Capítulo 1- Fronteiras

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  Naquela manhã nublada em Ellicot City,  localizada no estado americano de Maryland, no Condado de Howard, como sempre, alguns finos raios de sol não escondidos pelas nuvens entraram na pequena fresta de janela aberta, assim iluminando o quarto. O vento de início de outono e a leve brisa logo resolveram entrar também.

  Abri os olhos devagar e me espreguicei olhando atentamente cada canto do quarto.

  "O mesmo quarto de sempre..."

  Os móveis brancos naquele ambiente sem a presença de muita luz davam um ar e um toque de melancolia e tristeza naquele quarto. Particularmente adoro a cor branca, nos dias de verão e de sol davam vida ao quarto, alegria e as vezes até uma certa paz. No outono e no inverno o pouco de luz ou as vezes o frio, dava uma sensação de tristeza, um ambiente silencioso e neutro. Levantei devagar ainda com um pouco de vontade de voltar para o calor das cobertas e  aconchego da cama.

  Com preguiça de procurar minhas pantufas resolvi deixar isto de lado, afinal gosto da sensação fria. Meus pés descalços lentamente tocaram o gelado piso de porcelana, um leve arrepio correu sobre mim e logo voltei a seguir em direção á varanda.

  Abri as cortinas e a porta de vidro. A brisa de fora bateu em meu pálido rosto bagunçando um pouco meus cabelos, ao colocar os pés na varanda fiquei em silêncio para ouvir uma bela melodia e canto.

  -Bom dia para você também Rose!- Falei sorrindo, me debruçando sobre as colunas de mármore e olhando em direção a uma mediana gaiola branca, meio escondida entre os vasos de flores, e dentro dela, encontrava-se um pequeno rouxinol azul que cantava alegremente.

  Voltei a olhar para a floresta que se encontrava após a cerca. Para mim aquilo era algo curioso e misterioso. Um toque de aventura mas ao mesmo tempo uma alerta de perigo.

  Sempre tive o desejo de ir além da cerca, para a floresta, mas os seguranças não me deixariam sair da propriedade, sem contar as exaustivas e tediosas tardes, com a rigorosa professora e governanta particular da casa que cuidava e vigiava minhas constantes ações, meu comportamento e etiqueta, sempre os corrigindo quando necessário.

  Mesmo assim, com tudo para impedir, crescia em mim uma vontade de sair, além da cerca, ir além de tudo.

AprisionadaOnde histórias criam vida. Descubra agora