Capítulo 5-Aprisionada

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  Por minha cabeça, um turbilhão de ideias e pensamentos passavam-se. Talvez, eu esteja sonhando. Isso realmente não deveria estar acontecendo. Primeiro Rose, e agora, perdida na floresta. As pessoas da casa certamente notaram meu sumiço e estariam preocupados, creio eu. Começava a escurecer rapidamente. Cada vez que as sombras cresciam ao meu redor, mais mergulhada em pensamentos ficava.

-Vou te levar nas costas. - Falou Joshua. – Do jeito que você anda devagar, não vamos chegar antes de escurecer.

Minhas bochechas assumiram um tom avermelhado. Aquelas palavras me pegaram de jeito. Não esperava por isso e nem como reagir com aquilo.

-Pode deixar. Eu posso andar sozinha... – Fui andando devagar para trás. Recuei um pouco, sem perceber ou notar as raízes de uma árvore que encontrava-se atrás de mim. Meus sapatos foram de encontro com a leve inclinação das raízes, fazendo-me perder o equilíbrio. Por puro instinto ou reflexo, tentei equilibrar-me novamente, evitando cair de costas. O esforço foi inútil, já que o peso foi concentrado todo para frente.

Fechei os olhos e esperei o pior: sentir o impacto de meu corpo para frente. Alguns segundos a mais se passaram, continuei com os olhos fechados. Não senti nada acontecer.

"Será que o tombo foi tão leve assim?"

-Ei! Até quando pretende ficar em cima de mim? –Joshua perguntou, um pouco irritado. Abri os olhos devagar, me encolhendo um pouco em seu colo. Devo ter caído em cima dele. – Saia logo, está pesada!

-Ah! Desculpa. E obrigado por me salv... – No momento que levantei, não pude deixar de ouvir um grito de Joshua, - V- Você se machucou? Não se mexa... Está sangrando.

-Não foi nada! Vamos embora logo, antes que escureça totalmente e a gente se perca! – Joshua parecia tentar não dar importância à dor, tentando inutilmente levantar-se e soltando um gemido de dor.

-JÁ DISSE QUE NÃO É PARA SE MEXER! – Gritei um pouco impaciente por ele não me ouvir. Em seu joelho, havia um corte mediano, que sangrava um pouco.

Lágrimas começavam a se formar em meus olhos. Tirei a fita que prendia meu cabelo e com a mesma, fiz um curativo em seu machucado.

-Pronto! Está doendo? – Perguntei acabando de amarrar o laço e um pouco mais calma.

-Não... – Joshua soltou um suspiro, cabisbaixo e sem olhar para mim. – E os seus pés como estão? Reparei que os seus sapatos estão te machucando.

-O que? – Perguntei confusa.

-Também... Andar com esses sapatos em um lugar como este... Claro que ia se machucar. Só podia ser uma filhinha-de-papai mesmo. –Falou em um tom levemente irritado. Nada convincente sua fachada de irritação para esconder a preocupação.

-É verdade. Por isso que estava doendo... –Olhei para meus calcanhares, estavam vermelhos demais, machucados.

  "Então foi por isso...

-Vou te levar nas costas.

É ele quem está mais machucado. E ainda preocupa-se comigo. Enquanto eu..."

-Eu não deveria ter vindo... – Deixei as lágrimas caírem. Me sentia um incomodo, um encosto e uma pontada de culpa. – A Rose fugiu e ainda por cima fiz você se machucar! Se era para ser assim, deveria ter ficado quieta na casa de campo, como sempre...!

-Pode se arrepender, se quiser... Mas, desse jeito, você até parece um passarinho dentro da gaiola. É verdade que se você sair de casa pode passar por momentos ruins. Mas o mundo aqui fora, que você viu pela primeira vez hoje... Foi tão sem graça assim pra se arrepender? – Perguntou me encarando profundamente.

"Eu... Sou como a Rose?

-Foi bom ter vindo. Não é, Rose?"

-E-eu...

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