Josh e Carver continuaram analisando a carta por mais um tempo, em silêncio, trocando um olhar depois. Talvez aquela garota fosse pirada mesmo. Procuraram pela assinatura, apesar de ser uma carta anônima. Encontraram, surpreendentemente, duas iniciais no fim do papel.
N.B.
Ótimo. Bastante útil, Josh pensou. Obrigado, N.B.
Carver retirou o envelope de suas mãos e procurou mais uma vez o endereço do remetente, mas Josh já sabia que aquilo era em vão. Ele mesmo já havia olhado insistentemente aquele envelope antes de abri-lo. Talvez fosse tinta invisível? Aquele truque com o suco de limão ou qualquer coisa que fosse?
Lester pareceu interessar-se pela atitude dos amigos que examinavam a carta, caminhando até eles e parando ao lado de Josh, pegando a carta de suas mãos.
— O que é isso? — começou a ler, fazendo Marshal aproximar-se da cozinha com uma garrafa de cerveja barata e parar por ali também. Logo os quatro estavam parados na entrada da casa.
— É uma carta, espertão. — Josh respondeu, irônico, tentando pegar de volta, sendo impedido por Lester dando-lhe as costas para terminar de ler.
— E daí que Josh recebeu uma carta? Se está tão ansioso por atenção assim, Lester, por que não solta seu endereço no Twitter? Certeza que suas fãs iam amar lotar sua caixa de entrada. — Marshal comentou, rolando os olhos. Lester apenas o encarou, frio, após terminar de ler a carta.
Lester era (ou estava tentando ser) um Youtuber, postando vídeos sobre jogos e coisas relacionadas a eles. Conseguia várias fãs que o adoravam também, inclusive fãs masculinos. Ao contrário de Josh, que nunca fizera nada para conseguir popularidade, Lester se esforçava e (nem tão) secretamente adorava a bajulação.
— Que garota estranha. — comentou, decidindo ignorar Marshal e devolvendo a carta a Josh, que parecia estranhamente apegado a ela. — N.B. Quem será? — ponderou.
— N.B? — Marshal perguntou, finalmente recebendo a chance de ler a carta por cima dos ombros de Josh, apesar de ter que ficar na ponta dos pés para isso. Era o mais baixo dos quatro, e isso podia ser um inconveniente às vezes.
— É, é a assinatura da carta. — Josh bufou, cansado de explicar aquilo.
— Parece que é uma garota que buscou um endereço aleatório no Google Maps e acabou enviando para nosso Josh aqui. — Carver explicou rapidamente, vendo a impaciência no rosto do amigo, que já baixara os olhos para reler a carta pela terceira vez, buscando novas informações que não existiam. — Sr. Romeu, isso pode ser seu diferencial no recesso que você tanto queria. Uma carta anônima.
— Você podia fazer uma corrente, sabe. Pegar outro endereço anônimo e mandar uma carta parecida. Logo todo o país estaria enviando e recebendo cartas de estranhos e aí sua garota saberia que começou tudo. — Marshal discursou. — No final, você acabaria enviando uma carta pra ela sem saber, vocês se encontrariam, se beijariam e se casariam depois disso! — ele animou-se. — Isso parece coisa de filme! — completou.
— Isso parece coisa de maconha. Marshal, o que você andou fumando? — os outros três amigos apenas o encaravam de olhos arregalados, tentando digerir a tagarelice do rapaz. Josh não conseguia imaginar que realmente existia alguém com uma mente fértil assim no seu círculo de amizades.
— Canela. — Ele respondeu, dando ombros, e depois forçou uma gargalhada histérica. — É forte!
— Certo... — Josh murmurou, sabendo que provavelmente estava traumatizado pelo resto de sua vida. — O que eu faço?
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Querido Estranho
Romance"Querido estranho, É, você não me conhece e ainda assim está recebendo uma carta de mim. Quem será que sou eu? Uma garota louca? Uma psicótica? Não se preocupe. Não sou traficante de órgãos e isso definitivamente não é um pedido para que você venha...