6- Ar Puro

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(...)

A escuridão me consumia, cada vez mais e mais.

(...)

Pensamentos suicidas vinham a minha cabeça, pena que as únicas opções eram lentas e dolorosas, como ficar sem comer ou bater minha cabeça na parede até racha-lá, poderia arrancar um pedaço fino da cama e cortar meu pulso verticalmente, mas eu mal havia forçar para me levantar, dizer quebrar a cama.

Meus olhos já estão acostumados a escuridão, as vezes sinto umas coisas esquisitas, uns arrepios, como se existisse mais alguém ali, alguém me vigiando.

As vezes ouço vozes, mas eram apenas as malditas vozes que me fazem fazer coisas que não quero.

As vezes essas vozes são tão irritantes que chego a bater a cabeça na parede para que elas parassem, mas era inútil.

E como consequência de ficar batendo minha cabeça na parede vinham as grandes dores, dores insuportáveis, dores que me faziam colocar a ideia de suicídio no topo da lista.

(...)

Nem imagino quanto tempo estou aqui.

Eu quero ser livre novamente.

Por favor.

(...)

Ouço um barulho que eu só escutei quando cheguei aqui, quando me prenderam aqui.

Portas se abrindo, era esse o barulho. Várias portas se abriam, uma de cada vez, até que a minha porta se abriu.

Ela se abriu.

Era possível? Não sei.

Mas a minha felicidade era tanta que não tive tempo de ficar parado e ficar questionando se aquilo era real ou não.

A luz que vinha do corredor não era tão forte mas ainda sim me fez ficar um pouco cego momentaneamente.

Reúno todas as minhas forças para conseguir ficar de pé, me levanto e minhas pernas ficam bambas o que fez ir ao chão em um baque.

Mas ainda sim reúno todas as minhas forças, me apoio na cama e me levanto, fico um tempo tentando acostumar minhas pernas novamente, mas a minha vontade de sair dali era maior do que tudo e então fui me apoiando na parede até finalmente conseguir sair.

Fora da solitária não havia mais nada além de extenso corredor com outras solitárias, paredes extremamente grossas as separavam uma da outra e a solitária ao meu lado estava vazia.

Rimo nunca existira, era tudo uma peça da minha cabeça que queria tanto uma companhia que acabou criando uma imaginária.

Mesmo que tivesse alguém na solitária ao meu lado não daria para escutar, as grossas paredes não deixariam.

Vou me segurando na parede, passando por várias e várias solitárias, algumas estavam vazias, mas a maioria tinha alguém, e eles estavam iguais a mim, conversando ou gritando com seja lá quem fosse.

Vou seguindo até o final do corredor onde havia uma espessa porta de aço, ela se abre e eu a adentro.

Adentro em um grande salão abandonado, com várias medas e cadeiras quebradas, o lugar estava relativamente escuro, com apenas duas lâmpadas na direita e na esquerda do salão.

Passo o salão me apoiando nas mesas, minha perna ainda tremia muito.

Subo uma lance de escada que havia no final do salão, não era tão grande mas me fez chegar em cima ofegante e com o coração acelerado graças as minhas condições.

Passo mais um longo corredor, longo e estreito, não havia portas e nem sequer uma janela, eu ainda não sabia se era dia ou noite.

No final do corredor havia outra porta espessa, ela se abre também, a adentro.

Outro corredor, agora maior e tinha celas com grades dos dois lados do corredor, em todos havia alguém.

Vou me apoiando nas grandes e vendo as pessoas que estavam presas lá dentro.

Era bizarro, tinha gente sem os olhos, eram costurado. Tinha gente sem o nariz, sem a boca, eram costurado também. Era bizarro e perturbador.

Vou chegando ao final, e quando me apoio em uma grande alguém puxa meu braço direito para dentro com toda a força, por um momento achei que ele ia me desmembrar de tanta força que fez, mas eu consigo me puxar de volta e vou ao chão, caindo em cima de meu braço esquerdo.

Agora ficara mais difícil de eu me levantar, com um braço extremamente dolorido, teria que fazer força em só um braço.

Respiro fundo e junto minhas forças para conseguir me levantar.

Foi difícil, mas consegui.

Sigo até a porta no final do corredor, sorte que não estava longe, e a abro.

Eu ria, e ria muito alto, ria como se eu tivesse ganhado na loteria e não precisasse nunca mais trabalhar na minha vida.

Eu estava no lado de fora.

Estava de dia e demorou um pouco de tempo até eu me acostumar, mas isso era de menos, afinal eu estava livre.

- Finalmente ar puro - digo inspirando lentamente aquele ar úmido e frio.

Eu estava em uma floresta e estava com névoas dificultando eu enxergar longe.

Ando por entre as árvores, inspirando e expirando lentamente, aproveitando o máximo daquele momento maravilhoso.

Me deito na grama por um momento e fico olhando o céu, que estava com bastante nuvens, escondendo o sol.

E durmo ali mesmo.

(...)

Acordo com os meus cabelos compridos cheios de folhas e mato, ainda estava de dia e a névoa continuava na mesma densidade.

Me levanto com bastante dificuldade e ainda é continuo a caminhar pela densa floresta. Tinha árvores com troncos grossos mas não tão altos, árvores com troncos finos e altos, árvores grades com tronco grandes e enfim...

Vários tipos de árvores.

Continuo caminhando até ver um vulto passando muito perto de mim, em instinto do um passo para trás e sinto um dedo me cutucando nas costas. Me viro rapidamente mas não havia ninguém ali, logo sinto outra cutucada nas costas e me viro novamente, só que agora havia alguém ali.

O meu assassinato de número... Não sei qual, foram tantos que eu perdera até as contas.

Ele faz o gesto de pare com a palma da mão, do outro passo para trás.

- Aproveitou bastante o ar puro? - Ele disse.

Com os olhos arregalados o fito de cima a baixo, com os mesmo ferimentos de meu primeiro assassinato, ma... e minha mulher.

Do outro passo para trás e esbarro em alguém, me viro rapidamente, era meu outro assassinato.

De repente me vejo no meio de um círculo constituída por todas as pessoas que eu matei, e todas elas faziam os mesmos gesto, o pare com a palma da mão.

- Achou que ia escapar tão fácil assim? Não, não, não - todos eles disseram em uníssono.

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