até seu carro, nem presto atenção no modelo, ou cor. Apenas entro. Ele coloca o cinto em mim, e sai dali.

A sensação que vem a seguir é assustadora: Ódio, revolta, nojo, um frio interminável na barriga, um aperto no peito...

- Para o carro!- grito.

Ele para e deço do carro.

- Elisa!- ele vai atrás de mim.

- Não!! Não Luke. Não vem atrás de mim. Você não tem o direito! Não tem o direito de me enlouquecer assim! Não tem o direito de me deixar confusa! Não tem o direito de voltar pra minha vida, mesmo que eu não me lembre que você já esteve nela! - digo meio que gritando e meio que chorando.

- Como é que é ? - ele parece confuso.

Eu sinto minhas bochechas queimarem, fico tonta.

- Eu acho que vou desmaiar. - digo quase caindo.

- Agora?- Luke diz se aproximando.

E então, como se eu já não tivesse feito isso antes... Fica tudo escuro. Como se tivesse acontecido um Blackout.

Elisa: A ultima Cicatriz #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora