Pai

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Fazia quase uma hora desde a última vez que tentei reanimar Bella Ela estava tão imóvel. Tão frágil. Peguei um cobertor do armário no andar de baixo e coloquei-o sobre ela, cobrindo seu corpo nu. Para não ver os lugares onde eu a havia mordido. Eu havia mutilado seu corpo além de qualquer compreensão naquele momento. Eu a havia destruído.

Pelo menos era o que eu pensava.

Seu peito não moveu e não pude perceber nada. E então, quando coloquei minhas mãos sobre seu coração para forçar, mais uma vez, o veneno a agir, foi que o ouvi. Bem baixinho, mas eu o ouvi. O veneno correndo por suas veias, o sangue congelando sob a ponta de meus dedos. Também ouvi o murmúrio carinhoso vindo de lá debaixo e alguma outra coisa - um rosnado ficando mais alto e depois diminuindo? Não sabia dizer o que era. A única coisa que importava era salvar Bella. Eu não podia, não iria, perdê-la. Não agora. E nem nunca.

Mas e se ela estiver morta? E se agora eu só estiver empurrando meu veneno em um cadáver?

Minha mente foi a um milhão por hora, todos os momentos preciosos de minha vida com Bella. Lembro-me claramente daquela primeira vez que a vi na cafeteria. Aquele momento decisivo na biologia. O quase acidente, a clareira, ela conhecendo minha família. Um jogo de baseball, o desespero para mantê-la longe de James e seu clã.

E então, havia aquele momento no estúdio de balé quando ela olhou para mim e eu sabia que não havia nada neste mundo que poderia me impedir de amá-la. Nenhuma força no céu ou na terra poderia me manter afastado.

Mas era como se o próprio Destino tivesse um senso de humor cruel. Agora, no fundo do poço, aquela sanguessuga que ficou de olho em Bella por anos soltou uma risada e pulou para tirá-la de mim pela última vez. Continuei abraçando minha preciosa esposa com toda minha força. Rezei para que fosse o suficiente. Suficiente para mantê-la aqui.

"... não há nada que possa me prender a você."

Quão pouco meu amor sabia naquela época! Como ela pôde duvidar do meu amor por sequer um segundo? Prometi a ela que passaria o resto da minha existência provando o quanto eu a amava. Fiz esse ser o verão mais feliz que qualquer casal comprometido pudesse querer. Assegurei-me que toda a preparação necessária fosse feita pra garantir que ela fosse o ser humano mais feliz em toda a existência, até que eu a transformasse.

Agora, ouvindo àquele murmúrio carinhoso, Rosalie brincando com o bebê lá em baixo, me pergunto o que quanto mais eu posso aguentar. Ganhei uma filha. Como era estranho dizer isso, mais ainda tentar compreender como a bebê com lindo cabelo cor bronze era minha. Mas, minha esposa, como eu a conhecia, se foi. Ela seria substituída por algo frio, anormal e igualzinha a mim.

Será que ela me perdoaria por fazer isso com ela? Por condenar sua alma a uma noite sem fim?

Bella uma vez me disse que ela me via como seu príncipe em um cavalo branco. Ri comigo mesmo só de pensar que eu poderia ser alguém tão digno dela. Mas, ultimamente, com tudo que tinha acontecido durante nosso casamento, a lua de mel... no final das contas parecia um conto de fadas se tornando realidade.

Acho que as ideias malucas de Bella passaram pra mim.

Neste último verão, antes do casamento, Bella confessou algumas dessas ideias para mim. Ela nunca foi o tipo de garota que gosta de contos de fadas, mas ela andava pensando nisso ultimamente.

A luz do sol tocou meu peito e meus braços, refletindo e reluzindo. Uma brisa com o perfume de Bella soprou, aquele cheiro delicioso de ambrosia me atingiu novamente naquela tarde. Eu poderia jurar que seu cheiro tinha se intensificado essa semana. Como se o Destino tivesse decidido que eu não estava sofrendo o suficiente por não querer fazer dela minha esposa da forma mais sagrada de todas, mas também para cometer um ato repreensivo sobre ela. Mesmo depois da... Itália... Eu ainda tinha problemas em relação a esse assunto, de vez em quando. Eu chamava-os de 'irritações', assim como os humanos com alergia.

Amanhecer Versão Edward CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora